Conheça a história do jovem Wellison, que fez do esporte sua força!
O lutador de Muay Thai, Wellison dos Santos da Paz, ganhou uma bolsa de incentivo para treinar na academia TEAM Nogueira Santo André, rede de franquia dos irmãos Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro, lendas do MMA (Mixed Martial Arts) mundial. Está oportunidade lhe foi concedida para vencer mais um adversário, a Esclerose Múltipla (EM) e para garantir que seu sonho se torne realidade, que a doença seja apenas mais um desafio vencido.
O encontro de Wellison com a EM foi aos 23 anos. O primeiro sintoma foi uma leve tontura, que ficava mais forte ao longo dos dias. “Fui a uma clínica e o médico me receitou um remédio para labirintite, mas não adiantou. Na madrugada seguinte, a tontura estava tão forte que cai e fui parar no pronto-socorro.” Após o episódio, chegou a passar cinco dias internado em um hospital da região de Guaianazes, em São Paulo. Fez diversos exames, como a tomografia, que não revelou nenhum problema aparente.
Foi durante esse período, que Wellison descobriu a luta. “Eu não sabia ainda o que tinha, mas estava muito estressado. A luta foi, para mim, uma forma que encontrei para aliviar a tensão”. Durante um ano, dividiu parte do seu tempo entre os treinos de Kick Boxing (arte marcial baseada em chutes e socos), e as diversas idas ao médico. O diagnóstico veio somente após o segundo surto, quando Wellison já havia completado 24 anos.
Na Esclerose Múltipla, o surto significa que, durante certo período, os sintomas da doença se manifestam de forma mais acentuada, podendo ou não, deixar sequelas. A tontura que Wellison sentiu, um ano atrás, representou o seu primeiro surto. Meses depois, ela voltou seguida de problemas na visão.
A EM é uma doença neurológica autoimune que não tem cura e pode causar, entre outros, problemas na capacidade motora e cognitiva nos pacientes. Alguns dos sintomas mais comuns são: fadiga, perda de equilíbrio, transtornos visuais (visão embaçada e visão dupla), e perda de memória.
Ainda que receber o diagnóstico tenha sido complicado, Wellison não desistiu daquilo que mais lhe fazia bem: lutar. “A adaptação não foi fácil, tive que aprender a conhecer o meu corpo, até pegar o ritmo. Hoje, o que o corpo pede, eu respondo”, diz.
A neurologista da ABEM, Dra. Maria Cristina Giacomo, diz que a prática de um esporte de forma contínua, traz equilíbrio físico e mental para os pacientes. “Atividades físicas funcionam como instrumentos que liberam neurotransmissores responsáveis por estabelecer o bem-estar”. Segundo a Dra. Maria Cristina, o preparo físico também pode ser utilizado no auxílio no tratamento de sintomas frequentes em pacientes com EM, como a fadiga. “Atividades cognitivas, como a concentração, também podem se beneficiar com o esporte”, diz.
Além dos benefícios para a saúde do corpo, o esporte também tem uma grande importância na saúde mental de um paciente. Ana Maria Canzonieri, psicóloga da ABEM, diz que “além da relação com o esporte e suas demandas vindas das vitórias ou derrotas, a pessoa com necessidades especiais que se torna atleta (APNE) tem que vencer em primeiro lugar a autoestima rebaixada, a discriminação e o preconceito, numa sociedade separatista entre certo e errado, excludente entre normal e não normal”.
Para Ana Maria, as atividades esportistas estão se diferenciando pela inclusão dessas pessoas, diminuindo assim as diferenças. “O esporte proporciona ao atleta deficiente físico ou com limitações, a integração social, autonomia, regras e melhora cognitiva como concentração, atenção, memória e coordenação”, completa.
Com a parceria entre a ABEM e a academia TEAM Nogueira Santo André nasce o patrocínio para o Wellison, que nos diz que – “Um dos objetivos que tenho também é divulgar a Esclerose Múltipla no Brasil”.
Hoje, com 27 anos, Wellison trocou o Kick Boxing pelo Muay Thai e não deixa a EM ficar em seu caminho. “O maior desafio mesmo foi fazer a família aceitar que eu poderia continuar lutando mesmo tendo a doença, que bastava respeitar os meus limites”. Quanto ao seu futuro no esporte, ele sonha alto. “Quero disputar o K1, que é um dos torneios mais importantes de Muay Thai no mundo”.
Por Carla Melo