Estamos vivenciando uma fase muito difícil e aparentemente interminável de isolamento social causada pela Covid-19, motivo de diversas reflexões sobre a socialização e consequentemente sobre nós mesmos: Por que sentimos falta da socialização? Por que precisamos estar em contato com outras pessoas? Somos seres sociais?
Estas perguntas tem sido discutidas por diferentes pensadores ao longo da história da humanidade, desde Aristóteles, o qual descrevia o homem como um animal social, passando por inúmeras personalidades tais como Conte, Marx, Engels, Hobbes, Vygotsky, entre outros. No entanto, não estamos aqui para ponderar sobre teorias, mas para fazer uma breve reflexão sobre os sentimentos que nos envolvem neste momento.
Desde o início deste isolamento, temos observado a forte necessidade de estar em contato com outras pessoas. Este fato é recorrente nos relatos não só dos pacientes da ABEM, mas da grande maioria das pessoas que conhecemos ou que têm se expressado nos canais de comunicação. Estudos indicam, neste período, um aumento de vários distúrbios mentais, tais como depressão e ansiedade. Dependendo de cada situação ou de aspectos da personalidade, alguns têm conseguido se adaptar melhor do que outros. A insatisfação altamente declarada, escancara o quanto não podemos ficar isolados.
Os encontros e atendimentos on-line por videochamada surgiram como uma saída para esta dura situação. Imaginem quando há poucos anos nem se podia pensar no uso deste recurso de forma abrangente? Obviamente, é impossível darmos um abraço real pelas ondas da internet, mas podemos sim estabelecer uma relação, principalmente se já houver um vínculo, seja pessoal ou profissional. Embora haja limitações, é possível interagir, trocar ideias, olhares e sentimentos.
Quando tudo isso passar, não podemos nos esquecer do que estamos vivendo. A importância da nossa conexão com as pessoas não pode ser banalizada. Quando tudo isso passar, que todas estas perguntas e reflexões permaneçam e sejam expressadas em ações. Não quisemos discutir aqui sobre sermos seres sociais ou não. Sentimo-nos à vontade, porém, de afirmar que precisamos estar em contato com o outro, que gostamos de conversar, dar risadas, se emocionar e abraçar, pois neste momento acontece a magia do encontro, inexplicável, inexorável e necessário; é quando nos reconhecemos simplesmente como seres humanos!
Equipe de Psicologia da Abem