Muitas vezes sinto que ando para trás, como se fosse retrocedendo na minha jornada, na vida. Comecei a pensar o porquê disso e cheguei a uma conclusão: as coisas que vão e voltam, certamente, ainda não estão resolvidas, portanto, ainda não fazem parte do passado.
Então o remédio é resolvê-las, mesmo não sendo tão fáceis. As dificuldades e obstáculos que encontramos em nosso caminho sempre são oportunidades para melhorarmos e crescermos.
Estou vivendo com os meus pais, minhas irmãs e minha filha, enfim, família. Sempre encarei esta situação como provisória e tenho a sensação de que a qualquer momento devo sair de casa.
Morei casada e sozinha, fora da casa da família, por quinze anos. Voltei para casa numa situação adversa, não estava bem, Por conta da esclerose múltipla tinha desmaios e sonambulismo constantemente, além de estar passando muito mal com a aplicação da medicação Rebif44.
Já faz tempo, cerca de dez anos, que isso aconteceu, portanto há quase dez anos voltei para casa. Mesmo assim, não me sinto em casa. Por isso estou empenhada em resolver esta questão.
Depois de tanto tempo e dos acontecimentos dos últimos anos, concluo que o melhor que poderia me acontecer, realmente aconteceu. Estou em casa. Desfruto da companhia dos meus pais, da minha filha e das minhas irmãs.
Não adianta olhar para trás e olhar com saudosismo a época em que morava só, como se esta situação fosse a ideal sempre. Hoje compreendo que preciso aceitar que a situação mudou: sou mãe e tenho esclerose múltipla.
Tenho que admitir que a patologia me trouxe limitações, primeiro a bengala, agora o andador, o fato de não poder dirigir, por conta de uma lesão no nervo ótico, que reduziu a visão periférica,
Por que lutar contra os fatos? Tenho de procurar ser feliz com o que tenho, sem ilusões e sonhos inatingíveis, pelo menos por hora.
As frustrações que experimentei até aqui não podem me pautar, não podem ocupar minha mente, minha vida. O que passou passou, não é assim?
Deixar no passado o que é do passado e viver com alegria o presente. Derrotar os fantasmas e ficar bem. Esse é o meu objetivo.
“Sempre em frente, não temos tempo a perder…”, como diz canção. Feito essa reflexão, penso no que conquistei e o que tenho e como devo ser feliz com isso.