“Só damos ou ofertamos aquilo que temos”. Creio que a maioria de nós já ouviu esta frase em algum momento da vida. Isso tem haver com expectativas e perspectivas. Por vezes criamos a ilusão em relação a coisas e pessoas e depois nos decepcionamos com aquela situação ou pessoa. Na verdade esperamos receber algo que não poderia nos ser dado naquela situação ou por aquela pessoa.
Aguardamos reciprocidade de tudo e todos, isso por vezes nos machuca, nos magoa. Muitas vezes nos empenhamos e nos doamos num relacionamento amoroso, que a princípio pode até ser correspondido, mas com o tempo o outro acaba se mostrando mais e aí vem a decepção, nos damos conta de que não era nada daquilo que pensávamos.
Assim também ocorre com outras situações, COMO por exemplo, quando temos alguma dificuldade de mobilidade, motora, cognitiva, visual ou auditiva. Muitas vezes culpamos os outros por não compreenderem ou não aceitarem as diferenças que estão aí na sociedade, no nosso dia-a-dia.
Vamos pensar: será que a reação ou ação daquela ou daquelas pessoas é pura maldade ou apenas ignorância, não saber não entender o que de fato ocorre com a pessoa que está naquela numa situação diferente.
Cabe a nós ensinar e fazer com que o outro nos entenda ou pelo menos mude o olhar para conosco para com a situação colocada.
Muitas vezes tenho dificuldade em embarcar no ônibus, pois o operador do coletivo não entende por que preciso de ajuda se estou em pé, e normalmente pergunta para que serve “o carrinho”, o andador que uso para me locomover. Confesso que já fiquei ofendida, chateada e respondi mal a aquele que estava me questionando. Com o tempo percebi que o fato de as pessoas questionarem ou até tratarem com indiferença, não é necessariamente culpa delas, é na verdade falta de conhecimento, ignorância.
Vamos refletir: não cabe a nós também termos um olhar de compaixão e de amor para com o outro e explicar-lhe qual é a situação, porque daquele aparelho e qual a sua necessidade.
Ninguém nasce ou vem para este mundo sabendo tudo, mas todos temos a capacidade de apreender e compreender. Então porque não tentar ensinar ou orientar aquela pessoa. Quem sabe e tem alguma condição diferente especial, tem uma valiosa oportunidade de contribuir para que o outro tenha conhecimento e discernimento daquele situação.
Só podemos dar e o que temos, ninguém pode e consegue dar ou ofertar aquilo que não tem.
Proponho que sempre façamos esta reflexão e que criemos uma cultura de amor e compreensão. O rompimento de barreiras e preconceitos depende muito de nós, que muitas vezes nos consideramos ofendidos e fracos, diante de algumas situações.
Entendamos também as dificuldades e limitações dos outros, o fato é que todos nós as temos, mas com conhecimento, respeito e amor podemos mudar situações, que por vezes, parecem difíceis e sem solução.
Que consigamos ofertar e dar mais, para que assim também possamos receber, isto é reciprocidade e principalmente respeito.