Nossos primeiros passos. Quando aprendemos a andar, sempre tem alguém por trás de nossos movimentos ainda cambaleantes, mas com um sorriso no rosto, existe sempre alguém do outro lado esperando para pegar você. Lembro sempre com alegria de ver minha irmã dar seus primeiros passos e foi comigo na casa de uns amigos de meus pais. Nunca me esqueci daquela cena. Eu tinha apenas 9 anos mas sabia como aquele momento seria muito importante para ela, ela ria muito, mesmo com receio.
Apesar de sempre conviver em grandes metrópoles, viajar para vários lugares, ver o mundo por ai; grandes aventuras, grandes travessias e altas montanhas sempre prestei atenção em movimentos únicos e naqueles menores, quando focamos para uma determinada situação, algum objeto, uma conversa ou um olhar apenas. Mesmo que nunca mais seja visto, um nascer do sol ou um céu estrelado tocando o vazio.
A partir desse movimento é que percebo como será a história daquele momento. Aonde meu espírito correrá para mais além ou apenas ficará preso naquele instante, se ele será compartilhado para o mundo, apenas com uma pessoa ou simplesmente meu e intransferível. Um pequeno movimento pode mudar toda uma história ou simplesmente deixa-la como imaginou. Podemos agir antes da hora ou deixar que uma oportunidade passe. Quando andamos devagar notamos a firmeza de nossos passos, sabemos que nesses pequenos movimentos estamos tomando decisões importantes. E tem uma passagem minha que compartilho com vocês sobre a EM.
Logo após o diagnóstico, precisei aprender novamente alguns movimentos e voltar a conviver com situações que tinha todos os dias, antes do surto que me levou a ficar alguns dias no hospital. Quando passei pela porta do hospital e recebi alta, senti o calor do sol bater em meu rosto. Voltei meu olhar para a porta e me despedi com um aceno e um sorriso de obrigado ao pessoal que cuidou de mim que foi até a porta. Meus passos até o carro foram firmes, era uma distância pequena, mas eu estava feliz em estar ali. Depois foi dirigir novamente, ir ao trabalho, voltar aos amigos, a uma rotina normal. Mas meu mundo estava diferente. Tudo estava sendo feito como se fosse à primeira vez. Eu que já prestava atenção em tudo, acabei percebendo que tudo ficou mais perceptível, todo pequeno movimento era na verdade maior do que podia imaginar. Meu braço direito que havia perdido a força totalmente, já conseguia segurar uma caneta e poder escrever, dar um nó em uma gravata para ir trabalhar, minhas pernas que ficaram fracas, estavam mais fortes, enraizadas na minha alma, meu olhar para o mundo se tornou muito mais humano e compreensível. Então nesses anos que se passaram até os dias de hoje, uma escalada que eu faça um passo de dança, um arremesso em um jogo, um trabalho, um pensamento, uma conversa, uma atitude, um olhar, sempre começa com um pequeno movimento, um pensamento simples, mas que vai me levar sempre a encontrar forças para sair de uma situação desfavorável ou a me levar a novos desafios. Como nos primeiros passos da minha irmã, sei que lá na frente sempre vai estar alguém que eu possa confiar ou ajudar, pois meus pequenos movimentos me fazem despertar para um movimento ainda maior continuando e procurando um sentido para tudo. Você já fez o seu? Pense nisso porque sei que dentro de você, coragem nunca faltará você já fez isso um dia, já soube dar os primeiros passos, continue, acredite. GOOD VIBES