Não poderia deixar de falar de …
Além da tragédia humana e o drama das famílias, a superexploração pelos noticiários.
Além da culpa nas mais diferentes esferas de: indivíduos, empresa, governos.
Gostaria de falar sobre um prejuízo maior: o do meio ambiente, talvez com consequências menores que em Mariana, um desastre ambiental que destruiu milhões de anos de evolução, representados pelos seres vivos : plantas e animais.
O rio está morto, sem oxigênio, e era imensamente piscoso. Azar dos pescadores. Azar nosso. Metade de Belo Horizonte recebia água do Paraopeba, agora nem pensar, ainda bem que existem outras fontes. É o São Francisco será que receberá rejeitos? Oxalá, não.
O resíduo, da pedra itabirito e hematita, ambos minérios de ferro foi acumulado numa barragem de alteamento montante; opção mais barata e menos segura.
Será que valeu a pena? O mais barato pode sair mais caro.
Um poeta profetizou problema: homem é feito de ferro e havia uma pedra no caminho.
A água chora barrenta e poluída.
Quanto demorará a consertar isso?
Não consigo fazer uma previsão, mas levará muito tempo.
Vocês conseguem perceber a efemeridade do acidente e a permanência do desastre?
Pouco tempo para ocorrer, muito tempo para recuperar, o que há para recuperar, muitas coisas não são recuperáveis.
Trocamos o sustentável pelo econômico?
O econômico passa na frente da sobrevivência dele mesmo, da sustentabilidade, o sustentável é feito de escolhas.
Assim como o rio passa uma única vez num lugar, a lama passou uma única vez e deixou seu rastro.
O barro que seca a vida, destrói a construção humana, tudo porque alguém não previu. Ou se previu, não preveniu. E a natureza chora lá fora.
Não adianta sonhar com uma reforma da natureza ou com a colonização da galáxia. Só o reconhecimento do caráter frágil e único da biosfera terrestre saciará a fome humana por um sentido da vida.
Edward O. Wilson