Meio Termo

Posso ser considerada reacionária mas é apenas uma reflexão.

Eu tive uma educação conteudista, cheia de leituras e memorização. Confesso, há  um monte de conteúdos que não usei e nem usarei. Mas não consigo, pensar como pessoa, sem eles.

Não é por isso que defendo uma educação só conteudista. Sou fruto de uma faculdade que me ensinou que a educação deve ser interativa e investigativa, que faça sentido pessoal e social.

Acho que devemos ser ” nem tanto ao mar nem tanto á terra”; como podemos investigar , se não houver conteúdo para investigar.

Como assim? Investigar é relacionar, comparar analisar. Mas o que? Qual o objeto do pensamento? Onde está a informação? Aí, se contextualiza o conteúdo.

Precisamos de tendências para  dar significado ao aprender.

Se não tivesse decorado os metais alcalinos e alcalinos terrosos, não conseguiria situar o sódio e o magnésio em suas características e funções; ou se não tivesse lido e resumido  Dom  Casmurro, como saberia dos olhos de ressaca de Capitu?

Como poderia saber que tenho duvidas comuns, aos antigos filósofos Sócrates e Aristóteles ? Como saber o que é sofisma?

Como fazer contas de cabeça? Sem decorar a tabuada? Eu sei que  o celular, computador faz , esclarece tudo isso; numa velocidade muito maior que você faz ou acessa a informação. Mas você nem cogita, ficar um dia sem acesso ao virtual? Sem energia elétrica para ligar aparelhos e carregar baterias. Se você estiver sem isso, você para? Sua vida estaciona?

Se pecamos pelo conteudismo também pecamos pelo excesso de ideias sem conteúdo, análises superficiais e banais. Como fazer uma escola que saiba o que ensinar? O mundo com a inteligência artificial e novas relações de trabalho requer novas competências; saber trabalhar em grupo e resolver problemas conjuntamente, lidar com tecnologias e um novo mercado de trabalho.

As polarizações são o erro da nossa época. Quase sem querer fazemos isso. É o compartilhamento de nossa condição humana, mas não se engane somos fruto da nossa escolha.

 

“A cultura não evita que a gente tome as piores decisões. A cultura apenas garante que, seja qual for a escolha, ela será intensa, parte de uma vida levada a sério.”

 

.  “Lá Meglio Giovaentú.” Contardo Calligaris – 06/02/2020