Ontem participei de um evento de confraternização. Estava com o meu fiel escudeiro: o “andador”. Ao final da palestra e depois das mensagens carinhosas de fim de ano, todos os participantes foram convidados a se servirem das gostosuras que estavam à mesa coffee break.
As pessoas se aglomeraram em frente à mesa onde estavam os quitutes. Com isso não consegui chegar à mesa, fiquei um pouco distante sem conseguir saborear as delícias e nem pegar um copo de refrigerante ou suco.
Fiquei observando as pessoas comendo e conversando. Percebi que grande parte das pessoas passavam por mim, sem sequer me cumprimentar. Eu estava invisível…
É isso mesmo parece que fiquei invisível. As pessoas começaram a circular, alguns foram embora, O fato é que só consegui me aproximar da mesa, quando a maioria dos salgados e doces já tinham acabado.
Fiquei refletindo sobre a questão. Cheguei a seguinte conclusão: os recintos, em geral, não estão preparados para receberem pessoas com mobilidade reduzida. Claro que isso não é novidade, certamente a maioria das pessoas sabe disso, porém quando uma situação como essa acontece, passa desapercebido pela maioria.
Confesso que quando não precisava de apoio nenhum para caminhar ou ficar em pé, não reparava nessas questões, tampouco enxergava alguém que com dificuldade em se aproximar e se servir.
Quando não temos uma vivência, uma dificuldade motora, não percebemos as dificuldades que alguém nessas condições pode enfrentar.
O mundo, as pessoas e os recintos não estão preparados para receberem pessoas “diferentes”, que na maioria dos casos são excessões, uma vwz que maioria dos cidadãos são “perfeitos” (falam, ouvem, enxergam e andam livremente).
Não quero falar nessa questão para me vitimizar ou vitimizar qualquer pessoa que passe por uma situação similar.
Quero com isso, dizer que cidadãos diferentes dos “perfeitos”, podem e devem participar de toda e qualquer atividade. Se nos escondermos e ficarmos inertes em casa nunca seremos notados e consequentemente não serão feitas as adaptações necessárias para que sejamos incluídos nos eventos, na cidade e na sociedade em geral.
É preciso que vejamos para sermos vistos. Exatamente isso, se não formos vistos, não seremos reconhecidos, nem os outros sentirão a necessidade de se adaptarem.
As pessoas, em geral, não têm o olhar treinado para enxergar o que é diferente. Portanto, não conseguem perceber as dificuldades e apuros que aqueles “ciadãos não tão perfeitos” enfrentam. Essa constatação creio que sirva para todo tipo de deficiência, ou melhor diferença. Final da história: “não devemos deixar de participar as atividades, dos eventos que aparecem na nossa vida porque temos alguma dificuldade. A medida que forem ocorrendo eventos e atividades devemos nos incluir.
Sejamos elementos de inclusão e não de segregação ou exclusão.