Muitas vezes quando estou na rua sozinha andando com o andador, fiel escudeiro e companheiro, as pessoas em volta olham e muitas não entendem. Pensam que é uma cadeira de rodas que estou empurrando, mas como assim em pé empurrando uma cadeira? Pois é, esta é a pergunta que me fazem com frequência. Respondo, explicando isso é um andador com rodas e assento, quando estou parada posso travá-lo e sentar-me para descansar, esperar um ônibus, ficar na fila do banco etc.
Normalmente as pessoas ficam surpresas e aí vem outra pergunta: “você fez alguma cirurgia na coluna?” ou ainda “está com problema no joelho?” obviamente respondo que não, que na verdade tenho Esclerose Múltipla. Mais uma vez causa estranheza essa informação, seguida da expressão: “mas você é tão nova!”
Pois é, a Esclerose Múltipla aparece em adultos jovens, em sua fase mais produtiva. Por essa razão sempre explico a todos que me indagam no que consiste essa patologia.
Esclarecer e falar sobre, é a melhor forma de conscientizar as pessoas e acabar com eventuais preconceitos. Nada adianta ter um Dia Internacional de Conscientização a Esclerose Múltipla e um Dia Nacional de Conscientização, se nós mesmos, afetados pela patologia não falarmos dela e não esclarecermos as pessoas ao nosso redor.
A maior parte das pessoas nunca ouviu falar, tampouco sabe de alguém que está diagnosticado com a patologia. Ainda há muito o que se estudar sobre a Esclerose Múltipla.
Mesmo entre nós não sabemos sobre todas as possibilidades e necessidades. Cada paciente tem seus sintomas e sequelas. É muito particular e peculiar esta situação.
Se é difícil para nós mesmos nos entendermos, imaginem só para as pessoas “normais” que não sofrem com a doença e não conhecem ninguém que lide com ela diariamente.
Estar e ficar bem, dentro daquilo que for possível é o que todos almejamos. Para isso creio que seja imprescindível falar, discutir e se informar sobre a doença.
Percebo que quanto mais vou conhecendo minhas reações e minhas possibilidades, consigo lidar melhor com as situações do dia-a-dia.
Isso é fundamental para nossa qualidade de vida e para a maneira como enfrenta mos as adversidades, os problemas cotidianos.
“Muita calma nessa hora”, é um jargão popular, mas extremante sábio e verdadeiro, com calma nas atitudes e paz no coração conseguiremos ter uma vida melhor e mais feliz.
Tenho uma amiga, uma senhora de mais de setenta anos, que enfrenta a patologia com sabedoria e tranquilidade. A Sra. Neide, voluntária na ABEM – Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, é uma pessoa que apesar de ser cadeirante, mora sozinha, preserva sua independência, levando a vida em paz e exalando amor em suas ações. Uma pessoa com um espírito gigante e uma aura brilhante, colorida e feliz.
Sempre direi isso minha amada amiga: “quando crescer quero ser como a senhora” e mais “a senhora é minha referência, minha “ídala””.
Lutemos sempre, conscientizando as pessoas, exigindo direitos e tratamentos dignos e principalmente vivamos bem e felizes.
Não é um dia no calendário que modifica a situação estabelecida, mas sim nossas atitudes e posturas. Não precisamos ficar reclusos ou escondidos, vamos viver, aparecer, explicar, amar e levar a vida com esperança e alegria sempre.
Sejamos felizes!!!!!!!