Na terça feira passada fui visitar uma amiga doente: minha amiguinha de 90 anos de sabedoria e de luta. Na verdade, conhecia a filha dela , minha amiga de muitos anos; a mãe dela é que é a dona Dodo.
Minha amiga júnior foi minha colega de trabalho, compartilhamos nele, alegrias , tristezas e até algumas fofocas (ninguém é de ferro).
Dona Dodo cuidou dos filhos, sozinha, porque o pai da minha amiga morreu muito cedo. Imagine há quase cinquenta anos atrás, uma mulher se virar sozinha. Trabalhar e sustentar a casa. Acho que veio daí a força de dona Dodo.
Não conheço inteiramente sua estória de vida; sei que foi agente de saúde quando a tuberculose era doença comum; sei também que gosta muito de ler, de pintar telas e tem opiniões firmes sobre diversos assuntos. Não gosta muito de se alimentar, e adorava passear com a Flora, cachorrinha adotada pela filha e, que se tornou neta adotiva.
Bondosa, reparte o que é seu com os menos favorecidos. Sei da sua descendência espanhola o que lhe rende a alcunha de ser muito brava e teimosa (não queria comentar isso, mas eu também sou ).
Tudo isso para contar que não sai com dó ou pena dela depois da visita; tinha só respeito, respeito pela sua idade, por sua estória de vida, pela sua voz ainda altiva, por suas opiniões , por sua fibra de viver.
PS: pessoas assim como eu e ela, damos muito trabalho aos nossos cuidadores e familiares por causa da nossa teimosia, de lutarmos por nossas opiniões. Somos voluntariosos, mas nossa vontade de viver é a única coisa que resta. No final é isso mesmo; para você quebradinho também, depois da notícia má (diagnostico), ressonâncias, exames de liquor, remédios, tratamentos mil, para você não quebradinho , depois de vitórias e derrotas, épocas de tristeza e desilusão, épocas de luz e alegria, No final é isso que resta à nossa fraqueza humana: vontade de viver.
PS2: o que vocês acham ? E se o próximo texto for sobre antibióticos, vocês acham interessante? Será uma semientendida falando, vocês topam?