Fazer um check-up anual do cérebro, como hoje se faz do coração é o que neurologistas e pesquisadores estão recomendando. Eles vêm desenvolvendo testes, a fim de proteger a saúde cerebral e preservar suas funções.
Desenvolvida em centros de pesquisa e universidades dos EUA e da Austrália, essa nova abordagem começa a se disseminar pelo mundo, inclusive no Brasil.
Estudos indicam que pessoas com maior poupança cognitiva contornam melhor suas deficiências, segundo artigo publicado na revista “Neurobiology”. De acordo com a revista, uma investigação de cientistas americanos, italianos e sérvios ligados à Fundação Kessler concluiu que a existência de uma reserva mais robusta cria maior resistência à progressão das perdas cognitivas até mesmo em pacientes com doenças degenerativas, como a esclerose múltipla.
No laboratório do neurocientista Michael Collins, da Universidade de Pittsburgh (EUA), concentra-se a vanguarda dos estudos e tratamentos da concussão cerebral, o trauma provocado por choques ou pancadas que causam impacto na cabeça. Suas pesquisas mostram que resultados normais dos exames de imagem não são suficientes para descartar uma avaliação das funções cerebrais de pessoas que bateram a cabeça. “Treinamentos específicos melhoram esse quadro”, assegura Collins.
No Brasil, aumentar o acesso ao diagnóstico é uma das prioridades, já que apenas 11% das pessoas com a doença de Alzheimer estão em tratamento e estima-se que 90% dos pacientes não tenham diagnóstico.
A doença de Alzheimer acomete aproximadamente de 50% a 60% da população idosa mundial e é a causa mais comum de perda de memória. De acordo com a ONU, 75% dos doentes desconhecem que sofrem do mal. A família, as vezes, é a última a perceber que aquele simples esquecimento, no idoso, é um sintoma. Atualmente, não há um diagnóstico definitivo, apenas um diagnóstico de exclusão
Matéria publicada na revista “Nature” mostrou a eficiência de um jogo desenvolvido pela Universidade da Califórnia, o Neuro Racer, que é utilizado para incentivar a capacidade de executar diversas tarefas ao mesmo tempo. Um estudo feito com 40 pessoas com idade entre 60 e 85 anos mostrou que a aplicação personalizada de um videogame pode ser usada para investigar as habilidades cerebrais e, ao mesmo tempo, como ferramenta para melhoria cognitiva. No jogo o jogador pilota um carro por uma região montanhosa por meio de um joystick, ao mesmo tempo é instruído a apertar um botão apenas quando um sinal específico aparecer na tela.
O cérebro precisa e merece atençao. Seu desenvolvimento pode proporcional um enorme bem estar e capacidade neurológico para o indivíduo, com o passar dos anos. Exercitar o cérebro e preservar suas funções vem sendo, além de objeto de estudo, objeto de desejo.
*André Gustavo Lima é neurologista, membro da Academia Brasileira de Neurologia e Diretor da Neurovida Cuidados Médicos.
Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2015/07/23/como-anda-o-seu-cerebro/