Serenar

“Tem dia que parece noite” – quem já não ouviu ou disse essa expressão. Existem dias que as coisas simplesmente não acontecem, ou acontece exatamente o contrário do que você planejou. É amigos esta é a vida altos e baixos, uma montanha russa de emoções e acontecimentos. Desesperar e desistir não são opções válidas… não mesmo. Então o que fazer? Parar respirar fundo, contar até dez, orar, meditar… qualquer dessas alternativas são válidas. Quando estamos no centro do problema muitas vezes não conseguimos encontrar a saída, porém quando paramos e nos afastamos um pouco conseguimos enxergar melhor as possibilidades e alternativas que temos. Façamos um exercício simples, sentados, para não corrermos nenhum risco desnecessário, coloquemos o dedo indicador direito na posição vertical na ponta do nariz, fazendo uma pequena pressão, sentiremos um pequeno incômodo, daí vamos afastando o dedo na mesma direção até que possamos visualizá-lo sem ficarmos estrábicos. Notaremos que conseguiremos olhar para o dedo e visualizá-lo de todos os ângulos, desde a ponta até a base e assim veremos o dedo por completo. Normalmente os problemas são assim quando estamos neles ou eles grudados a nós não conseguimos olhá-lo completamente, e fatalmente não conseguiremos pensar numa solução, tampouco “respirar”, sentiremos como se estivéssemos sufocados. Nessas horas o melhor a fazer é parar, olhar ao redor, serenar os ânimos, “esfriar a cabeça”. Como? Cada um de nós tem uma receita, uma dica, para conseguir colocar as coisas sob conrole. O segredo, ou melhor a atitude é serenar, acalmar, manter a cabeça no lugar, não mergulhar nas dúvidas e aflições desmedidas. Serenar, segundo o dicionário quer dizer: acalmar, pacificar, bem como tornar sereno, refrescar e cair o sereno. Diante dessas possibilidades uma boa saída às vezes é tomar um simples banho. Lavar o corpo e lavar a alma. Sentir-se renovado para enfrentar os desafios existentes e os que ainda virão. Vou compartilhar com vocês uma experiência que vivi  esta semana: – estava no ônibus no local destinado à cadeira de rodas, com o meu andador devidamente travado, assento abaixado e com os cintos passados. São três os cintos: um para cada lado com as rodinhas e outro que passa pelo passageiro e o aparelho, como os cintos de segurança que existem nos automóveis, fiz como sempre faço coloquei toda proteção e sentei-me. O ônibus seguiu e ocorreu que os cintos não seguraram o andador e acabei caindo  com ele e tudo, com as quatro rodas para cima no meio do veículo. Ainda bem que não estava de saia ou vestido. Até a  motorista do ônibus parou e veio me acudir toda preocupada. Outros passageiros também me ajudaram. Na hora do ocorrido fiquei morrendo de raiva de tudo aquilo, daquela situação, mas o que fazer? Tinha de continuar a viagem, não tinha chegado ao meu destino. Engoli aquela meia dúzia de palavrões que veio à minha boca, passei a mão pelo corpo, levantei o andador, aceitei a ajuda das pessoas que se preocuparam comigo e continuei. Confesso que por alguns minutos não consegui olhar para o lado, nem no rosto daquelas pessoas que me ajudaram, mas passado o susto consegui olhar as pessoas, agradecê-las, sentar-me, arrumar o andador e continuar com dignidade, sem vergonha e sem melindres. É parece um problema pequeno, mas ilustra como estou encarando as condições que aparecem em minha vida. Mais contida e mais centrada, procuro encarar as dificuldades com serenidade… Serenidade, muita calma nestas horas! É um clichê, mas são palavras sábias. Levar a vida com dignidade, alegria, seriedade, ideais e SERENIDADE! É O QUE ALMEJO, O QUE QUERO, O QUE BUSCO, O QUE DESEJO… VIVER A VIDA!!!

Não há milagre

Amigos (o)s esclerosado(a)s ou não: Venho por meio desta correspondencia avisar que não há “milagre”. Segundo a definição da Wikipédia, a acepção geralmente empregada, milagre ou miráculo (do latim miraculum, do verbo mirare, “maravilhar-se”) é um acontecimento dito extraordinário que, à luz dos sentidos e conhecimentos até então disponíveis, não possuindo explicação científica ainda conhecida, dá-se de forma a sugerir uma violação das leis naturais que regem os fenômenos ordinários Não quero desrespeitar quaisquer religiões; somente queria demonstrar que temos uma noção equivocada de milagre. A humanidade partilha de uma concepção unilateral, vertical e descendente de milagre. Explico.: Achamos que o milagre vai cair do céu. O milagre é algo mais poderoso e envolve fé e crença. Ao invés de ficarmos esperando a sopa cair do céu, vamos providenciar as colheres? O milagre é horizontal porque nós Temos de acreditar; nós com a liberdade que nos é oferecida e com inteligência, temos que procurar os meios para o milagre acontecer, tudo ao alcance humano. Se nós esclerosados ou necessitados (de qualquer coisa , pela nossa humanidade) cruzamos os braços e esperamos a cura cair do céu, não vamos conseguir. Precisamos nos ajudar. Não há milagre puro e simplesmente; procurar os melhores medicamentos e tratamentos, sabendo que: os remédios “sofrem” das limitações da ciência. Procurar estratégias, alternativas de como resolver um problema. Sim, assim se faz um milagre. O milagre é fruto da condição humana de crença e fé. Se a esclerose multipla é incurável , lembremo-nos que este é contexto atual: no futuro pode ser diferente. Os medicamentos serão desenvolvidos no universo da ciência. Se a  EM é incurável para você; pode ser que não seja a doença que te prejudique agora,mas suas sequelas, suas cicatrizes. Tudo se move a partir da fé. Da fé que temos  em Deus, na humanidade e/ ou na ciência. O milagre no sentido literal não existe, mas existe um milagre na crença de tentarmos enquanto humanidade de resolver nossos problemas e percalços.. Eu acredito em milagres, mas eu digo , eles são diferentes , do que hoje pensamos.   DOS MILAGRES   O milagre não é dar vida ao corpo extinto, Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo… Nem mudar água pura em vinho tinto… Milagre é acreditarem nisso tudo!   Mário Quintana

Aprender

A vida é um eterno aprendizado. Estamos constantemente passando por situações novas, até inusitadas. No dia-a-dia, por todos os lugares onde passamos, por onde circulamos, há sempre o que fazer e o que aprender. Aprender ou não depende apenas do nosso interesse e da nossa vontade. Já ouvimos falar várias vezes: “nunca se é tão jovem que não possa ensinar nada aos outros e nunca se é tão velho e experiente que não se possa aprender coisas novas”. Estamos sempre em movmento, fazendo, trabalhando, observando… Aprender algo novo é sempre estimulante e aguça o raciocínio e a imaginação. Imaginação e criatividade são ferramentas importantes na nossa vida, elas nos fazem seguir e avançar na nossa caminhada. Todos nós temos limitações, dores, aflições e problemas, mas todos, sem exceção, somos dotados de criatividade e imaginação suficiente para conseguirmos superar nossos problemas. Sejam eles recorrentes ou novos. Quando era criança ouvia uma música que tinha como refrão: “use a imaginação, use a sua imaginação”, não lembro quem é o autor, tampouco o cantor, mas lembrei dela um dia desses, diante de um problema que me apareceu. Passei por uma situação, no mínimo, vexatória, fiquei nervosa com minha filha no posto de saúde e acabei me descontrolando e urinando nas calças… Olhei ao redor, tinham várias pessoas no recinto e não queria sair simplesmente daquela forma. Então pensei na música, tinha uma pachimina colocada no pescoço, amarrei-a na altura da cintura e tampou a parte mais crítica, saí do local e fui para casa, andei cerca de quatro quarteirões até chegar em casa. Não é nada agradável passar por isso, mas com um pouco de imaginação, consegui sair daquela situação embaraçosa… Pois é, mais um aprendizado: quando precisar sair para algum local que posso passar por nervoso devo usar fralda, não é o melhor dos mundos, mas preserva a roupa, minha dignidade e evita vexames. Porém, quando falo em aprender não quero falar só dessas coisas, que podem parecer corriqueriras, mas falo também em ocupar e exercitar a mente com coisas novas, novos caminhos e interesses. Felizmente, com toda essa evolução digital temos várias possibilidades, como por exemplo fazer cursos on-line à distância, no conforto da nossa casa, mas ao  mesmo tempo, viajando, imaginando e até criando. Não vamos fechar os olhos e ouvidos para as possibilidades que nos cercam, basta identificarmos uma área de interesse e começar a destrinchá-la, desbravá-la. Existem muitas possibilidades e enquanto estamos vivos podemos tudo o quisermos. Como já disse dificuldades existem, bem como limitações, em contrapartida existem a imaginação, a criatividade e a vontade. Sede de saber, sede de viver, não podemos deixar que essas vontades se apaguem em nós, de nossas vidas. Então: “O que temos para aprender hoje?” Não importa o tamanho, nem a profundidade, o que importa é que aprendamos sempre!

Química por toda parte… Até na poesia

Química é um modo de ver o mundo. Tudo é química, assim como os físicos dirão tudo é física. Explico-me, ou pergunto você consegue pensar em algo material que não seja química?  Especialistas vão me criticar, por tentar ludibriar o conceito com o tema, com seu exemplo, com a coisa definida, diria que é um conceito filosófico. Simplificando e não “enrolando”. Olhe ao seu redor. A cadeira, a mesa, o papel da leitura, ou a tela do celular. Todos têm unidades fundamentais, denominados átomos; e as pessoas, animais ou plantas. Todos têm propriedades e estão em continua transformação. Em uma leitura de ficção científica, somos unidades de átomos de carbono, assim como animais e plantas. Coisas vivas tem átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio.   As roupas são formadas de substâncias químicas, os medicamentos; quem nunca tomou uma aspirina? E se resolvemos tomar um banho? O sabonete  é formado por substâncias gordurosas  e outras substâncias como uma base.  A água tão preciosa é uma substância química….. A química inunda não só nossa constituição, mas também a transformação dessas unidades químicas que formam outras substâncias químicas .  O perfume da flor é química.  A comida é química, proteínas, carboidratos e lipídeos. Átomos de carbono, hidrogênio ou oxigênio e nitrogênio. Em quantidades menores: ferro, enxofre. A carne é formada de proteínas, os açúcares e farinas  de carboidratos,  de gorduras. Você come alimentos com química, sim. Todos os alimentos têm química; o que as pessoas querem dizer, é que o  homem adiciona para conservar ou tornar mais atraente os alimentos. Substâncias químicas que não estariam na composição natural: tipo conservante e corante. Por serem muitas vezes sintetizadas pelo homem, deixou-se falar que adicionamos química. Mas o natural é química também. A saúde de nosso corpo é regulada por hormônios: a insulina, o glucagon, a tiroxina, o estradiol e tantos outros. Substâncias químicas, química, química…. Os sentimentos, são mediados por substâncias químicas, os chamados neurotransmissores: serotonina por exemplo. Se você está triste, culpa da química também.  Defensivos  e inseticidas são química. Mas existem os naturais e os sintetizados pelo homem; os artificiais. Tintas coloridas são química, podem ser naturais e artificiais  e a beleza das pinturas também é química. Não podia deixar de falar, nesses dias  que passamos tão apurados  com a greve dos caminhoneiros ; os combustíveis são substâncias químicas. A química é um jeito de ver o mundo na sua composição e transformação. Tudo é química, reações  acontecem…. Química é uma visão do mundo em constante transformação…   Química  Sublimemos, amor. Assim as flores  No jardim não morreram se o perfume  No cristal da essência se defende.  Passemos nós as provas, os ardores:  Não caldeiam instintos sem o lume  Nem o secreto aroma que rescende. José Saramago

Gratidão

Queria te dar um presente, mas não há presente que represente minha gratidão: deixei de “quebrar” a cabeça. Gratidão  é minha desculpa. Seu profissionalismo cuidou de mim muitas vezes, posso agradecer a Deus, mas você também merece gratidão. Seus nomes não serão suficientemente elogiados. O senhor José, simpático, falante , de” boa” com seu serviço,  vai dirigindo, nas ruas esburacadas paulistanas, mas devagar, para que a van não balance tanto e os cadeirantes não sintam tanta emoção. Simples seu José, e/ou Marisa, nos proporcionam um direito que nos acalma: o da mobilidade, na sua profissão tão humanos. Minha gratidão a esses anônimos motoristas que nos levam onde precisamos. Agradecer aos profissionais da saúde que nos acolhem em suas salas  e ”quebram” a cabeça para nos salvar da dor . Amigos e família: não podemos agradecer, apenas amá-los Tantas pessoas a quem temos de agradecer e na roda da vida cotidiana somos atropelados por afazeres e esquecemos a gratidão. Que posso te ofertar? Uma flor, um vinho estrangeiro caro, bombons, Ou  a simples palavra obrigada. Eu posso te dar um sorriso, mas ele é antigo e dependente do bom humor. Posso te dar um bom dia silencioso, um abraço de paz. Não posso te dar o sol ou a lua ou a visão de um dia ou noite bonitas. Eu lhe peço silêncio no meu agradecimento: não diga nada, esse é seu momento: curta minha gratidão. Só quero dizer obrigada Espero que o autor. Machado de Assis tenha razão: “A gratidão de quem recebe um benefício é sempre menor que o prazer daquele de quem o faz.” Sinto-me tão pequena e cheia de gratidão., esse é meu consolo. A verdade é insuportável…

Mudanças

O mundo está sempre em movimento. “Tudo munda o tempo todo no mundo”, como diria Lulu Santos. A vida proporciona mudanças sempre. É por conta disso que sempre precisamos nos reinventar. Podem existir mudanças físicas, tanto do nosso corpo, como do ambiente, da sociedade. Para acompanharmos e nos adaptarmos às mudanças precisamos estar abertos, receptivos, e mais que isso precisamos ter lucidez para incorporar, solucionar ou contornar situações adversas. A nossa mente não para nunca, mesmo que nosso corpo não demonstre agilidade ou flexibilidade para execução de algumas tarefas, ainda assim nossa mente não para, sempre trabalha. Mudanças são como ondas, elas vem e alteram o ambiente, os movimentos, depois dela a vida continua a fluir, mas de maneira diferente. A onda vem chacoalha as estruturas, desarruma a casa os pensamentos e os caminhos. Entender que as mudanças, os movimentos servem para nos tirar da nossa zona de conforto, proporcionando-nos pensar diferente, inventar e sonhar. A vida, as mudanças que ela sempre nos traz tem o condão de nos desafiar e nos instigar. Sobreviver sempre será possível, basta força e vontade. Claro que dizer e escrever é muito mais simples, sei bem disso. Passar pelas turbulências que chegam para nossa vida é difícil, muitas vezes pode levar um tempo maior que pensamos ou que queremos. Aí sem a ansiedade, as dúvidas e os medos. O tempo, que não para, nos proporciona desafios e sempre situações inusitadas e diferentes do que vivemos até então. Temos de ter em mente que todos somos diferentes, temos necessidades diferentes e logicamente resolvemos nossos problemas e dificuldades diferentemente. Escrevi tudo isso hoje no intuito de instigar as mentes dos amigos e fazer com que possamos passar pelas adversidades e perdas que a vida nos proporciona. Pessoas vêm e vão todo tempo, os pensamentos também. A Vida está sempre em mutação. Que bom que isso acontece, assim temos a oportunidade de nos mover, nos reinventar, amar, sorrir, chorar, sentir o coração bater mais forte em diversas situações e por pessoas e motivos diferentes. Sobreviver é preciso, mas viver é sempre bom e emocionante. Os obstáculos estão aí e conforme mudamos eles mudam também. A certeza que temos é que tudo o que passamos serve para o nosso próprio crescimento, para sermos melhores…

MS publica atualização do PCDT de Esclerose Múltipla

Publicado: Segunda, 09 de Abril de 2018, 17h37 Última atualização em Segunda, 09 de Abril de 2018, 17h46 Acessos: 163 O Ministério da Saúde tornou pública nesta sexta-feira, 06 de abril, a portaria de atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. A recomendação da Conitec levou em consideração a eficácia e segurança dos medicamentos incorporados. Cabe ressaltar que os medicamentos são administrados por via oral, o que possibilita maior comodidade aos pacientes. Da Doença A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune, que acomete o sistema nervoso central provocando dificuldades motoras e sensoriais. Apesar dos diversos estudos científicos, as causas da esclerose ainda são desconhecidas. No entanto, sabe-se que a doença afeta, normalmente, adultos entre 18 e 55 anos de idade e é mais recorrente em mulheres. No Brasil, de acordo com os dados apresentados pelo grupo elaborador do protocolo, sua taxa de prevalência é de aproximadamente 15 casos por cada 100.000 habitantes. O PCDT e as novas tecnologias A terifluromida é um agente imunomodulador e anti-inflamatório que atua no bloqueio da proliferação de linfócitos ativados, diminuindo a inflamação e o dano causado à mielina no sistema nervoso central. Já o fumarato de dimetila atua regulando positivamente os genes antioxidantes dependentes de Nrf2. O diagnóstico da EM é feito com base em critérios específicos, o exame de ressonância magnética (RM) do encéfalo é fundamental e demonstrará lesões características da desmielinização. Ainda devem ser realizados alguns exames laboratoriais (exames de anti-HIV e VDRL e dosagem sérica de vitamina B12) no sentido de excluir outras doenças de apresentação semelhante à EM. O Potencial Evocado Visual também será exigido, quando houver dúvidas quanto ao envolvimento do nervo óptico pela doença. Após o estabelecimento do diagnóstico, deve-se estadiar a doença, ou seja, estabelecer seu estágio ou nível de acometimento por meio da metodologia de Escala Expandida do Estado de Incapacidade (Expanded Disability Status Scale – EDSS). O EDSS é a escala difundida para avaliação de EM. Possui vinte itens com escores que variam de 0 a 10, com pontuação que aumenta meio ponto conforme o grau de incapacidade do paciente e é utilizado para o estadiamento da doença e para o monitoramento do paciente. Das tecnologias disponíveis no SUS Além das novas tecnologias incorporadas, o SUS também dispõem de outros medicamentos e procedimentos para o tratamento da EM. Para conhecer a lista completa acesse: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_PCDT_EscleroseMultipla.pdf. A população pode acompanhar todos os processos de recomendação de incorporação de tecnologias no SUS pelo portal da CONITEC. PORTARIA-CONJUNTA-N-10-ESCLEROSE-MULTIPLA.09.04.2018

Falta de medicamentos

Amigo(o)a: Hoje vou falar de um assunto muito sério, vou contar uma historinha sobre leis e estrutura, vou falar sobre: a falta de medicamentos especializados e de alto custo.  Vai ser meio chato, mas esclarecedor. A maioria de meus leitores está ciente da falta desses medicamentos que são oferecidos pelo SUS, mas poucos conhecem um pouco do que é garantia e legislação de medicamentos especializados . Por exemplo: Vocês sabem o que é RENAME? A PORTARIA No 1.897, DE 26 DE JULHO DE 2017 estabelece a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME 2017 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da atualização do elenco de medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME 2014 A partir da criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), esta passa a ser responsável por propor a atualização da RENAME, conforme estabelecido no Decreto no 7.646, de 21 de dezembro de 2011. A Conitec é um órgão colegiado de caráter permanente, que tem como objetivo assessorar o Ministério da Saúde nas atribuições relativas à analise e à elaboração de estudos de avaliação dos pedidos de incorporação, ampliação de uso, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde; e na constituição ou na alteração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas (PCDTs). Por meio de instrumento legal, a Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) foi institucionalizada no Brasil como critério indispensável para a tomada de decisão sobre a incorporação tecnológica Sendo a RENAME a Relação  Nacional de Medicamentos do Componente Especializado, medicamentos para doenças como esclerose múltipla e algumas doenças raras estão listados nela. A RENAME é apresentada conforme definido na Resolução da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) no 1, de 17 de janeiro de 2012, em cinco anexos: Decreto no 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe que “a RENAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do SUS” e também que “a cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicará as atualizações da RENAME.” Assim, a RENAME cumpre a Resolução CIT no 1, de 17 de janeiro de 2012, que apresenta a composição dessa Relação de acordo com as responsabilidades de financiamento da assistência farmacêutica entre  União, Estados e Municípios, proporcionando transparência nas informações sobre o acesso aos medicamentos do SUS. Manter a RENAME como instrumento promotor do uso racional e lista orientadora do financiamento de medicamentos na assistência farmacêutica configura-se um grande desafio para os gestores do SUS, diante da complexidade das necessidades de saúde da população, da velocidade da incorporação tecnológica, e, dos diferentes modelos de organização e financiamento do sistema de saúde. A motivação para vencer esse desafio alicerça-se no papel desempenhado pela RENAME como orientadora do acesso à assistência farmacêutica, fortalecendo o SUS como uma grande conquista da sociedade brasileira.  Resumindo:  A  RENAME é a lista de padronização de medicamentos indicados para o atendimento aos usuários do SUS. Ela está disponível on-line e é atualizada permanentemente e publicada a cada 2 anos.  Os benefícios que essa lista traz para beneficiários do SUS são: Maior clareza sobre quais medicamentos pode contar para o tratamento; Onde buscar o medicamento – nível de atenção; Conhecimento sobre os locais “onde são encontrados”   Informaçoes coletadas no sites:   bvsms.saude.gov.br portalarquivos.saude.com.br   Tudo isso para dizer, que adianta uma legislação, uma estrutura organizacional, uma lista de medicamentos especializada  on-line SE no fim das contas o usuário SUS , não consegue o medicamento para usá-lo? SE, os esclerosados como nós, não tem medicamentos para evitar crises; não vamos morrer, mas vamos dar mais gastos ao SUS (internações, cadeira de rodas e outros insumos como fraldas por exemplo). E ainda há  pacientes que correm riscos de vida (com câncer, os transplantados, e tantos outros que podem morrer) sem os medicamentos. E aí vale o dilema Ético: quanto vale uma vida? Quem está “embaçando” a entrega dos medicamentos, se eles constam na lista (RENAME) e o SUS assegura seu fornecimento? As empresas farmacêuticas, o governo ou os que tomam as decisões; os governantes, as autoridades que aprovam as verbas para os medicamentos? Depende da vontade de quem? Reflita e propague esse apelo, estamos sem medicamentos. Estamos jogados à própria sorte. Errado ou certo acho que já passamos dessa fase, o que podemos fazer, a quem bater à porta e pedir? Queremos viver e com dignidade.

Tratamento experimental freia esclerose múltipla

POR SÉRGIO MATSUURA Terapia com células-tronco é esperança no controle da doença RIO – A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica debilitante, sem cura, que exige tratamento medicamentoso por toda a vida, mas uma terapia experimental com células-tronco pode mudar esse quadro. Uma equipe internacional liderada por Richard Burt, da Universidade Northwestern, em Chicago, realizou um dos primeiros estudos clínicos randomizados com uma técnica que usa transplantes dessas células em comparação com os tratamentos convencionais hoje disponíveis, e os resultados foram promissores: apenas três, de um grupo de 52 pacientes, apresentaram alguma piora em seu quadro três anos após o procedimento, contra 30 de 50 (60%) do grupo de controle. — Eu não uso a palavra cura. Isso seria prematuro — pontua Richard Burt, ressaltando que os detalhes da pesquisa não podem ser divulgados porque ela ainda não foi publicada em um periódico científico. — Nós não estamos tentando regenerar os neurônios. O que tentamos é fazer com que o sistema imunológico pare de atacar o cérebro para permitir que ele se recupere. Brasil tem 35 mil casos De acordo com o último Atlas da Esclerose Múltipla, divulgado em 2015 pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla, existem no mundo 2,3 milhões de pessoas com a doença, sendo 35 mil casos no Brasil. Basicamente, nos pacientes com a enfermidade os linfócitos T, um tipo de célula de defesa do organismo, identificam a mielina — membrana que envolve os neurônios — como um corpo estranho, como um vírus invasor, dando início ao ataque do sistema imunológico contra o próprio cérebro. Essa ação desencadeia processos inflamatórios, gerando lesões. Com a destruição da mielina, a condução dos impulsos nervosos fica debilitada, gerando sintomas diversos que dependem do local afetado. A fadiga é um dos sinais mais comuns da doença, mas os pacientes também podem apresentar alterações na fala e deglutição, transtornos visuais, problemas de equilíbrio e coordenação motora, dores, transtornos cognitivos, emocionais e sexuais. O tratamento experimentado por Burt visa cessar o ataque do sistema imunológico às células cerebrais com uma abordagem radical: sua destruição e reconstrução. A terapia começa com a coleta de células-tronco hematopoiéticas — capazes de se diferenciar em todas as células do sangue, incluindo as de defesa do organismo — do paciente, que ficam armazenadas. Depois disso, medicamentos quimioterápicos potentes são ministrados para a remoção total do sistema imunológico da pessoa, cessando a inflamação no cérebro. Então, as células-tronco hematopoiéticas coletadas são reinjetadas no paciente, para que elas reconstruam o sistema imunológico. — Quando você para a inflamação e permite que um novo sistema imunológico seja construído, num ambiente de tolerância àquela inflamação, as células de defesa param de atacar o cérebro — explica o cientista. — Basicamente, nós damos ao paciente uma medicação para derrubar o sistema imunológico e as células-tronco o reconstroem. Não há mais tratamento após isso. E a maioria das pessoas respondeu muito bem, sem atividade da doença. Os cerca de cem pacientes do estudo foram recrutados em hospitais universitários em Chicago, nos Estados Unidos; em Sheffield, na Inglaterra; em Uppsala, na Suécia; e em São Paulo. O estudo já foi concluído, mas aguarda revisão para publicação em periódicos científicos, o que deve acontecer até o meio deste ano. Alguns dados, no entanto, já foram divulgados na semana passada, durante encontro anual da Sociedade Europeia para o Transplante de Medula Óssea, realizado em Lisboa, onde o trabalho de Burt e seus colegas foi premiado. Segundo os pesquisadores, no primeiro ano após o procedimento, nenhum dos pacientes que passaram pelo transplante de células-tronco apresentou sinais de intoxicação ou morreu. E apenas um sofreu com a piora dos sintomas, contra 39 entre os que continuaram apenas com a medicação. Após três anos, cerca de 60% dos pacientes que seguiram com o tratamento convencional apresentaram pioras em seus quadros, contra apenas 6% — três casos — entre os que realizaram o transplante. — Esses resultados preliminares de um dos primeiros ensaios clínicos bem controlados são emocionantes — comentou Bruce Bebo, vice-presidente de Pesquisa da Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla dos Estados Unidos. — Esse teste soma-se a um crescente corpo de conhecimento que está ajudando a definir os riscos e benefícios precisos do transplante de células-tronco hematopoiéticas e quem pode se beneficiar dele. Lesões não podem ser revertidas Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, professora do Departamento de Clínica Médica da USP em Ribeirão Preto, explica que a técnica não é recomendada a todos os pacientes, pela toxicidade e agressividade da quimioterapia. Contudo, para casos mais graves ou que não respondam aos tratamentos convencionais, o transplante pode ser a solução. — Já temos muita experiência, no Brasil e no mundo, com esses transplantes de células-tronco para doenças autoimunes. Estima-se que mais de 3 mil transplantes desse tipo já tenham sido realizados ao redor do mundo, cerca de 300 a 400 só no Brasil — aponta Maria Carolina, que fez parte da equipe de Burt no estudo. —Estamos na fase em que, para algumas doenças, como a esclerose múltipla e a esclerose sistêmica, já é possível indicar o transplante como tratamento padrão. Segundo a pesquisadora, não se trata da cura, mas do “controle da atividade da doença”. Dessa forma, é importante que os pacientes passem pelo transplante ainda nas fases iniciais da doença, enquanto há inflamação no sistema nervoso. Nas fases adiantadas, as lesões já foram formadas e não podem ser revertidas. Ao ser reiniciado, o novo sistema imunológico deixa de atacar as células e os tecidos do próprio paciente. Quando isso acontece com sucesso, o cérebro deixa de ser agredido. Não há progressão da doença, mas muitas vezes ficam as sequelas. — Os estudos mais recentes têm mostrado que pacientes transplantados nas fases mais precoces da doença têm desfechos muito melhores, com maior controle dos sintomas e menos incapacidade neurológica ao longo do tempo — destaca Maria Carolina. — Esses últimos estudos têm comparado o transplante com drogas rotineiramente usadas para o tratamento da esclerose múltipla, mostrando que o transplante é muito superior. Além disso, o transplante é realizado … Ler mais

A idade do amor

Chovia forte quando perceberam que não eram mais os mesmos. Defrontaram-se no corredor, um saindo do quarto a caminho da sala, o outro no sentido oposto. Olhavam-se, quase sem acreditar, enquanto se sentiam arrancados bruscamente da densa trama da senda de todos os dias. Mas nada havia mudado. Por que só agora haviam percebido? Seria o amor de tantos anos o responsável pela distorção dos sentidos, a ponto de conduzi-los a um estado de alheamento perante a dureza das formas? Os vidros da janela da sala eram fustigados pelos pingos grossos e pesados da chuva. O som do crepitar das águas era a melodia ruidosa que embalava a causalidade cinzenta de mais um dia de rotina naquela casa. Mas por que, após aquele pausado encontro de olhar, carregavam, nesse dia, um ar de dignidade ofendida? Era como se ambos estivessem nus diante da verdade que os habitava. Perguntaram-se, de modo silente, e não sem pesar, se o coração suportaria tanta lucidez; questionaram-se, intimamente, se as lembranças os havia enganado, ou, se fora o tempo, em sua falta de escrúpulos, o escultor de cada ruga na pele envelhecida do outro. Presumiram então, com a ingenuidade das idades avançadas, que a vista os traía; mas já eram tantos médicos… mais um? Não… melhor adaptar a visão e seguir em frente; afinal, a realidade depositara-se sem pedir licença, como um pensamento que não se pensa, fazendo sombra aos dias mortos fincados nas horas de existência já superadas; mas nessa idade é assim, não há espaço para suavidades; as verdades acontecem, e as ilusões desaparecem. Mas concluíram, os dois, a um só tempo, que não mais suportariam a convivência; para ele, bastava o mau-humor dela, nada mais seria tolerado; para ela, a surdez dele era um fardo; e agora isso? Não! Não seriam obrigados, àquela altura da vida, a viver na resignação silenciosa de quem tudo tolera; e foi nesse momento, no etéreo instante desse pensamento, que ambos revelaram um vago ar de contentamento que por uma nesga não virou um sorriso; mas as bocas logo se fecharam na seriedade do instante. Não teriam coragem para um rompimento no fastígio da velhice; além do mais, a família e os filhos não aceitariam tal rebeldia; os velhos já haviam perdido o direito a qualquer forma de ruptura. Amedrontaram-se, é verdade, com a extensão da coisa. Já haviam atravessado tantas barreiras; mas eram mais fluídas; essa parecia tão rígida quanto o aço, tão irreal quanto a própria morte. Verdade seja dita: o mundo nunca possuiu e nem possuirá plano estético algum; e até há um modo de viver, mais profundo, que prescinde de beleza. Mas ali não era o caso. A vida naquela casa, após a saída dos filhos, quando sobejou o casal, baseava-se em uma superficialidade medrosa e insalubre, mera refém do avançar das horas. E por isso a vergonha dos dois; uma vergonha só comparada àquela de quem acaba de acordar de um desmaio. Mas a vida é assim, uma condenação perpétua, irrevogável, um eterno morrer, enquanto vivemos, tentando, sem o despudor de nossa incapacidade de compreensão, alcançar o tempo que nos rodeia, aspirando a uma paz que não pode ser nossa, a uma verdade que se encontra no que não poderemos compreender. Esforçaram-se, é verdade; franziram os cenhos, os dois; pareciam duas páginas que foram viradas juntas, de algum livro que se encaminhava para o final; e compreenderam, de modo suave, que os acidentes do tempo, sem nenhuma solenidade pretensiosa, e sob a narcose da rotina, apenas obedecem à natureza. As coisas são assim, uma verdade amarga, sorvida a conta-gotas, para não doer, e para permitir que encontremos, em um lago azul e em um pedaço de céu, uma vida que possa ser organizada pela esperança. E foi assim, sem exagero nas tintas, e libertos de toda sorte de entulho mental, que entenderam que o amor também envelhece; e que o amor também cai, como tudo, no abismo interminável do tempo; mas também perceberam, num átimo, que, por terem mergulhado, nesse abismo, juntos e de mãos dadas, construíram uma história; nem mais bonita ou mais feia que as demais, mas a história dos dois, um mero ondular de água, produzido pela brisa suave do vento, em meio à vastidão infinita do oceano e do mundo.