Mau humor

Infelizmente ou felizmente, não sei  bem, tenho que ser meio repetitiva. Meu cérebro diz que eu preciso explorar mais esse assunto.. Peço perdão aos meus leitores que se cansam com minhas palavras. O assunto é sobre nossas deficiências , quebradinhos ou não. A gente acorda e sua lembrança está lá. Não conseguimos fugir dela; parece até que é eterna. Você vai dormir também com ela. Ela sempre o (a) acompanha. O melhor é “ bater um bla” com ela, não ignorá-la. Se você nesse assunto quer sair correndo, enterrar sua cabeça, não foi  lhe dado permissão, você não pode, não consegue fazer isso. O jeito é encarar, talvez com ajuda profissional; Com sabedoria e técnica podemos alcançar alguns objetivos. Se você foi “premiado” com alguma deficiência ou doença, você está convidado a unir-se a esta reflexão. Você tem que estar em paz com sua condição. Afinal você vai conviver com ela. Ela vai acordar com a cara não lavada ao seu lado . Está com você , não  deixa você se esquecer. Mas quer saber, um abraço para ela. A vida tem suas estórias e sua beleza. Há maravilhas, as quais estão conosco também. Ficam aderidas ao nosso eu, mas estão adormecidas, cabe a nós desperta-las. A briga é com você e seu eu. Kkkkk O importante é a paz e a luta   “Não podemos ler o significado da vida passivamente(…)Temos de construir essas respostas, a partir de nossa sabedoria.” Stephen Jay Gould paleontólogo (1941-2002)  

Espera

Espera-se que eu escreva no começo do ano, sobre planos, metas- planejamento.  Claro, vou escrever um pouco sobre isso, mas de outra forma. Sinta que é um período para pensar, mas não se desespere : Roma não foi criada em um dia. As coisas não magicamente se resolverem, porque é sua vontade. Se você tem metas estratosféricas, desça para a Terra. Se você está desanimado, recarregue sua energia. Apenas, tenha um objetivo. Arranje estratégias para alcança-lo. Mas não “esquente a cabeça” É somente mais  um ano que se vai Fazemos esse exercício, porque por convenção humana é época de reavaliação, de repensar o que fizemos e o que deixamos de fazer; O que queremos fazer, pelo que lutar. É uma época de escolha; sim, porque é um sinal de maturidade saber em quais lutas vão-se empregar esforços emocionais, físicos, mentais. Estou paralisada, perplexa, talvez vocês também, acho que “pego no tranco”. Nós todos deixamos 2019, e amanhecemos em 2020. O que eu quero, já que é imperativo querer, um ano uno cheio de lutas, mas cheio de escolhas, um ano de paz; um ano mais produtivo sem cansar; um ano de conquistas, mas de respeito; um ano de tolerância. Eu só imagino isso. Eu só queria  isso ,  você concorda comigo? “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre” Receita do Ano Novo-Carlos DRUMMOND de Andrade.

O meu Natal. O seu Natal, O nosso Natal

Natal é uma época de alegria, mas vem se tornado cada vez mais uma época de exagero. Exagero de consumismo material, mercadológico, não exagero de amor, paz e esperança. Que situação triste! Quando eu era criança, aguardava ansiosamente essa época. Tudo era para o Natal, aguardava Papai Noel, mesmo sabendo que o bom velhinho era meus país e avós. Tinha esperança. Quando sabia que a família se reuniria, tinha aconchego e paz. Quando sabia que teria uma mesa para colocar, mesas a juntar, sabia que havia deliciosas. Iguarias e coisas que só tínhamos no Natal, refrigerantes, nozes, tâmaras , castanhas etc.;  havia fartura Quando escreviam  cartões, com letra caprichada e os mais sinceros desejos; havia amizade Quando me vestia com roupas novas, embora incômodas, eu tinha a segurança econômica de meus país e eu nem fazia conta. Quando havia uma casa para limpar, que eu não gostava  muito e um lar para enfeitar eu tinha conforto. Quando eu reclamava que chovia, eu tinha alguma certeza que passaria. Eu digo eu tinha, ainda tenho, ainda bem. Mas o sabor está diferente! Quando acumulamos experiência, o sabor do Natal muda. O eixo não é só você, mas o outro também. Quando eu tinha tudo isso, as pessoas tinham isso também? O Natal é uma revolução: para os cristãos é o próprio Deus que se fez humano, e então podemos entender ou traduzir por um amor tão grande, que se fez descer da posição de Deus para condição de ser humano. A revolução somos nós também quando descermos do nosso “mundinho” para condição humana, para o irmão, seja parecido ou diferente. Ter um Natal com sabor diferente A revolução dentro de si; revolução de criança, de Natal Feliz Natal amigos (a). “Que tal a verdadeira revolução pouco tivesse a ver com uma revanche, mas consistisse em cada um descobrir nele mesmo às condições de realizar quem ele é? Neste caso, de fato a desigualdade se torna apenas uma forma possível de diferença.” Contardo Calligaris . Um fim possível do ressentimento. Folha de São Paulo

A inclusão e “o tamo junto”

Vi uma reportagem na televisão, que me chamou  a atenção; uma palavra talvez; era sobre a inclusão. Peço perdão aos caros leitores, ” por bater tanto nessa tecla” Um comentário com certeza, a inclusão é uma construção, uma elaboração entre pessoas excluídas e as “incluídas”., é um processo que nunca se acaba, nunca se fecha em si mesmo. A reportagem era sobre roupas inclusivas e as oportunidades que surgem no mercado com essa nova fatia de consumidores. Pois é , inclusão também é um aspecto mercadológico. Quando entramos numa loja dita inclusiva e não conseguimos andar entre as araras, o provador não tem espaço para cadeira de rodas, nem para o andador, que decepção. Mas aí você fica quieto, quando sai dela, reclamando para seus parentes, mas não conversando com o gerente sobre sua dificuldade e dando sugestões. Você é culpado pela situação também, você será excluído, porque nem se esforçou no pequeno gesto de informar suas dificuldades. As pessoas”normais” precisam saber as dificuldades, mas nem todas são empáticas a todos e o tempo todo. Por isso, amigos (as) nós quebradinhos ou não, somos condenados pelo imobilismo. Não o imobilismo físico ao qual estamos, um pouco “presos ao não andar , porque vivemos caindo” (pelo menos eu). O imobilismo de nossas ideias, de nossa ação concreta. Falta coragem? Somos pro-ativos nessas situações? Não custa nada dar uma “forcinha à memória ” das pessoas de que  os diferentes, tem necessidades diferentes. Eu, você, nós todos somos convidados a pensar nas diferenças. Se pudermos contribuir para  o bem estar das pessoas, por que agir ao contrário? O coletivo é importante também, “estamos  todos juntos nesse barco”. Você já meditou sobre isso?

Tudo é uma questão de bom senso e o shortinho

Amigos (as): Eu poderia escrever bonitas dissertações (digo bonitas, não boas, porque aí só dependo do padrão estético para me julgar).Muitos textos, palavras sobre o que eu penso ou sobre o que outras pessoas pensam. Talvez o shortinho bem curto da menina  tenha me  induzido a fazer essa observação. Talvez  estivesse inadequado a um ambiente hospitalar? Pode ser. Meu puritanismo resolveu dar as caras e implicar com o shortinho, e me fez refletir nesse nosso espaço para reflexão. Não se importem com minha implicância com o shortinho, porque já passou, nem conheço a menina, nem suas razões, e além do que quem paga as contas da menina pode ser ela mesmo; ela não deve satisfação a ninguém, só a ela própria. Considerando isso tudo, fiquei com vontade de escrever sobre o bom senso. Tudo tem uma medida mediana, que é boa para todos ou ruim para todos os lados. Não é um apelo conciliatório, mas uma busca para nossa angústia polarizadora. “Bom senso existe e é o que devemos e queremos esperar de nossos iguais” Como diria um ditado “nem oito, nem oitenta”;  mas, também não é o meio que buscamos; e sim  em determinada situação :- pensar  a melhor proposta . Seja qual for a situação, há um determinado comportamento que mostra sanidade e sensatez. Exemplo: eu sou bióloga,  meus amigos são de todas posições ideológicas em relação  ao  meio ambiente. Se eu não quiser provocar a terceira guerra mundial, nem recolher mortos ou feridos- terei o bom senso de convidar um amigo de cada vez;  mas não necessariamente, dependendo do meu objetivo  e se eu quiser promover um debate saudável, onde o importante é o diferente. Apenas para dizer que usar o bom senso, depende também dos objetivos. O caso do shortinho, o bom senso diria é adequado ao ambiente? Depende do objetivo da menin: se é só procurar tratamento para doença, se ela se sente mais arejada ou  se quer provocar olhares ou ainda nenhuma das alternativas. O que seu bom senso diz? O que você quer? Qual seu objetivo?  Meu bom senso comum é parar de escrever agora e deixar você pensando. Parafraseando George Orwell , João Pereira Coutinho em sua coluna fala : “todas as vítimas são iguais, mas algumas são mais iguais que as outras.”   – Eu não sabia que a dor de um pai tinha intensidade. Folha de São Paulo -24/09/19

A resiliência da luz

Amigos (as) leitores (as):   Conforme me foi dada a liberdade de escrever, apresento um estilo de escrita um pouco diferente. Peço que me perdoem as divagações e procurem mergulhar na minha visão. Um raio de sol, percorrendo uma árvore, avistada, à espera de uma terapia no Hospital das Clinicas, de dentro da sala, através de uma janela.   A resiliência da luz   Ela reflete a imagem divertida no lago e, antes de tudo consegue perfurar a fofura das nuvens, alcançar o chão de forma vertiginosa ou em trajetória retilínea. Eu a sinto, penetrando  nos meandros escondidos de palavras; E o céu resplandece sua cor, graças a ela Luz imperfeita alimenta a base da vida, os fitoplânctons errantes do mar de cores A luz que alimenta a minha visão, os olhos sofridos de quem não enxerga, parecem entregar a mensagem dos anjos. A luz, que incendiou o amor entre as criaturas, no meu espaço pequeno de espectadora , entre quatro paredes é uma janela vítrea transparente e viceja na árvore amiga  e tortuosa, mostrando sua luminosidade. Fugindo de suas sombras, resiliente e resistente aos seus desejos. A luz, que consegue esgueirar-se pelos silêncios do meu pensamento. Apenas consigo pensar na luz triunfante da nossa estória. Como  são poéticos os raios luminosos.

Rir ou enlouquecer

Caro(a) leitor(a ) A probabilidade de escrever bobagens  é grande, mas procuro com alguma força e esforço, não cometer esses deslizes. Rir das situações engraçadas é fácil , necessário, fisiológico; mas quero falar de rir de nossas dificuldades, de situações de aperto, de desespero. Não me refiro a “marcar bobeira” . Digo, a partir de uma reflexão séria e corajosa  rir do adverso. É uma solução para o trágico- dramático. É a resposta ao destino, se existisse; ao conjunto de ações e responsabilidades que assumimos. Rir da própria situação é  solução para o bem ou para o mal. Podemos escolher também chorar, mas convido você leitor à ironia . Ria , massageie seus músculos faciais e abdominais, você se sentirá melhor. Ironia, em relação à  vida, em certa dose é boa. Temos de rir de nossas dificuldades, os quebradinhos , nós temos que aprender a fazer isso. É a rampa que desce para a rua  e que não sobe para outra, é o poste o buraco, a escada, o sabonete do banho no chão, o talher inalcançável na mesa. Enfim, é o pau , a pedra , mas não são as águas de março Temos que rir  da briga entre amigos, da discórdia  e do nosso próprio choro. Importante não é só rir: é lutar, arranjar estratégias para sair ou melhorar a situação. E daquilo que não podemos mudar, resta o exercício de rir da vida.   “É a vida:cada cultura tem os seus dramas para expiar..  As circunstâncias podem ser inomináveis, mas há sempre um raio de luz que se intromete entre a loucura, o ódio e o sofrimento.” O poder libertador das piadas -rimos ou enlouquecemos. Freud citado por João Pereira Coutinho. Rir ou enlouquecer. Folha de São Paulo 12/03/19

Fabricação de kits

Pensei nisso, numa madrugada insone: geralmente, é isso que acontece com escritores amadores como eu; mas retornando ao assunto… O que vocês acham de kits para sobrevivermos no dia de hoje? Tem o kit sobrevivência meteorológica na cidade de São Paulo: guarda chuva, agasalho e garrafinha de água para dias para lá de secos. O kit do hipocondríaco: remédio para dor de cabeça, dor geral, antitérmico, curativos (band aid). Kit pobreza: algumas moedas, cobertor cinza , tigelinha para comer e cachorro. Kit riqueza: dinheiro no cartão, perfume e cachorro Kit do estudante: livro, lápis e ingresso para protesto contra tudo e todos, não necessariamente nessa ordem Kit  mãe: fraldas, mamadeira, brinquedos, mantinha, água, bolacha- carrinho de bebê e tudo mais que só a mãe pode fornecer ao seu rebento para confortá-lo Kit vó: agulhas de tricô, de crochê, óculos, bolo delicioso. Kit do esclerosado: fraldas, bengala ou cadeira de rodas e cansaço. Kit do infeliz: lenços de papel e o peso do mundo. Brincadeiras à parte, é somente para lembrar que gostamos de categorizar tudo que vemos e criamos estereótipos.  A categorização vem de longa data acompanhando a humanidade : temos na ciência os sistemas de classificação de seres vivos,  o sistema de classificação de doenças o famoso CID, que nós esclerosados conhecemos tão bem (Já pensou na dificuldade em se dizer que uma pessoa esta resfriada, para que descrever todos sintomas se podemos resumir com uma palavra ou letras todos eles?) É claro , que ninguém sai por aí perguntando, a qual reino você pertence, ou qual seu CID de doença. ( -Oi bom dia. Qual o seu CID? O meu é G35 ). Os sistemas de classificação são práticos e permitem concluir e caracterizar rápido e com eficiência determinados objetos, seres vivos ou pessoas. Entretanto, quando nós fazemos uma categorização, podemos acordar preconceitos que estão adormecidos em nosso íntimo. Como a brincadeira dos kits, formamos um conceito de determinado grupo, achamos que o caracterizamos e pontuamos suas necessidades (o kit, na brincadeira). Precisamos tomar cuidado; categorizar envolve  rapidez e praticidade, mas podem despertar preconceitos . E você amigo(a), já escolheu seu kit? Preparar o Kit dos outros é fácil….

Contar ou não?

Minha leitura do editorial da Folha de São Paulo, de 15 de julho, intitulado “Tremores de Merkel” me inspirou a escrever algumas palavras. É fato que Angela Merkel , chanceler da Alemanha, tenha tremido na cerimônia de boas-vindas ao presidente da Ucrânia. Tremeu também em outras cerimônias oficiais e embora tenha repetido muitas vezes que não há motivo para preocupação, colocou uma “pulga atrás da orelha” do mundo. Um ponto que me chamou a atenção foi a questão: há limite dos direitos à privacidade médica? Por sua posição política, a declaração de um diagnóstico é necessária ou faz parte de uma curiosidade mórbida geral ? Fazendo uma analogia com quebradinhos em geral, portadores de qualquer doença, guardando as devidas proporções; acho que todos nós tivemos o dilema: contar ou não contar sobre a doença. Contar nos dá algum suporte operacional e emocional, uma sensação esquisita de pertencimento a um grupo, “os quebradinhos”. Permite que obtenhamos ajuda: no oferecimento de um lugar para sentar, uma cadeira de rodas… Permite também que surja um sentimento de dó, pena,  em outrem, com  relação aos quebradinhos. Isso é ruim? Pode ser.  Surge também o preconceito de inaptidão e vulnerabilidade. Somos vítimas? Acho que de nosso preconceito. Contar ou não é uma decisão pessoal. É humana a sensação de pertencimento a um grupo de semelhantes, assim diz a história, somos mais fortes. Podemos como eu disse sofrer preconceito, vale a pena lembrar, você tem que decidir entre pertencer ou alimentar um preconceito.E essa decisão não é preto no branco; matizes de cinza são a regra. Você decide contar ou não.

Minha primeira vez

Aposto caros leitores que tenham dado uma conotação sexual ao  título desse texto, mas não se trata de nada disso. Esse texto foi escrito em conjunto, eu e minha amiga Lucyara o escrevemos. Na verdade ela é a dona da aventura e a descreve abaixo: “A primeira vez que eu me aventurei a pegar um ônibus de linha eu estava com Cida amiga, cuidadora e corajosa. É tranquilo, existe lugar certo para cadeirante vc é afivelada e fica bem segura sem perigo da cadeira andar. O motorista e o cobrador são treinados para auxiliar o cadeirante. A minha penúltima aventura passar um domíngo no parque  Ibirapuera num show em comemoração da EM na volta tomeí um ônibus retornando à minha casa. A tarde acabou , voltei pra casa  de ônibus feliz da vida pronta para mais uma aventura .” Eu, ainda não tenho essa coragem, da destemida Lucyara e de sua cuidadora Cida. Queria fazer alguns comentários, acho que já os fiz em outros textos, mas vale a pena repetir: A acessibilidade também é técnica e necessita de infraestrutura, que nós encontramos no ônibus (elevador, local para cadeira, cintos de segurança) e igualmente da assessoria do motorista . Entretanto para chegar ao ponto de ônibus há muitos percalços na rua (buracos,postes no meio da calçada entre outros). A coragem e a determinação da cuidadora também é essencial, além de técnica e força. Eu ainda opino que a acessibilidade no Brasil está um pouco distante, arrisco dizer que as pessoas são acessíveis, na sua solicitude em ajudar, mas os espaços ainda não. Fico feliz com a narrativa da Lucyara; estamos chegando lá, mas ainda me falta essa coragem.