Reflita – pense e aja: está muito quente hoje.

Ei, você aí; lembra de quando escrevi sobre esse tema? Quero que você preste atenção ao que vou escrever:  Ei, amigo(a), você percebeu que o mundo, o Planeta Terra está pegando fogo, vide incêndios na Europa e no Canadá. O Planeta Terra também está inundado, na Europa, China e Líbia, mais pertinho da gente, no Rio Grande do Sul. Temperaturas altas assolam como nunca os Estados Unidos, a Europa e aqui o Centro-Sul brasileiro. Você dirá que é culpa das massas atmosféricas climáticas, culpa do El Nino, também é culpa dele, mas espera aí. Você também é culpado! – Quem, eu?  Sim, se você não é parte da solução, é do problema. Não quero fazer um discurso verde chato, estou dando uma bronca mesmo. Está mais do que na hora de você assumir o que tem feito. O mundo está enrolado, você não sabe quanto! Ele é uma caixinha de relações frágeis, principalmente falando de ambiente e clima. Pense: o mundo está mais quente, é fato ou alguém duvida disso!?  E o que eu tenho a ver com isso? Não quero perder amigos, por opiniões extremas: então, o que faço é apelar para a consciência de cada um. Aliás, ninguém é dono da verdade, ninguém é dono do discernimento e muito menos da consciência individual e coletiva. Porém, acho que está na hora: tudo que era, futuro incerto, materializou-se no atual.  Estão tocando as trombetas do fim do mundo? Espero que não. Ainda quero fazer alguma coisa. Mas o mundo está diferente e isso é fruto da ação humana também. Não devemos negar o peso da nossa mão. Minha mão, sua mão, mão brasileira, mão internacional. Como? No nosso cotidiano, nas nossas escolhas, na nossa liberdade-responsabilidade. Você é um esclerosado, quebradinho? Sua mão também pesa, não tire o corpo fora; ninguém tem desculpa, somos todos humanos e vivemos no mesmo planetinha. Reflita – pense e aja: está muito quente hoje.

O que fazer para sair de casa? 

Podemos pontuar assim é um tema sem sentido, mas considero muito importante. Na verdade posso classifica-lo em dois estilos: sair com um planejamento ou sair no “susto”  Aconselho aos portadores de EM e aos não portadores também, que planejem as suas saídas – porque há mais chance de serem bem-sucedidas. Mas enfim, floreios à parte, um aviso para o pessoal portador: planejamento é muito bom.   Comece planejando seu traje de saída. Tenha munição para incontinência urinária (fraldas e sondas) e se você é cadeirante, pesquise no local-destino  se há acessibilidade (inclusive sanitários), se há degraus no trajeto, se a rampa tem uma inclinação possível para você se conduzir ou para uma pessoa te conduzir. Há um estacionamento  onde se pode desembarcar a cadeira? O local é protegido da chuva? Se você consegue andar, há um local onde você pode sentar para descansar? Há um transporte? Automóvel adaptado ou pessoa adaptada (aquela forte o suficiente te ajudar: põe a cadeira no carro sem se machucar). Táxi acessível ou atende desde que você seja um bom usuário (você tem direito a viagem eventual) Ônibus, metrô, quais os desafios do transporte? Alguém vai levantar para você sentar? Você será empurrado para entrar no trem ou metrô? Seu programa deve ser maravilhoso de modo que valha a pena todo esse esforço para sair do seu lar. Milhares de programas podem ser citados: passeio no parque, museus de arte, cinema, teatro,  exposições; o céu é o limite.  Temos também as saídas obrigatórias consultas médicas- agências do INSS fisioterapia; bancos (pagar contas) ou somente fazer compras.  Ou podemos sair só para dar uma caminhada para espairecer , caminhar deambulando ou numa cadeira de rodas. Se o clima está bom, o passeio será ensolarado (não muito – para o pessoal que sofre com o calor). Se chover tirem o guarda-chuvas, não esqueçam de me contar como se usar o objeto informado com o andador kkkk. Tudo isso eu comento para que não digam que nós temos má vontade para sair. Acho que o mistério é a energia que é solicitada (baterias carregadas não são o forte em nós). Será  que teremos energia para terminar ou quiçá começar o programa? Se a vida está boa, a depressão cuidada e o espírito elevado tudo dará certo. Mas isso  dirá você, querido leitor, todos nós de alguma maneira temos dificuldades maiores ou menores, de todos os tipos para sair de casa. Prepare seu coração, não fique cansado de procurar e não desanime. As adversidades podem ser maiores…. É um estresse mesmo, mas, talvez valha a pena.Solicite ajuda, divida planejamento com amigos e parentes, não desista. Nunca…

Uma estória a contar

As vezes fico com vontade de escrever, mas dá uma preguiça…. Só porque tenho que me sentar adequadamente, porque as costas “gritam”. Acho que não contei a minha estória da esclerose múltipla, peço licença aos leitores, porque entendo que está dentro do tema ; “somos múltiplos e diferentes cada um com sua estória.” Comecei com sinais da doença quando fazia minha tese de doutorado, já que queria prosseguir como pesquisadora , numa carreira acadêmica. Não reflito muito sobre isso para não ficar com pena de mim mesma. Tinha tudo para dar certo, era jovem, tinha bagagem cientifica, tinha projeto de vida ,  apoio familiar; gostaria de lecionar em uma universidade, que proporcionaria o tripé educação – pesquisa-  serviço a comunidade. Lecionava também em duas escolas estaduais, que pareciam um desafio para mim. Eu dirigia automóvel na época, mobilidade não era problema. Foram os vários acidentes de carro , pequenas batidas na carroceria que  me levaram a refletir que algo estava errado (na época meu pai não aguentava mais levar o carro ao funileiro e meu seguro era só contra terceiros).  A gota final , porém foi uma excursão que fiz às cavernas do PETAR; após uma caminhada não conseguia ficar em pé quando eu caminhava, caia, batia os joelhos nas rochas da caverna; definitivamente havia algo errado. Na época pensei que eram os remédios da depressão que tomava; fui ao medico, ele pediu uma ressonância, exame caríssimo e realizado em poucos lugares, que graças a Deus, o convenio cobriu. Batata, o exame indicava lesões típicas de esclerose múltipla. Aí o mundo girou e eu estava perdida. A enfermidade era uma que eu rezava  muito para não ter. Conhecia pessoas portadoras, e elas estavam muito debilitadas. Foi o pai de uma colega, medico,                                   que estava na cadeira de rodas e dependia de tudo. e um técnico de laboratório do Instituto Biociências da USP, que eu via caminhando todo trêmulo como um bêbado. Se havia uma coisa que não queria ter era isso. Nem tanto pelo amolecimento das pernas, pela parestesia, ou pela visão dupla e sorriso torto; mas pela dependência que ela causava; a independência era algo muito caro para mim. Quando fui levar o resultado da ressonância para o medico meu coração partiu. Tinha já olhado o resultado , o medico viu também e senti que ele ficou atônito, queria me dar colo e como eu gostaria de um alento nessa hora. Minha família ficou preocupada, mas faltava fechar diagnostico: um neurologista, mais exames: potencial evocado e liquor. Diagnostico fechado, minha mãe aceitou, meu pai não, minhas irmãs aceitaram como puderam. Procurei ajuda espiritual, um padre me falou da ABEM  disse que seria acolhida nesta instituição que daria muitas informações para mim. A ABEM tinha sede anda na rua Demostenes (vejam como sou velha), mas a principio não gostei de lá. Via pessoas com muitas dificuldades; eu não estava assim, porque já tinha realizado Pulsoterapia e meus sintomas desapareceram; tinha esclerose surto-remitente na época. Tive uma frequência alta de surtos e na época  a pulso era realizada com internação. Devido à frequência dos surtos, fui encaminhada para o Hospital das Clinicas, onde fiquei  em tratamento por 20 anos.  Experimentei, toda uma evolução  de remédios: beta-interferon, acetato de glatiramer, azatioprina, natalizumabe, fingolimode e finalmente o rituximabe que meu convênio não quer liberar porque se trata de uma droga OFF-LABEL para esclerose múltipla). Fora o solumedrol, ciclofosfamida, outros corticoides orais para os surtos. Hoje participo de atividades na ABEM ( na nova sede, essa que todos conhecemos) aprendo cada dia a lidar com minhas dificuldades; peço conselhos aos profissionais, converso com outros portadores com diferentes estórias de vida  que me motivam a erguer e tentar sempre e cuidar da cabeça. Minha família ajuda muito, em todas as dificuldades, sei de muitas famílias que não aceitam. Múltiplas estórias de vida, múltiplas formas de agir; aprender é o segredo. Todo mundo tem algo a ensinar e aprender. O corpo é “podre”, corruptível (pelos ensinamentos bíblicos), mas o pensamento não está engaiolado no corpo debilitado, ele é LIVRE e voa conforme o coração. Meu projeto de vida mudou, mas ele é livre também para mudar.

A importância das conexões na EM

Ter Esclerose Múltipla é como ter um cachorro, em termos de incentivar conversas, que não seriam travadas. Por exemplo: quando temos um cachorrinho e saímos para passear, seja feio ou bonitinho, as pessoas param , admiram ou odeiam, mas eles arrancam palavras. – “Que gracinha ou sai de perto de mim com essa fera”. Nesses termos, ter EM é parecido com ter um bibelô diferente.  Não que eu esteja dizendo, o cachorro é um objeto , por isso a propriedade de ter. Ou que ter EM e igual a ter qualquer objeto. Ter EM  , me proporcionou ter uma conexão com as pessoas; diferente do que eu tinha. Uma conexão  diversa com o mundo ; boa ou ruim ainda não sei. Antes eu era muito tímida, posso dizer que a doença me tornou “cara de pau”. Penso muito mas na minha pessoa e nos meus conterrâneos  da doença. É como se um sentimento de pertencimento me abocanhasse. Os que têm, e, do outro lado, os outros. Repartimos o grupo dos que têm agruras, dificuldades, soluções e alegrias.. Ser um pouco diferente, um pouco quebradinho- fiel à nossa sra da cadeira de rodas, ou da muleta, ou a Nossa Senhora mesmo inspira-me a continuar a lutar. Mesmo que as coisas não estejam boas para as pessoas, o nosso pertencimento nos faz mais fortes. Conexão com outras pessoas,  civilizatória,  com o ser cidadão. Conexão que devemos ter  com nossos direitos e nossos deveres. No fundo , no fundo, não importa, ter a EM ou não. Sempre teremos quem está no grupo ou não. O importante seremos NÓS, não EU. Conexões com a comunidade ABEM, fazendo contato com as estórias de vida, conexão com o EU cidadão, nas lutas pela inclusão, pelos medicamentos, pareceres da CONITEC. Conexão com o mundo que não conhece nada sobre a doença. Conexão com o mundo que não tem obrigação de saber. Conexão com a vida, sempre e tão humana. A EM é só uma condição, não é  SER, mas não se engane, nossa conexão é  com a  condição humana.

Estamos novamente com o número de casos de COVID-19 em alta. 

Como eu acho que nós quebradinhos já tomamos vacina, inclusive o reforço, resta-nos tomar as medidas sanitárias de usar máscara e evitar aglomerações. Será o suficiente? – espero que sim. Acho que a epidemia nos levou a algumas reflexões: Não somos capazes de viver sozinhos: dependemos uns dos outros. A ciência, embora não tenha resposta para tudo, deve nortear nossas escolhas; mas a decisão cabe a você. A humanidade demonstra ser simplesmente humana, errando e acertando e se adaptando a novas situações. Nós ainda somos seres solidários e capazes de nos compadecer da miséria humana Estamos  intimamente ligados à saúde do Planeta Terra.  Existem fatores externos a nossa vontade que controlam nossa vida: é  a aventura humana Um “serzinho” pequeno como um vírus, dá um baile  na construção da espécie humana. Descobrimos coisas e aprendemos assuntos que estavam escondidos na nossa “falta de tempo” Podemos analisar nossos momentos: há os de informação e momentos de reflexão. Responsabilidades são importantes pelo que dizemos e pelo “dedo nervoso” no celular ou computador Floresceu uma importância enorme do mundo virtual: realizamos compras virtuais, consultas médicas e outras tantas coisas mais. As redes sociais dividem e aproximam as pessoas. E, sobretudo conhecemos o pior é melhor de nós mesmos. “O mundo é um lugar perigoso para se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas por causa daqueles que o observam e deixam o mal acontecer. “Albert Einstein

Então é Natal…

Então é Natal. Não vimos o tempo passar, houve, há o Covid, e o nosso marco temporal mudou; o que aconteceu antes da Covid e o que acontece, ou acontecerá. Não estou animada como tantas vezes, quando criança ainda estava. Era época de ganhar presentes e de ver primos, tios, queridos e não tão queridos. O período sempre, guardava ansiedade. Ansiedade boa, de quem espera coisa boa.Era um período de esperança.Estou refletindo sobre o momento; que não suscita uma esperança, um Natal Tantas coisas a humanidade passou (e passa): o isolamento, o desenvolvimento de vacinas- a crise social e econômica, a desigualdade.A realidade das pessoas, cada vez mais sem se importar com o outro, cheias de direitos e nenhum dever, nenhuma responsabilidade.O que aconteceu com o “amai-vos uns aos outros”? O que aconteceu com a humanidade, ferida, como animal acuado? “Estamos aflitos e não vimos o irmão; estamos correndo por conta própria – não sei para onde, nem para quê”Palavras que não dizem coisa alguma; quando precisamos escutar o outro.Peço que o Natal seja um tempo de reflexão; outros já pediram, tempo de renascimento, também, outros já pediram .“Tempo de oração ao seu Deus, seja qual for- o momento é de esperança” Aproveite o embalo da sensibilidade de algumas pessoas. Aproveite o momento para esperar, para ter esperança. No momento melhor, aproveite para escutar as pessoas. Os velhos- novos, amigos e inimigos. Escute , a humanidade está cheia de falar- mídias sociais e consumismo. Dê uma parada em tudo, precisamos escutar nosso coração e o coração de outrem.Feliz Natal! Que sempre haja o nascimento no seu coração. “Segue teu destinoRega as tuas plantasAma as tuas rosasO resto éa sombraDe árvores alheias”Fernando Pessoa

A EM e o envelhecimento

Ela regou suas mudinhas de lírio branco; já não eram mais mudinhas, lançavam uma grande folha para fora. Havia também uma lagartixinha que a saudava todo dia de manha escondendo-se logo depois, não era invenção , ela existia embora nunca a quebradinha  a tenho visto. Morreu, ela ficou triste.  Os dias passavam  sempre com um profundo desejo de liberdade, de fazer o que quisesse, ir para onde quisesse ,como quisesse  Havia também o desejo de encontrar pessoas, pessoas boas. A intenção que o Brasil melhorasse, perdido em sua crise política e econômica, casa sem teto. Muitos dias, ficava brava, sem paciência, o isolamento proporcionado pela Covid fez isso. ; como também tirou sua valentia para as caminhadas: tinha medo de sair, não somente por causa da violência urbana; mas o chão era mais duro, tinha mais obstáculos intransponíveis – a ajuda das pessoas numa situação de queda era mais difícil.    A quebradinha por sua vez, não  conseguia acompanhá-la; andava seus 100 metros, e ia tropeçando com a perna que arrastava ou o tronco que fletia para  a frente. Era o que incomodava bastante a quebradinha: não poder caminhar com a mãe, no momento que sua mãe mais precisava. Com seu pai fora diferente, conseguia acompanhá-lo em seus passeios pelos jardins. A vida é uma “meleca”, tanto a quebradinha como sua mãe estavam  tristes. O impulso dela viver motiva a quebradinha e acho que o da quebradinha também a ela.  A quebradinha  não consegue fazer várias atividades de vida diária, ela faz para a quebradinha. Quanta gratidão à mãe. A vida é uma “meleca”, envelhecer também, é uma sina que temos que passar. . As limitações físicas e o cansaço nos superam. Ter EM parece um envelhecimento, com menos experiência e sabedoria. A vida é uma “ meleca”, mas sabe o que mais: é o que se tem  para hoje, adaptação  a qualquer coisa. Viva a adaptação, sofre-se menos se apenas vivermos. “Um amigo chamou para cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso e fui.” Caio Fernando Abreu

Fases e Desespero

Seria covarde se não escrevesse sobre o tema: depressão e suicídio. É espinhoso falar sobre ele; machuca – a pessoa e todos que a cercam. Ainda vou pedir autorização para os envolvidos para publicar, o que vou escrever. “Algumas lembranças de um período tenebroso, alguma esperança na incerteza” Sabe quando está tudo ruim, nada corre do jeito que você quer, nem para você, nem para os outros. Um monte de pesadelos ao vivo e a cores; nada tem solução. É o desespero entranhado na alma.  Ainda há o preconceito idiota de que você esta assim porque quer- porque você é fraco, porque você não pensa nos outros que te amam; porque você não tem caráter forte, porque você é egoísta. Chegar às últimas alternativas, à última saída, o desespero é muito. Racionalmente, você  não vê  solução para seus problemas. A solução que você acha é o vazio, a ausência de sentidos, o espaço niilista.  Precisa de acolhida, de uma escuta inteligente e paciente. Não se trata de egoísmo. São fatores biológicos e ambientais que competem para uma decisão, que está guardado na mente e  no coração. Não importa o que você vai deixar: pessoas, coisas; é uma questão de impulsividade e  coragem. Criticada pelas consequências. Só posso dizer uma coisa: não faça nada do que possa se arrepender. se alguma coisa não der certo. Pense nos que ficam. E se fosse você que teria que ficar- permanecer nessa situação? Não pense em nada  ” pense que você vai ficar legal” TUDO PASSA É SÓ UMA FASE.

O que descansa o corpo e a mente?

Um cochilo, um filme numa poltrona quentinha, um pouco de “confortable food”. Sentir se acolhida, mente sã em corpo são; vice versa também. Cuidados com o corpo e mente Não sei se a palavra certa é descansar, acho que é equilibrar,  mente e corpo. São interdependentes e formam uma unidade, a pessoa A mente tem influência sobre o corpo: podemos falar dos placebos que aplacam doenças, podemos falar dos doutores da alegria em hospitais. que alegram tantas crianças e notar que o quadro geral delas melhora. Rir de mim mesmo de minhas dificuldades ajuda a enfrentar as adversidades da vida; esse é o meu jeito de lidar com um corpo que muitas vezes não obedece ao que eu quero.  Rir quando não consigo mais amarrar meus cadarços do tênis, que também não consigo vestir. Rir quando caio de maduro; não é necessária a pedra no meio do caminho para tropeçar e cair. Rir da dificuldade de falar, de pronunciar as palavras de forma clara Rir do engasgo subsequente ao gole de água. Rir da inconveniência de ter que usar fraldas como um bebê. Parece até que sou boba alegre, mas acho que não. A risada é uma forma de desanuviar o pensamento de que o corpo já não responde como gostaria. Rir da própria teimosia de continuar e esquecer e ser lembrada constantemente do cansaço. Cansaço de todas as coisas, da fadiga física à mental.  Rir é aprender, tudo no fim ė adaptação, biologicamente, funcionalmente. Sempre, como seres vivo arranjamos uma forma de fazer, ” se não vai de um jeito, então faça de outro” Rir e refletir: é o exercício que traz paz para mim. ­-Experimente você também “quebradinho”. O corpo “mequetrefe” ainda se movimenta. “É o que temos para hoje, de limões faça limonada”. A mente tem de compensar o desequilíbrio físico. Por isso o melhor remédio é sua paz, esteja em paz consigo mesmo. No fim, você vai sentir que a luta é interna. Religião, meditação, conversar com amigos, viajar,  admirar um por de sol, sorrir para uma poesia, ler um livro, enfim procure sua paz. Podemos falar que perante percalços do corpo controlamos a dor com nossos pensamentos? Fugir para onde? Se tudo vive dentro. Cuide de sua verdadeira casa… Sua mente e seu coração! (Anônimo)

Amai o próximo como a ti mesmo.

Pediram para escrever sobre o “EU”,  como sou do contra , vou escrever tudo na terceira pessoa. Espero que vocês se identifiquem com o personagem. Maria levantou-se, já estava acordada há muito tempo; a partir das quatro horas ela não dormia, não profundamente, não descansando. Ainda meio tonta por causa do medicamento da noite, levantou-se para tomar banho.  Logo depois viria o café, mais remédios, o café fumegante, que ela batizava com água fresca para esfriar e diluir Se o mundo não girasse, seria melhor, pelo menos em torno do eixo dela. Daqui a pouco a fisioterapia, necessária, mas exigente dos seus músculos  e disciplina. Mais tarde , a fisioterapia da mente, ler jornal; artigos de opinião e informações. A sala deve ser varrida e o banheiro limpo. Maria se esforça por fazê-lo , mas precisará de ajuda. Ela varrerá metade da sala e limpará o vaso, e já estará cansada. O mundo gira , talvez caia, mas  para isso não acontecer, precisa tomar cuidado. Pequenos intervalos de repouso são bem-vindos. O cansaço mata, mas é importante não se largar, não desistir. Que vontade que dá! Ela tenta ajudar na cozinha- lava a pouca louça do preparo de um alimento; lava uma alface. As pernas não ajudam, porém desistir jamais. Se as coisas fossem diferentes, talvez ela fosse professora/pesquisadora de alguma Universidade; se as coisas fossem diferentes ela ganharia muito mais ou  talvez não. Na  verdade , a bondade da vida, seja o benefício da dúvida. Ela ja almoçou , o enjoo está de volta, é bom dar um tempo; descansar. Está muito calor, mas ela não vai desistir, logo o frescor do outono arrefecerá a febre. Mãos e cabeça sem serventia são oficina do Diabo, é bom fazer uma atividade manual: crochê ou tricô ou fuxico, ou qualquer coisa que alivie a ansiedade. Já passou o dia, é noite. Resumo: mais um dia. Como tantos outros, nesse dia de restrições por causa da pandemia de Covid-19. A lição aprendida é que não vale se lembrar da sua própria pessoa e ignorar o mundo.  Mas cuidar de sua vida, é também cuidar dos outros. Se ela estiver bem, sua mãe estará bem, suas irmãs estarão bem e ela podera ajudar a quem precise. Os médicos em videochamadas; a necessidade de autocuidado é um tabu. Ela se sente responsável por aquele corpo, por aquela alma Cuidar e deixar ser cuidada, na doença, na saúde. A fisioterapia- a alimentação, os remédios. A higiene pessoal e mental. Não só para ela, para todos. Descansar; é o melhor a fazer. Autocuidado é o equilíbrio do cuidar de você e dos outros. “Eu quero uma licença de dormir, Perdão para descansar horas a fio Sem ao menos sonhar A leve palha de um pequeno sonho.  Quero o que antes da vida foi o sono profundo das espécies, a graça de um estado. Semente Muito mais que raízes “ Adélia Prado