HÁ ESPERANÇA!

Nunca imaginei que escreveria um texto falando de uma momento de pandemia mundial, ou melhor, nunca imaginei que passaria por um momento desse. Já faz muito tempo, quase um ano, que estamos numa situação completamente inusitada. Um inimigo invisível nos trancou em casa, roubou nossa liberdade de ir e vir, de nos reunirmos com colegas, amigos e parentes. Esse inimigo levou milhares de vidas mundo afora, gente de longe, gente de perto, gente de bem pertinho de nós. Porém como tudo que acontece em nossas vidas  sempre há o outro lado, que não apaga a tragédia, mas acalenta nossos corações. Diante de tanto sofrimento vimos crescer redes solidárias e as pessoas, pelo menos por instante, colocaram-se no lugar das outras daqueles que sofrem, daqueles que estão excluídos e necessitados de tudo. A pandemia expôs as diferenças sociais, as desigualdades e absurdos e abismos sociais. Estamos todos no mesmo mar, mas alguns de iate, outros de lancha, bote, boia e até nadando por si só. As dificuldades são imensas, mas não podemos deixar de olhar para o outro com empatia e compaixão, dar as mãos para chegarmos em terra firme o mais rápido possível. Percebi que o sentimento de empatia tocou muito em várias pessoas e por isso digo há esperança. Esperança está na vacina, que já começou a ser aplicada, na máscara que nós devemos continuar usando, na higienização que fazemos nas mãos, nos calçados. Estamos passando, sobrevivendo bravamente a esse caos, e isso com certeza nos fará mais fortes e pensou que mais solidários, mais humanos. Não posso deixar de falar das dores do coração, causadas pelo distanciamento, avós e netos se se abraçarem, namorados sem namoro, casais em colapso, pais e mães desgastados e desnorteados, crianças sem escola, sem amigos, sem convívio social. Triste realidade, mas nesse momento temos que ser fortes, usar das tecnologias disponíveis para acalmar nossa mente e nosso coração. Não fique envergonhado se precisar ligar para um psicólogo para tirar a ansiedade, a angústia, o medo. Ou mesmo ligar para um amigo, um conhecido para trocar umas palavras ou até mandar uma mensagem no zap para alguém que não fala há algum tempo. Por isso, não vamos esmorecer, tenhamos força, fé e amor em nossos corações, pois tudo passa, e isso tudo também há de passar. Quando passar veremos quanto crescemos e nos fortalecemos. Esperança sempre em nossos corações e mentes, paz e paciência. O momento pede um pouco mais de paciência, como diria o poeta. Estamos vendo a saída do caos, estamos vencendo batalhas e tenho fé que venceremos o inimigo. Paciência e Esperança meus amigos, sem sustos, nem surtos, tenho certeza que nós venceremos a guerra!

CONHECER E RECONHECER

Nos últimos tempos tenho refletido bastante sobre o estilo de vida que estou levando. Hoje todos somos digitalizados, estamos conectados a Smartfones, computadores, temos acesso a tudo no mundo todo o tempo inteiro, mas o que isso significa para você? Tentando responder essa questão comecei a olhar com detalhes para o meu estilo de vida, para minha rotina. O fato é que apesar de me sentir conectada a tudo e “antena” com os acontecimentos, comecei a sentir um vazio, um buraco… Não converso mais com os amigos, apenas trocamos mensagens e e-mails, no máximo, sinto falta de gente, de calor humano. Beijos e abraços foram trocados por emojis, tudo ficou simplificado, mas nós seres humanos não somos simples, somos complexos e cada um de nós é um “terreno” a ser desbravado. Envolvida por todo esse contexto percebi que estava me deixando levar pelas circunstância, passando por cima de problemas e sentimentos que estão dentro de mim. A  princípio não conseguia enxergar isso, então parti para o “mundo”, andar em shoppings, fazer contatos pela internet, mas com o tempo percebi que nada disso me satisfazia. Aos poucos fui olhando para dentro de mim, fazendo meditação e tentando descobrir o que realmente desejo e como desejo e a partir daí pensar e elaborar como posso alcançar os objetivos traçados. Estou passando por um momento financeiro bastante delicado, mas esse olhar para mim, sem estar “pilhada” em tudo que ocorre a minha volta está me ajudando a tomar decisões mais assertivas e equilibradas. Comecei a priorizar a convivência real, estar mais com minha filha, participar da vida dela e fazer contatos pessoalmente com amigos e familiares. Entendi que, na verdade, preciso mergulhar em mim me conhecer e reconhecer o que realmente me faz bem e quero e afastar aquilo que não vai agregar nada em minha vivência, na minha saúde e nas minhas emoções. É verdade que ainda não tenho as repostas para tudo, mas sei que agora estou melhor e mais centrada. Tenho certeza de que esse exercício de conhecimento e reconhecimento será constante… essa é a beleza da vida… estar sempre inventando e reinventando. Então? Que tal começar o exercício agora? “Conhece a ti mesmo”.

Deficiência e Eficiência

O fato de ter uma patologia crônica como a Esclerose Múltipla não significa necessariamente que temos deficiência física. Dependendo da região do sistema nervoso central que foi acometido pode causar vários tipos de sequelas… A maioria das pessoas com E.M. que conheço tem dificuldade de mobilidade, outros até são cadeirantes, com deficiência visual ou auditiva. O fato é que as lesões causadas pela patologia podem levar à dificuldades e consequências diferentes, porém não quer dizer em hipótese alguma que fomos incapazes. Deficiência não quer dizer ineficiência. Se alguém tem alguma deficiência significa que tem dificuldades para executar alguma tarefa, com algum sentido ou coisa parecida. Na dificuldade podemos desenvolver outras habilidades, amadurecer idéias, planejar e realizar coisas que muitas vezes se não tivéssemos alguma dificuldade não faríamos ou não pensaríamos. Quero dizer com isso que as dificuldades e adversidades podem ser aliadas para nosso crescimento, nossa criatividade e desenvolvimento intelectual e emocional. Quando a vida transcorre numa linha reta, sem dificuldade, sem curvas ou abismos, não precisamos desenvolver nenhuma qualidade ou habilidade para prosseguir e alcançar nossos objetivos. É na dificuldade de crescemos e aprendemos. A Terra não pára de girar, o Universo é um organismo vivo e em constante movimento. O movimento, os obstáculos, as curvas são absolutameente necessárias para que haja evolução. Existe um dito popular que diz: “quem gosta de água parada é mosquito”… desculpem-me mas não quero ser mosquito, quero ser o agente responsável pela minha vida, pelo meu crescimento e ter o direito de viver o que tiver de viver da melhor forma possível. Manter-se ativo creio que seja a melhor forma de conservarmos a sanidade mental, conquistarmos mais sabedoria e com certeza vivermos mais felizes.

Verão

Estamos na estação mais quente do ano, e nesse ano o verão chegou para valer. Em outras épocas do ano passamos por períodos quentes e secos que também acabam trazendo muito cansaço e fadiga, mas esse calor atual está demais… Antes da esclerose me pegar, o verão era a estação do ano que mais gostava, porém agora, cofesso que com essa temperatura alta sinto mais cansaço, dores e fadiga. Adoro praia, sempre gostei, ou melhor, adoro o mar, entrar no mar, pular ondas, nadar boiar, posso passar o dia inteiro assim… ou melhor, podia passar o dia inteiro assim… Ainda curto muito a praia, o mar, mas preciso tomar alguns cuidados. Caminhadas pela areia só um pouquinho e acompanhada, entrar no  mar também só acompanhada, a corrente marítima muitas vezes acaba me desequilibrando, mesmo estando no rasinho. É, pois é, existem coisas que sempre gostei e ainda gosto, mas atualmente preciso fazer de forma diferente. Não deixo de fazer o que gosto, apenas preciso ver a forma de fazer melhor. Além do mais é melhor passar calor na praia, tomando banho de mar do que na cidade, em casa sem nem uma piscininha para ajudar… bom, eu penso que sim, e você? Pare  e pense o que você gosto de fazer, mas que o calor lhe impede ou dificulta? Como pode fazer para superar essas questões ou ao menos amenizá-las. Não podemos, nem devemos deixar de fazer o que gostamos por conta de alguma dificuldade… Não estou dizendo que as barreiras não existem ou que são fáceis de serem superadas, mas que elas existem e não são impossíveis de serem superadas. Otimismo e pensamento positivo sempre ajudam, não vamos mascarar a realidade, mas enfrentá-la com garra e ânimo, procurando sempre  pensar diferente. Falando nesse assunto de praia e mar, ainda não consegui pisar na areia esse ano, mas estou me programando para ir no carnaval. E aí? Já penou no que quer fazer ou algo que quer continuar a fazer? Vamos combinar: vamos tentar, fazer e desfrutar de tudo o que a vida nos oferece. BORA VIVER!

Sorrir

De acordo com o dicionário sorrir é: rir sem ruído, apenas com um ligeiro movimento dos lábios e da face. Quando sorrimos para alguém soa como se desejássemos a essa pessoa as melhores energias e as melhores coisas. Esboçamos uma expressão de bondade e de carinho. Sorrir em todas as situações para tudo e para todos sabemos que não é possível, muitas vezes a vida nos apresenta fatos que nos entristecem e no “apagam” de certa forma. Pensemos juntos: aquilo que nossa face esboça saiu do funco de nossa  alma, de nossa mente, com certeza houve uma construção milimetricamente calculada pelo nosso corpo e nossa mente, que culminam com o gesto de sorrir. Para sorrir sempre precisamos ser otimistas ao olharmos para vida e olharmos as pessoas ao nosso redor. Quando sorrimos estamos emanando simpatia e com certeza atraímos energias boas. Com esse simples ato dizemos, sem palavras, que estamos prontos para enfrentar as dificuldades e para conseguirmos achar caminhos possíveis para alcançarmos o que queremos. A vida nos traz tantas oportunidades e nos abre portas e janelas, permitindo que possamos traçar nosso caminho e tomar as decisões que teremos de tomar. Não quero dizer com isso que devemos ser “bobos da corte”, mas que sim podemos enfrentar nossas dificuldades com mais leveza e com um belo sorriso nos lábios. Assim conseguimos captar mais energias boas e nossa mente se habituará a olhar para os problemas com mais leveza, entendendo que eles são necessários para nosso crescimento enquanto pessoas. Agindo assim conseguiremos angariar mais experiências positivas, o que sempre ajuda. Vamos SORRIR e viver com mais leveza!!!!

A Cura

A Esclerose Múltipla é uma doença crônica, sem cura, mas há controle. Essas foram as palavras que ouvi no dia do diagnóstico e que frequentemente voltam aos meus pensamentos. Durante muito tempo fiquei vivendo, acreditando que apesar de ter a patologia, ela não me afetaria e ficaria sempre bem, pensando que uma possível cura estava próxima e que seria questão de pouco tempo para que eu me livrasse dela. Já se passaram dez anos e ainda tenho esclerose múltipla, faço uso de medicação para controlá-la e uso um andador para me locomover melhor. Diante dessa realidade procuro viver da melhor forma que posso, controlando meu esfincter, minhas dores, minha fadiga e os efeitos colaterais da medicação de controle, que por incrível que pareça, apesar de tanto tempo de tratamento, amenizaram, mas não passaram, as sinto constantemente, como se fosse TPM (Tensão Pré-mestrual) – enxaqueca, dores no corpo e uma sensação de cansaço, principalmente nas pernas. Esta semana uma amiga me inquiriu: “se um gênio (tipo aquele da história de Alladin) aparecesse na sua frente  e fale-se – você tem direito a três pedidos, pode pedir o quiser que realizarei”. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: “quero que a esclerose fique estagnada, não evolua mais”. Ela me indagou:”por que você não pediu a cura da patologia?” Realmente podia ter pedido a cura, mas acabo tão ligada nesse diagnóstico e na minha luta diária, que o quero é ficar bem, curada ou estabilizada. Ter de conviver com uma doença como essa acaba nos colocando um limitador, que nos faz pensar Ok você está aqui, mas não vai me impedir de sonhar, de fazer, de realizar, de viver. Com certeza a cura é o ideal, o que almejo e o que todas pessoas diagnosticadas como eu também desejam, mas decidi que não será um diagnóstico que irá parar a minha vida. Não ficarei sentada ou deitada esperando que dias melhores venham, sem lutar, sem tentar, sem tomar posse da minha vida e sem assumir o protagonismo da minha vida. Essa hipótese do gênio seria ótima, mas sendo bastante realista, já que tenho a patologia vou conviver com ela e “tirá-la para dançar”, conviverei com ela, mas não deixarei que ela me domine. Quer saber tenho esclerose múltipla, mas ela não me tem, esse é meu trunfo e de certa forma MINHA CURA!

Semear

O que é o futuro? Não sabemos. Lembramos do que já vivemos, já passamos. E o presente? Grande incógnita, tão rápido e fugaz que não nos damos conta de que estamos vivendo e de como estamos vivendo, é difícil definí-lo e até mesmo de sentirmos… Vamos tentar colocar luz sobre estas questões e racionar: por vezes não temos consciência, tampouco noção do presente, mas de uma coisa sabemos: os atos que já praticamos e os que estamos praticando terão reflexo em nosso futuro. A Lei de Ação e Reação existe e é implacável. O que você fizer hoje terá consequência que necessariamente você terá de vivê-la para saboreá-la ou consertá-la. Pensando assim, podemos entender que o futuro começa agora, porque amanhã teremos de colher aquilo que plantamos hoje, ontem, anteontem… Tem um ditado que diz: “o plantio é facultativo, porém a colheita é obrigatória”. Pensando assim, devemos pensar muito bem no que fazemos hoje para  que o amanhã seja melhor, para que possamos estar  melhor e viver melhor. Tudo aquilo que falamos e que fazemos reverbera no Universo e volta para nós com a mesma força, só que em sentido contrário, ou seja, nos acertará e teremos de suportar os efeitos daquilo que plantamos, semeamos. Como você quer viver? O que pretende conquistar? A caminhada pode ser difícil, mas se inicia com um pequeno passo, que terá de ser dado hoje, agora, para que consigamos alcançar o que queremos. As dores vêem, as decepções, mas se temos um objetivo essas coisas não poderão nos deter. Algumas vezes teremos de “recalcular a rota”, como um GPS, mas podemos fezê-lo e continuar na busca do que queremos. Muitas vezes também no decorrer do caminho podemos mudá-lo por vontade própria, não há problema algum em querer isso, precisamos apenas nos recriarmos e nos refazermos e é claro conseguir novas sementes, buscá-las. Vamos pegar as sementes do nosso futuro? Vamos plantá-las agora? Pense bem, reflita: o que quero realmente? “BORA COMEÇAR?”

Não é fácil

Existe um ditado que diz: “a flecha lançada e a palavra falada não têm mais volta”. Talvez seja por essa razão que temos dois ouvidos e apenas uma boca, para ouvirmos mais e falarmos menos. É necessário que saibamos ouvir mais e falar menos. Por vezes usamos palavras chaves como: impossível. difícil, inalcançável, inconquistável, que uma vez ditas podem por a perder todo um projeto, uma palestra ou um conversa. Ultimamente estou fazendo escolhas de palavras mais positivas para o meu vocabulário habitual, bem como ouvir mais as pessoas que estão ao meu redor. Nesses tempos de internet, redes sociais, velocidade nas informações que surgem como relâmpagos, estamos deixando de lado muitas conversas olho no olho, face a face. Não temos contato visual com o outro com quem estamos conversando, que está do outro lado, e por vezes nem esperamos ele acabar de falar ou digitar para que expressemos nossa opinião. Essa velocidade na comunicação, nem sempre reflete efetivamente “comunicação”, pois um fala o outro retruca e por não termos este contato visual nem sabemos se o outro realmente ouviu ou prestou atenção à aquilo que foi dito por você. Penso que para nos comunicarmos realmente bem precisamos de algumas coisas: ouvir, perguntar e confirmar, isso quando da recepção da mensagem, mas quando nos expressamos é necessário: refletir e escolher as palavras para sermos bem compreendidos. Escolher as palavras também não é tarefa fácil, mas podemos ter uma postura e uma fala mais positiva e construtiva. Em vez de ser “difícil”, pode ser “não é fácil”, o impossível nessa lógica não existe, pois algo pode não ser fácil, porém não é impossível. Sei que já falei isso algumas vezes aqui, mas realmente acredito que o impossível não existe, sempre podemos fazer diferente, tomar outros rumos, mesmo que estejam mais distantes, não existe distância que não possa ser vencida, tampouco meta que não possa ser alcançada, basta dar o primeiro passo. Não é fácil mudar conceitos, padrões e comportamentos, porém não é impossível. Façamos, vejamos e vivamos tudo aquilo que desejamos, como já disse, não é fácil, mas não é impossível. “TUDO VALE A PENA, QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA”, pode crer.  

Reciprocidade

“Só damos ou ofertamos aquilo que temos”. Creio que a maioria de nós já ouviu esta frase em algum momento da vida. Isso tem haver com expectativas e perspectivas. Por vezes criamos a ilusão em relação a coisas e pessoas e depois nos decepcionamos com aquela situação ou pessoa. Na verdade esperamos receber algo que não poderia nos ser dado naquela situação ou por aquela pessoa. Aguardamos reciprocidade de tudo e todos, isso por vezes nos machuca, nos magoa. Muitas vezes nos empenhamos e nos doamos num relacionamento amoroso, que a princípio pode até ser correspondido, mas com o tempo o outro acaba se mostrando mais e aí vem a decepção, nos damos conta de que não era nada daquilo que pensávamos. Assim também ocorre com outras situações, COMO por exemplo, quando temos alguma dificuldade de mobilidade, motora, cognitiva, visual ou auditiva. Muitas vezes culpamos os outros por não compreenderem ou não aceitarem as diferenças que estão aí na sociedade, no nosso dia-a-dia. Vamos pensar: será que a reação ou ação daquela ou daquelas pessoas é pura maldade ou apenas ignorância, não saber não entender o que de fato ocorre com a pessoa que está naquela numa situação diferente. Cabe a nós ensinar e fazer com que o outro nos entenda ou pelo menos mude o olhar para conosco para com a situação colocada. Muitas vezes tenho dificuldade em embarcar no ônibus, pois o operador do coletivo não entende por que preciso de ajuda se estou em pé, e normalmente pergunta para que serve “o carrinho”, o andador que uso para me locomover. Confesso que já fiquei ofendida, chateada e respondi mal a aquele que estava me questionando. Com o tempo percebi que o fato de as pessoas questionarem ou até tratarem com indiferença, não é necessariamente culpa delas, é na verdade falta de conhecimento, ignorância. Vamos refletir: não cabe a nós também termos um olhar de compaixão e de amor para com o outro e explicar-lhe qual é a situação, porque daquele aparelho e qual a sua necessidade. Ninguém nasce ou vem para este mundo sabendo  tudo, mas todos temos a capacidade de apreender e compreender. Então porque não tentar ensinar ou orientar aquela pessoa. Quem sabe e tem alguma condição diferente especial, tem uma valiosa oportunidade de contribuir para que o outro tenha conhecimento e discernimento daquele situação. Só podemos dar e o que temos, ninguém pode e consegue dar ou ofertar aquilo que não tem. Proponho que sempre façamos esta reflexão e que criemos uma cultura de amor e compreensão. O rompimento de barreiras e preconceitos depende muito de nós, que muitas vezes nos consideramos ofendidos e fracos, diante de algumas situações. Entendamos também as dificuldades e limitações dos outros, o fato é que todos nós as temos, mas com conhecimento, respeito e amor podemos mudar situações, que por vezes, parecem difíceis e sem solução. Que consigamos ofertar e dar mais, para que assim também possamos receber, isto é reciprocidade e principalmente respeito.

Recomeçar

No final desse mês de agosto, mais exatamente no dia 30, comemoramos o DIA NACIONAL DE CONSCIENIZAÇÃO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA. É uma data para trazer à luz toda a problemática da patologia e visando que as pessoas em geral tenham conhecimento do que é, como se apresenta e como pode ser tratada a doença. Há dez anos atrás quando recebi o diagnóstico senti que abriu-se um buraco sob meus pés, e caí nele, um lugar escuro, completamente desconhecido e terrivelmente amendrontador. Passado o susto incial, repensei toda a minha vida, minha trajetória até ali. Refleti sobre o que queria e no que realmente iria gastar minhas energias e meu tempo, Sempre quis ser mãe e até aquele momento não tinha filho. Queria ter um canto meu próprio, minha casa. Tive de adaptar minha rotina, estava trabalhando e precisei abrir espaço na minha rotina para incluir os tratamentos de fisioterapia e psicoterapia, bem como para aplicação da medicação e depois para lidar com efeitos colaterais que ela provoca. Também vendi meu carro, pois fiquei impossibilitada de dirigir e sinceramente essa não era e não é uma coisa que estava ou está na minha lista de prioridades. Não foi nada fácil encarar essa luta. Porém dez anos depois estou aqui firme e focada na minha qualidade de vida. Cotinuo tomando a mesma medicação, fazendo os tratamentos complementares, ando com a ajuda de um andador, mas ando e consigo ir onde desejo e com ele tenho alguma autonomia. Quanto aos projetos de vida, devo confessar que alcancei a maternidade que queria tanto, mas ainda não conquistei o meu canto, meu lugar, para viver em paz na companhia do meu amor, minha filha. Fui aposentada por invalidez há três anos e desde então me dedico mais à minha saúde e à minha filha. Apesar disso não consigo parar, escrevo, faço Terapia Cultural – Teatro e assim me sinto produtiva e útil. Tenho planos e desejos, ainda não desisti de ter um canto meu, ter um recionamento amoroso. Por isso, penso que mais do que entender a patologia, é importante entender que ela pode trazer algumas limitações, porém ela não nos impede de viver, sonhar e realizar coisas que queremos. Com Esclerose Múltipla não tem como ignorá-la e simplesmente deixá-la guardada e sair por aí. Ela nos obriga a refletir mais, a refazer os planos e os caminhos a serem percorridos. Um diagnóstico não pode nos limitar, tampouco nos impedir. É claro que alguns pontos de nossa vida diária, de nossos planos precisarão de ajustes, mas é possível viver com um mínimo de qualidade. A batalha é intensa e extensa, existem muitas coisas que precisam ser reformuladas, como a questão de acessibilidae, locomoção, trabalho e tratamentos terapêuticos de controle da doença e reabilitação. Por isso a importância e necessidade de haver um dia no calendário para marcar essa reflexão e demonstrar essas necessidades. Quanto a nós, pacientes com Esclerose Múltipla, precisamos nos reinventar e recomeçar, adaptando nossa realidae, mas sem nunca desistir de nossos projetos e de nossas vidas. Portanto, as palavras de ordem para esse dia de reflexão é: RENASCER, RECOMEÇAR e principalmente DESISTIR JAMAIS.