Bora seguir com a vida

Oi! Como jornalista, eu sei que tenho que informar o leitor sobre o que aconteceu comigo há pouco mais de dez dias, até porque se trata de um serviço público. Roubaram a minha cadeira de rodas motorizada, seminova, que estava à venda! Ou, não sei se é pior, de livre e espontânea vontade eu entreguei a cadeira para um homem que se apresentou como motorista de um aplicativo, que viera à minha casa para retirar a cadeira, após ter sido feita a negociação, via Internet.  No banco de trás de um Prisma prata, a cadeira foi acomodada, mas o pagamento pela compra….ah, esse não entrou na minha conta bancária. Resumo da ópera: eu caí num golpe estelionatário, não existia nenhuma Rafaela, o nome da suposta compradora, e nem sei se o tal motorista era mesmo do aplicativo. Agora é a polícia quem vai confirmar todas as informações, incluindo endereços, placa do carro e troca de e-mails, depois que eu denunciei o ocorrido.

Eu não vou entrar em detalhes da história e nem pretendo falar mal desses sites de venda pela Internet. Muito pelo contrário, já há alguns anos costumo fazer compras pela Internet, justamente pela minha dificuldade de ir e vir a muitos lugares. Pra falar a verdade, eu adoro comprar através dos cliques que dou no meu computador. É fácil, rápido e…pronto, o produto chega às minhas mãos! E também preciso esclarecer que, além de comprar, eu também já tive experiência como vendedora, pois foi através de um site que eu vendi, onze anos atrás, a minha primeira cadeira de rodas sem o menor problema. Desta vez, não foi por ingenuidade da minha parte que este fato ocorreu, nem pelos tais cinco minutos de burrice que, dizem, todos nós temos direito de ter ao dia; acredito mesmo que aconteceu porque tinha que acontecer, pois, algumas circunstâncias me levaram a fechar o malfadado negócio.

 

A minha intenção em relatar este episódio é mostrar que é possível para nós, portadores de esclerose múltipla, convivermos com os dissabores que a vida nos impõe. Algumas vezes podemos até ficar sujeitos a crises repentinas provocadas pelo nosso sistema emocional que foi abalado por alguma razão. Daí é o momento de sacudir a poeira e dar a volta por cima…  É fácil? Não! Agradável fazer cara de paisagem e dar a impressão de que tô nem aí? De jeito nenhum! Eu quero dividir com vocês que fiquei muito, mas muito decepcionada por ter sido enganada, mas não posso permitir que isso prejudicasse o meu físico, nem o meu humor.

Está certo…, acho que é normal ter alguns momentos de tristeza, por isso fui bem pacienciosa comigo mesma. Depois eu refleti com os meus botões: “Valquíria, você não usava aquela cadeira, ela estava como um móvel encostado na sua sala já por dois anos, sem uso… É verdade que o dinheiro que iria pegar pela venda poderia ajudá-la e o gasto que você teve na compra desta cadeira não vai ser ressarcido. Assim como também é verdade que, por mais que você não esteja rasgando dinheiro, não está precisando dele desesperadamente, graças a Deus! Então, dois mais dois quatro, noves fora, o que foi, foi, Val”. Quer dizer, o que aconteceu, aconteceu e, dificilmente vai ter volta. Não posso permitir então, que fatos como este me afetem de um jeito que poderá trazer consequências irreparáveis pra mim. Bora seguir com a vida, sem tanto stress!

A gente se vê na Abem!

Val