Quais as Causas da E.M.

Até o momento a causa é desconhecida. Nas pesquisas, amplos esforços são dirigidos ao estudo do indivíduo portador, como também do ambiente onde vive. A deterioração da mielina é provavelmente mediada pelo sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos, o que resulta em um ataque maciço ao próprio tecido nervoso, isto é, uma resposta auto-imune. Ainda não foi identificado um antígeno específico. Uma teoria defendida por pesquisadores é a de que o desencadeante responsável é um vírus e neste caso que o sistema imunológico interpreta uma parte da proteína mielínica como sendo um vírus de estrutura similar e a destrói (mimetismo molecular).

Quais são os possíveis sintomas?

Não existe um padrão definido como o ideal para a EM. Cada paciente possui o seu tipo peculiar de manifestação da doença e cada pessoa com EM terá o seu conjunto de sinais e sintomas. Estes sintomas podem mudar ao longo do tempo. Mas os sintomas se correlacionam com o comprometimento da mielina e ou axônios e varia de acordo com a área/ ou via acometida. Os tipos mais apresentados no indivíduo com EM são: Alterações fonoaudiológicas Pode surgir no inicio da doença ou no decorrer dos anos alterações ligadas a fala e deglutição com sintomas: fala lentificada, palavras arrastadas, voz trêmula, disartrias, fala escandida e disfagias (dificuldade para engolir: líquidos, pastosos, sólidos).   Fadiga Sintoma debilitante de instalação imprevisível ou desproporcionado em relação à atividade realizada, a fadiga é um dos sintomas mais comuns e um dos mais incapacitantes da EM. Manifesta-se por um cansaço intenso e momentaneamente incapacitante para realizar uma atividade desejada. Muito comum quando o paciente se expõe ao calor ou quando faz um esforço físico desenvolver um trabalho ou uma sensação abrangente de falta de energia, corporal ou sistêmica. Transtornos cognitivos O paciente pode apresentar sintomas cognitivos, ou seja; de memória, durante qualquer momento da doença, e independe da presença de sintomas físicos/motores. Funções cognitivas mais freqüentemente comprometidas são no processamento da memória e na execução das tarefas. Os indivíduos se queixam muito que levam mais tempo para memorizar as tarefas e possuem mais dificuldades para executar as mesmas. Transtornos emocionais Estes sintomas podem estar presentes e serem reacionais as mudanças que podem fazer a pessoa em sua vida de maneira súbita ou mesmo secundário às lesões do sistema nervoso central. Assim, pode haver sintomas depressivos, ansiosos, transtorno de humor, irritabilidade, flutuação entre depressão e mania ( transtorno bipolar)  Outros sintomas que podem ser apresentados Problemas de bexiga e intestinaisIncluem a necessidade de urinar com freqüência e/ou urgência (quando vontade de urinar necessidade de urgentemente ir ao banheiro, por não conseguir segurar por muito tempo, assim como esvaziamento incompleto, retenção urinária). Os problemas intestinais incluem constipação intestinal e urgência fecal. Transtornos visuais: Visão embaçada; Visão dupla (diplopia); Problemas de equilíbrio e coordenação: Perda de equilíbrio; Tremores; Instabilidade ao caminhar (ataxia); Vertigens e náuseas; Falta de coordenação; Debilidade, pode afetar pernas e o andar; Fraqueza geral. Espasticidade Espasticidade (rigidez de um membro ao movimento, acomete principalmente os membros inferiores). Parestesia (sensação tátil anormal), ou sensação de queimação ou formigamento em uma parte do corpo; Outras sensações não definidas; Pode haver dor associada à Esclerose Múltipla, como por exemplo dor facial; (neuralgia do trigêmio) e dores nos membros de origem central; ou seja secundária a lesão do sistema nervoso central Sexualidade Disfunção erétil, nos homens Diminuição de lubrificação vaginal nas mulheres Comprometimento da sensibilidade do períneo (região da genitália), interferindo no desempenho do ato sexual

Como é diagnosticada?

Os sintomas podem ser brandos ou pouco perceptíveis, o que faz com que a pessoa sequer procure o médico, ou seja, pouco valorizado inicialmente. Outras doenças do sistema nervoso podem provocar sintomas similares aos da Esclerose Múltipla dificultando o diagnóstico. O profissional mais indicado para diagnosticar a EM é o neurologista. O diagnóstico deve estar baseado em uma história sugestiva onde sintomas aparecem dentro de um tempo e espaço (isto significa que dentro do raciocínio médico consegue-se detectar regiões diferentes do sistema nervoso acometido com o decorrer do tempo), além de um exame neurológico bem detalhado. Após a hipótese deve ser o indivíduo submetido a exames complementares comprobatórios. Os critérios básicos são: Evidência de múltiplas lesões no SNC Evidência (clínica ou paraclínica) de pelo menos dois episódios de distúrbio neurológico num indivíduo entre 10 e 59 anos de idade Os exames solicitados pelo médico neurologista para auxiliar no diagnóstico são: Ressonância Magnética de crânio e coluna em niveis cervical,toracico ,lombar ( em alguns casos ) Líquor onde o fluido que banha o SNC é retirado para exame Potencial evocado que mede a condução nervosa no seu trajeto visual, auditivo, motor e sensorial)    

Como é tratada?

Embora sem cura no momento, os tratamentos oferecidos buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidade durante a vida do indivíduo. Além do foco na doença, tratar os sintomas como os urinários, fadiga é muito importante para qualidade de vida do paciente. A neuroreabilitação é importante juntamente com o tratamento medicamentoso no tratamento dos sintomas, na adaptação e recuperação quando possível e prevenção ao longo do tempo de complicações como as deformidades ósseas. Hoje existe indicação de medicamentos que visam reduzir a atividade inflamatória e a agressão à mielina, com diminuição dos surtos, em intensidade e freqüência, contribuindo assim na redução do ganho de incapacidade ao longo dos anos. São as abordagens denominadas modificadoras da evolução da doença, os imunomoduladores. O emprego de imunosupressores também tem ocupado lugar de relevo no tratamento da EM. Entre eles destacam-se a azatioprina, a ciclosfosfamida, o mitoxantrone, o methotrexate e a ciclosporina. A prednisona ou outros corticóides podem ser empregados por via oral. Com resultados razoavelmente bons, temos a pulsoterapia venosa pela metilprednisolona. A partir da década de 90, os interferons juntamente com o acetato de glatiramer, passaram a ser utilizados no tratamento da EM para reduzir os surtos e estabilizar a doença ao longo dos tempos apesar de não ser a cura. No Brasil estes medicamentos são distribuidos gratuitamente pelo governo através de farmácias de dispensação de alto custo ou em centros públicos de referência do tratamento da EM mediante relatório médico que confirme a existência da doença. O interferon beta 1 a é administrado por via subcutânea 3 vezes na semana (rebif 22mcg ou 44mcg) ou intramuscular 1 vez por semana (Avonex 30mcg). O interferon beta 1 b é administrato subcutâneo em dia alternados (Betaferon 8000UI). O acetato de glatiramer deve ser empregado subcutâneo diariamente (Copaxone 20mg) No uso dos inteferons deve se ter um monitoramento de perto da função hepática. .Em caso de alteração deve ser avaliado a descontinuação de seu uso pelo médico. Sintomas muito comuns no inicio do uso destas medicações são: dores de cabeça, dores musculares, febre, fadiga, agravamento de sintomas anteriores; isto é transitório na maioria dos casos e podem ser amenizados iniciando-se com doses menores, utilizando-se analgésicos pré-administração, deixando as aplicações como a última atividade do dia; mas é claro, o mais importante, siga as orientações do seu médico assistente. Tratamento de Recidivas Agudas Uma melhora natural de exacerbações agudas ocorre freqüentemente num prazo de 4 a 12 semanas. O grau de melhora varia e, provavelmente, se deve à regressão da inflamação. Para recorrências agudas, a maioria dos neurologistas prescreve altas doses de corticosteróide intravenoso, como metilprednisolona (solumedrol) por 3 a 5 dias. Essa série pode ser seguida de uma dose oral gradualmente decrescente de corticosteróide (p.ex.: prednisona). Corticosteróides orais também podem ser empregados para tratar uma recidiva branda ou moderada. Efeitos colaterais, causados pelo uso prolongado dos corticosteróides (osteoporose, hipertensão arterial, catarata, perda muscular), geralmente não ocorrem com o uso por curto prazo. Entretanto, pode haver efeitos colaterais como alterações do humor, desconforto epigástrico, micção freqüente e visão embaçada. Tratamento Sintomático Medicamentos utilizados na Esclerose Múltipla devem ser indicados pelo médico neurologista que vai analisar cada caso. Aliado ao tratamento medicamentoso, o tratamento reabilitacional é benéfico para reduzir a espasticidade, espasmo, fadiga, depressão entre outros sintomas. Novas Medicações – Anticorpos monoclonais: Um grupo medicamentoso muito utilizado em reumatologia e oncologia. Atualmente, muitas substâncias vêm sendo testadas para esclerose múltipla, estudos multicêntricos, pelo mundo, fases finais de estudo; rituximab, alemtazumab, daclizumab. No mercado já esta disponível o natalizumabe (tysabri), a primeira produzida especificamente para esclerose múltipla, cuja indicação é para doença grave, de evolução rápida, refratária a outras terapêuticas. Age na atividade inflamatória, reduzindo surtos e as incapacitações. – Medicações vias orais: Fingolimod, cladribina, laquinomod, teriflunomide, fumarato. A primeira já aprovada pelo FDA ( o similar da ANVISA americano), deve chegar em nosso mercado no próximo ano e a segunda em vias de final de aprovação. Todas com indicação para minimizar surtos quanto freqüência, taxa anual e concomitante Acúmulo de inacapacitações; porém, muitas perguntas ainda precisam ser respondidas: quantos efeitos adversos em longo prazo, efeito preventivo, reparador, neuroprotetor, comparativo com tratamentos atuais. – Transplante autólogo de células tronco: Ainda é um protocolo de pesquisa e indicado na refratariedade terapêutica, a maioria dos trabalhos mostrem uma estabilização clínica, mas não uma melhora objetiva; precisa-se de estudos mais longos para uma melhor conclusão e responder algumas questões principalmente manutenção de eficácia a longo prazo.

Quem pode desenvolver?

No Brasil a prevalência é em média de 18/100.000 pessoas. Quanto mais distante da linha do equador, ou seja, maior latitude, maior a prevalência. No Canadá, por exemplo, em média 135 / 100.000 habitantes. É uma doença que acomete adultos jovens, principalmente mulheres na proporção 2:1, e hoje já se vê trabalhos referindo 3: 1 em relação aos homens. Mais comum em caucasianos, do que em outros grupos raciais. Idade de maior adoecimento entre 20 e 50 anos, mas hoje já se faz cada vez mais o diagnóstico em idades inferiores inclusive adolescentes e crianças. Acima dos 50 anos também há casos de inicio da doença descritos.

Tem dúvidas, suspeita?

A dúvida Se existe a “suspeita” de estar com esclerose múltipla, a primeira coisa a ser feita é buscar esclarecer o diagnóstico. Deve-se então, procurar um médico neurologista, que é o profissional mais adequado a investigar e tratar pacientes com a doença. Existe uma série de doenças inflamatórias, infecciosas, que podem ter sintomas semelhantes ao da esclerose múltipla. O mais importante é aliar ao conhecimento médico, a história da pessoa e exames físicos, neurológicos e laboratoriais.   Os enganos mais comuns: • Sub valorizar ou supervalorizar sintomas, levando a falso positivo e falso negativo em relação ao diagnóstico de EM. • Aconselha-se em caso de dúvida, repetir os exames, rever a anamnese e exame físico sempre que for necessário.

Opções de tratamento

Embora não exista a cura para a Esclerose Múltipla, há tratamentos que visam reduzir surtos e assim o acúmulo de incapacidade com o tempo. A definição da melhor terapia depende da forma de manifestação da EM. A indicação é feita pelo neurologista. Quanto antes iniciar o tratamento pode-se: ■ Reduzir a inflamação; ■ Reduzir a lesão do axônio; ■ Reduzir a exacerbação clínica; ■ Reduzir a progressão com o tempo. Além da medicação para a EM, existem medicamentos que buscam aliviar os sintomas como a dor, dormência, urgência urinaria, fadiga, entre outros. Cada sintoma deve ser discutido com o neurologista a fim de viabilizar a melhor conduta e orientação. OS BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO PRECOCE NA EM Adultos jovens que tiveram uma síndrome clinicamente isolada, e que tem um tipo de ressonância nuclear magnética cerebral, com determinadas alterações detectadas, pode ter um risco muito elevado de desenvolver esclerose múltipla. Os testes clínicos demonstraram que as pessoas respondem melhor quando são tratadas com medicamentos para EM. Quando uma pessoa com esclerose múltipla tem uma primeira síndrome clinicamente isolada, a doença já atacou o cérebro por algum tempo. O processo é comparado com a uma locomotiva rolando morro abaixo. Uma vez iniciada a resposta auto-imune, é quase como um trem passando por cima do topo de uma colina. Você terá um tempo muito mais fácil de diminuir a velocidade no início de seu curso, quando mais tarde o ritmo começa a ficar fora de controle. Colocar um freio na locomotiva de EM fora de controle, significa tomar uma medicação. Diminuirão ou até desaparecerão lesões novas.  

Suporte da família

Quando uma pessoa da família recebe um diagnóstico de Esclerose Múltipla, toda a família será afetada. A EM traz mudanças que pode ser estressante para toda a família. Abaixo estão algumas dicas que podem ajudar a sua família os desafios do tempo, trabalham juntos e ainda se divertir. Manter uma alimentação saudável, ambiente familiar favorável pode ser o maior conforto ao enfrentar o desafio da EM. Alterando e desafiando os papéis A Esclerose Múltipla muitas vezes leva a mudanças nos papéis familiares. Como a Esclerose Múltipla progride, a pessoa que já foi o principal apoio financeiro para a família pode ter que reduzir a jornada de trabalho, reduzindo a renda familiar. Um cônjuge ou parceiro pode precisar fazer ajustes de trabalho, a fim de trazer mais renda ou manter o seguro de saúde. Alguém que foi o principal prestador de cuidados infantis de repente, pode contar mais com um cônjuge para ajudar na criação dos filhos e afazeres domésticos. As próprias crianças podem ser esperados para assumir as tarefas domésticas e adicional pode ser necessário ajustar a um pai que não podem participar plenamente em algumas atividades. As famílias precisam ser paciente e flexível quando descobrir um novo ritmo de vida em torno de esclerose múltipla. Reuniões semanais da família pode ajudá-lo a resolver através de preocupações e dificuldades, dando a cada membro da família a oportunidade de falar abertamente. Comunicação e planejamento são as chaves para resistir ao stress. Não hesite em pedir ajuda. Aconselhamento e grupos de apoio podem ajudar cada membro da família lidar com os desafios da Esclerose Múltipla. Adolescentes e cônjuges podem beneficiar mais se aderir a um grupo de apoio especificamente para os entes queridos de pessoas com Esclerose Múltipla. Continue a fazer atividades juntos como uma família. Embora algumas atividades da família podem ter de ser ajustada, não deixe de passar algum tempo juntos por causa da esclerose múltipla. O tempo gasto apreciando a companhia do outro, se divertir e relaxar mantém a sua família saudável. Por isso, o apoio da familia é fundamental para ajudar o portador a transpor todas as dificaldades que ele enfrentará.

Tipos de E.M.

A Esclerose Múltipla pode se manifestar: 1. Evolui em surtos cujos sintomas ocorrem de maneira súbita com posterior recuperação parcial ou total dos mesmos, neste caso chamada Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) ou surto remissão. 2. Evolui sem surtos, mas com sintomas progressivos acumulados ao longo do tempo, neste caso chamada Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EM PP). 3. Evolui com sintomas lentos e progressivos com o tempo em indivíduos que possuem a forma remitente recorrente inicialmente EMRR pode evoluir com ganho de sintomas sem surto em geral após 20 anos de doença pode ser observado e aqui chamado de Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva. A forma mais comum de esclerose múltipla é a recorrente-remitente (quando os surtos podem deixar sequelas ou não).

Doar

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