Durante esses anos de conhecimento e convivência inicial com a EM conheci um médico chamado Mauro Atra que me fez a acreditar que eu poderia superar, me fez acreditar naquele menino que tinha sonhos de ser astronauta de fazer um mundo melhor, que sempre sorriu e ajudou a quem precisasse sem nenhuma distinção. Então em uma conversa franca em uma noite pós-exames de ressonância magnética, pedi como um favor que ele me tirasse as injeções, elas estavam incisivas demais e não sentia naquele momento que me ajudavam como deveria, ele me pediu então que eu me tornasse um atleta de ponta novamente como eu já tinha sido, isso seria para que quando ficasse mais velho não sentisse tanto os efeitos que a doença poderia ocasionar. Ele também me disse três coisas que nunca vou esquecer: procure um bom trabalho, que te reconheça, uma mulher para ser uma parceira de vida e o último: “mostre a todos como pode superar isso e ser feliz”. Ele também me disse: “você já foi atleta de ponta, seja um para sempre”. E ai começou uma jornada que na verdade já havia começado logo um ano depois do diagnostico em 2003, mas eu ainda não havia percebido: a busca da perfeição para o equilíbrio. A jornada foi longa até aqui, tantas tentativas foram feitas, novos empregos, novos amores, novos amigos, treinos, treinos específicos, diferentes como até em uma academia de goleiros que me ajudou em muito a manter a elasticidade e energia. Mas foi na escalada e nas altas montanhas que encontrei o verdadeiro desafio de nunca desistir, pois não importa quantos topos tenho que alcançar, o mais importante e saber descer de lá e poder contar como isso é possível, basta acreditar. Tive a honra de conhecer o Nando Bolognese que escreveu o livro “Um palhaço na boca do Vulcão” e esta com a peça em cartaz “Se fosse fácil não teria graça”. Foi por intermédio de uma amiga em comum que me pediu que fosse assistir sua peça. Ele é paciente de EM e já está com a doença em estágio mais avançado. Em toda a peça chorei e ri, os seus relatos foram tão próximos ao que passei, que me vi ali naquela situação, não senti pena de mim, alias nunca senti, mas senti uma tristeza misturada com alegria. Quando fui pegar seu autógrafo e me apresentei e explicando porque estava lá, ele se surpreendeu com a minha forma física, me abraçou e disse com um sorriso e uma simplicidade única que me comoveu: “Chico conte sua história para as pessoas, traga a sua montanha para eles, faça eles acreditarem”. E sai de lá com essa promessa. Então nesses anos todos, fui andando por aí e nunca mais parei , treino em academia de goleiros, dou treinamento inicial de escalada a quem quiser aprender as suas primeiras subidas, escalo em rochas e em altas montanhas (minha paixão), faço parte de comissões e treinamentos para atletas especiais, crianças, amadores e pessoas que querem se tornar atletas, prático funcional, tenho vários certificados de treinamentos internacionais, curso de resgate em áreas remotas, treinamento de arte marcial russa, faço parte da seleção brasileira de Tchoukball, fiz curso e prático treinamento de Kettlebell, pratico todos os esportes de aventura que possam imaginar, seja na terra, na água ou no ar, prático a dança como arte do movimento, ela ajuda a superar nossas supostas limitações que nós mesmos criamos. Faço cursos motivacionais, para melhorar entender a consciência humana e tratar todos iguais como assim tem que ser. Esse ano, passei em Educação Física e estou aprendendo a tocar bateria. Ah, também trabalho com representação comercial! Bom, e a EM? Sim, ela existe e às vezes ela dá sinal sim, às vezes o braço esquerdo ainda acorda sem reação, a fadiga vem, as dores incomodam de manhã, mas é com ela que convivo e supero todas as vezes que vem uma crise. Quando criei a Moves and Vibes foi com o objetivo de aceitar qualquer pessoa, seja ela com a EM ou não e hoje tenho algumas pessoas envolvidas com ela treinando e se superando, pois foi no esporte que encontrei um caminho. Posso assim contribuir, dividir e dar continuidade para as pessoas que tem essa doença silenciosa, que ainda causa espanto quando subo uma parede ou salto e digo que a tenho, é muito engraçado. Sabem por que de tudo isso? Em 2003, quando eu estava a noite em meu quarto dentro do hospital, pensando o que seria dali para frente, o telefone do quarto tocou. Era uma pessoa que falava em nome dos pacientes de Esclerose Múltipla. Ele me explicou que não podia dizer seu nome, me disse que era apenas um relojoeiro. Escutei tantas coisas boas em um silêncio absoluto, que aquilo não era o fim e sim o começo de uma nova etapa da vida, me disse também que estava ligando em nome da ABEM, que era uma corrente para dar esperança a quem fosse diagnosticado. Eu agradeci e disse um dia vou retribuir em mil vezes o que está fazendo por mim nessa noite e ele respondeu: “tenho certeza”. Ele acertou. GOOD VIBES!! Francisco Roberto Loria Filho Meu nome é Francisco Roberto Loria Filho, mas podem me chamar de Chico, Chicão ou Fran, foram esses os apelidos que fui ganhando pela vida. Tenho 49 anos é sou paciente de esclerose múltipla há 13 anos. Pratico muitos esportes, principalmente os de aventura sendo a Escalada e o Montanhismo o mais merecedor do meu amor e da minha dedicação, que me fez superar muitos desafios, a ter inúmeras conquistas. A esclerose múltipla me ajudou a criar a Moves and Vibes que tem como missão levar a todos conhecerem seus melhores movimentos e ações, sejam eles pelo esporte, pela dança, pela música ou qualquer outra atividade que inspire. Fiz faculdade de direito e trabalho em área comercial. Atualmente faço uma nova faculdade, de Educação Física para ampliar meus … Ler mais