MS publica atualização do PCDT de Esclerose Múltipla

Publicado: Segunda, 09 de Abril de 2018, 17h37 Última atualização em Segunda, 09 de Abril de 2018, 17h46 Acessos: 163 O Ministério da Saúde tornou pública nesta sexta-feira, 06 de abril, a portaria de atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Esclerose Múltipla. A recomendação da Conitec levou em consideração a eficácia e segurança dos medicamentos incorporados. Cabe ressaltar que os medicamentos são administrados por via oral, o que possibilita maior comodidade aos pacientes. Da Doença A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune, que acomete o sistema nervoso central provocando dificuldades motoras e sensoriais. Apesar dos diversos estudos científicos, as causas da esclerose ainda são desconhecidas. No entanto, sabe-se que a doença afeta, normalmente, adultos entre 18 e 55 anos de idade e é mais recorrente em mulheres. No Brasil, de acordo com os dados apresentados pelo grupo elaborador do protocolo, sua taxa de prevalência é de aproximadamente 15 casos por cada 100.000 habitantes. O PCDT e as novas tecnologias A terifluromida é um agente imunomodulador e anti-inflamatório que atua no bloqueio da proliferação de linfócitos ativados, diminuindo a inflamação e o dano causado à mielina no sistema nervoso central. Já o fumarato de dimetila atua regulando positivamente os genes antioxidantes dependentes de Nrf2. O diagnóstico da EM é feito com base em critérios específicos, o exame de ressonância magnética (RM) do encéfalo é fundamental e demonstrará lesões características da desmielinização. Ainda devem ser realizados alguns exames laboratoriais (exames de anti-HIV e VDRL e dosagem sérica de vitamina B12) no sentido de excluir outras doenças de apresentação semelhante à EM. O Potencial Evocado Visual também será exigido, quando houver dúvidas quanto ao envolvimento do nervo óptico pela doença. Após o estabelecimento do diagnóstico, deve-se estadiar a doença, ou seja, estabelecer seu estágio ou nível de acometimento por meio da metodologia de Escala Expandida do Estado de Incapacidade (Expanded Disability Status Scale – EDSS). O EDSS é a escala difundida para avaliação de EM. Possui vinte itens com escores que variam de 0 a 10, com pontuação que aumenta meio ponto conforme o grau de incapacidade do paciente e é utilizado para o estadiamento da doença e para o monitoramento do paciente. Das tecnologias disponíveis no SUS Além das novas tecnologias incorporadas, o SUS também dispõem de outros medicamentos e procedimentos para o tratamento da EM. Para conhecer a lista completa acesse: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_PCDT_EscleroseMultipla.pdf. A população pode acompanhar todos os processos de recomendação de incorporação de tecnologias no SUS pelo portal da CONITEC. PORTARIA-CONJUNTA-N-10-ESCLEROSE-MULTIPLA.09.04.2018

Falta de medicamentos

Amigo(o)a: Hoje vou falar de um assunto muito sério, vou contar uma historinha sobre leis e estrutura, vou falar sobre: a falta de medicamentos especializados e de alto custo.  Vai ser meio chato, mas esclarecedor. A maioria de meus leitores está ciente da falta desses medicamentos que são oferecidos pelo SUS, mas poucos conhecem um pouco do que é garantia e legislação de medicamentos especializados . Por exemplo: Vocês sabem o que é RENAME? A PORTARIA No 1.897, DE 26 DE JULHO DE 2017 estabelece a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME 2017 no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio da atualização do elenco de medicamentos e insumos da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME 2014 A partir da criação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), esta passa a ser responsável por propor a atualização da RENAME, conforme estabelecido no Decreto no 7.646, de 21 de dezembro de 2011. A Conitec é um órgão colegiado de caráter permanente, que tem como objetivo assessorar o Ministério da Saúde nas atribuições relativas à analise e à elaboração de estudos de avaliação dos pedidos de incorporação, ampliação de uso, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde; e na constituição ou na alteração de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas (PCDTs). Por meio de instrumento legal, a Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) foi institucionalizada no Brasil como critério indispensável para a tomada de decisão sobre a incorporação tecnológica Sendo a RENAME a Relação  Nacional de Medicamentos do Componente Especializado, medicamentos para doenças como esclerose múltipla e algumas doenças raras estão listados nela. A RENAME é apresentada conforme definido na Resolução da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) no 1, de 17 de janeiro de 2012, em cinco anexos: Decreto no 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispõe que “a RENAME compreende a seleção e a padronização de medicamentos indicados para atendimento de doenças ou de agravos no âmbito do SUS” e também que “a cada dois anos, o Ministério da Saúde consolidará e publicará as atualizações da RENAME.” Assim, a RENAME cumpre a Resolução CIT no 1, de 17 de janeiro de 2012, que apresenta a composição dessa Relação de acordo com as responsabilidades de financiamento da assistência farmacêutica entre  União, Estados e Municípios, proporcionando transparência nas informações sobre o acesso aos medicamentos do SUS. Manter a RENAME como instrumento promotor do uso racional e lista orientadora do financiamento de medicamentos na assistência farmacêutica configura-se um grande desafio para os gestores do SUS, diante da complexidade das necessidades de saúde da população, da velocidade da incorporação tecnológica, e, dos diferentes modelos de organização e financiamento do sistema de saúde. A motivação para vencer esse desafio alicerça-se no papel desempenhado pela RENAME como orientadora do acesso à assistência farmacêutica, fortalecendo o SUS como uma grande conquista da sociedade brasileira.  Resumindo:  A  RENAME é a lista de padronização de medicamentos indicados para o atendimento aos usuários do SUS. Ela está disponível on-line e é atualizada permanentemente e publicada a cada 2 anos.  Os benefícios que essa lista traz para beneficiários do SUS são: Maior clareza sobre quais medicamentos pode contar para o tratamento; Onde buscar o medicamento – nível de atenção; Conhecimento sobre os locais “onde são encontrados”   Informaçoes coletadas no sites:   bvsms.saude.gov.br portalarquivos.saude.com.br   Tudo isso para dizer, que adianta uma legislação, uma estrutura organizacional, uma lista de medicamentos especializada  on-line SE no fim das contas o usuário SUS , não consegue o medicamento para usá-lo? SE, os esclerosados como nós, não tem medicamentos para evitar crises; não vamos morrer, mas vamos dar mais gastos ao SUS (internações, cadeira de rodas e outros insumos como fraldas por exemplo). E ainda há  pacientes que correm riscos de vida (com câncer, os transplantados, e tantos outros que podem morrer) sem os medicamentos. E aí vale o dilema Ético: quanto vale uma vida? Quem está “embaçando” a entrega dos medicamentos, se eles constam na lista (RENAME) e o SUS assegura seu fornecimento? As empresas farmacêuticas, o governo ou os que tomam as decisões; os governantes, as autoridades que aprovam as verbas para os medicamentos? Depende da vontade de quem? Reflita e propague esse apelo, estamos sem medicamentos. Estamos jogados à própria sorte. Errado ou certo acho que já passamos dessa fase, o que podemos fazer, a quem bater à porta e pedir? Queremos viver e com dignidade.

Clipping Advocacy – Abril 2018

Queridos leitores! Estamos muito felizes com o resultado dos clippings e de como este canal de comunicação tem nos aproximado a cada edição. Pedimos a vocês que continuem colaborando conosco, queremos que vocês estejam engajados neste projeto. Enviem suas sugestões de pautas para estagio.juridico@abem.org.br e ajude-nos a construir o próximo clipping! PARTICIPE – PLANO DE SAÚDE E ESCLEROSE MULTIPLA, ESTA FUNCIONANDO? O programa de “advocacy” da ABEM trabalha na defesa dos interesses dos pacientes com esclerose múltipla em vários campos, desde o apoio em tratamento de reabilitação, serviço social, acesso às novas tecnologias em saúde e na busca de melhores políticas sociais para garantia de tratamento adequado, preservação e/ou recuperação da qualidade de vida aos nossos assistidos. Assim com a finalidade de monitorar o que acontece no “mundo real”, vimos solicitar sua contribuição, respondendo a enquete abaixo: Você faz uso do medicamento natalizumabe pelo plano de saúde? Conte-nos da sua experiência, se tem sido tranqüilo este relacionamento e/ou se teve empecilhos? Envie sua contribuição por e-mail para: estagio.juridico@abem.org.br. ESTAMOS DE OLHO! Este ano será um ano de eleições e definições para os próximos anos. A ABEM não defende nenhum político ou partido, mas pede para que todos nós façamos o exercício da reflexão, que pesquisemos e questionemos nossos candidatos, para que eles sejam dignos dos nossos votos. Vamos ficar atentos às “fakenews” (falsas notícias), infelizmente esta prática de mal uso das redes sociais, pode prejudicar a sociedade e o processo eleitoral. O calendário eleitoral traz alterações também nos Ministérios, incluindo o da Saúde. Ricardo Barros, deixou o Ministério e Gilberto Occhi assumiu o Ministério da Saúde. De forma geral isso não altera o funcionamento da pasta e as outras atividades do Ministério como podemos ver no site oficial e na CONITEC –  www.conitec.gov.br WORKSHOP SOBRE O MÉTODO MCDA, PARA AVALIAÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS EM SAÚDE Neste último dia 28.03.2018, estive representando a ABEM no workshop promovido pela ROCHE, em parceria com a Sense Company. O método MCDA é uma ferramenta muito eficiente, pois leva em conta uma avaliação global do paciente em relação à nova tecnologia proposta – o que chamamos de avaliação multicritério. Este evento foi muito rico, pois foi proposta uma integração entre associações de pacientes, comunidade médica, representantes do governo e comunidade científica. Desta forma pude observar como cada grupo pensa e age em relação à incorporação ou não de uma nova tecnologia em saúde. Na mesa das associações de pacientes, estiveram comigo Tânia Amaral – representante da APEMERJ e Gustavo San Martin – representante da AME. CONTAMOS COM A SUA PRESENÇA – PERGUNTAS E RESPOSTAS DIREITOS DOS PACIENTES COM EM AOS TRATAMENTOS VIA SUS Aproveito para reforçar aqui no clipping que no próximo dia 18.04.2018 das 13h as 15h, faremos um bate papo bastante dinâmico, aqui na nossa sede, para falarmos um pouco dos serviços que o SUS nos oferece e que, por vezes, não sabemos e acabamos não utilizando. Espero vê-los no evento e se tiverem perguntas, podem enviar no estagio.juridico@abem.org.br   NOTÍCIAS   LUZ SOLAR E A E.M. Estudo publicado na revista Neurology, (uma das publicações cientificas mais importantes da área), pesquisadores da Universityof British Columbia, no Canadá, mostraram que passar a infância em áreas com alta incidência de luz solar está relacionado a um menor risco de esclerose múltipla (EM) durante a vida adulta. Estudo aponta redução de até 45% das chances de EM em mulheres que cresceram em regiões com alta incidência de luz solar. http://www.portalped.com.br/blog/especialidades-da-pediatria/neurologia/deixe-seu-filho-brincar-na-rua-estudo-relaciona-luz-solar-a-riscos-menores-de-esclerose-multipla/   MINISTERIO DA SAUDE Febre amarela: Ministério da Saúde atualiza casos no país O vírus da febre amarela hoje circula em regiões metropolitanas do país com maior contingente populacional, atingindo 35,8 milhões de pessoas que moram, inclusive, em áreas que nunca tiveram recomendação de vacina. Na sazonalidade passada o surto atingiu uma população de 9,8 milhões de pessoas.   AMPLIAÇÃO – Todo o território brasileiro será área de recomendação para vacina contra a febre amarela. A medida será feita de forma gradual, iniciando neste ano e sendo concluída até abril de 2019. A ampliação é preventiva e tem como objetivo antecipar a proteção contra a doença para toda população, em caso de um aumento na área de circulação do vírus. http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42916-febre-amarela-ministerio-da-saude-atualiza-casos-no-pais-5   ANVISA Destaques para o evento que ANVISA faz com o setor quando anunciou: 616 medicamentos, produtos biológicos e insumos farmacêuticos ativos registrados em 2016 e 2017 com destaque para o “Registro do 1º medicamento à base de Cannabis sativa(antiespáticos);”   ADEQUAÇÃO À LEI 13.411/ 2016:Reorganização da fila de registro de medicamentos genéricos e similares, com a saída de 61% do passivo da fila EM SET/17 E JAN/18   128 normas excluídas na ação: “GUILHOTINA REGULATÓRIA” Iniciativa que visa excluir do estoque regulatório os atos normativos que não possuem mais utilidade e podem gerar dúvidas. E há mais 80 normas em estudo e que possivelmente serão excluídas.   Implantação da RDC nº 207/2018para normatização e padronização das inspeções sanitárias para emissão de Licenças, Autorização de Funcionamento e Certificado de Boas Práticas de Fabricação. Desta forma, as inspeções e fiscalizações realizadas pelos entes federados passam a exigir as documentações padronizadas e atuação dentro do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/anvisa-e-setor-regulado-debatem-desburocratizac-1/219201?p_p_auth=d0BWYN7d&inheritRedirect=false&redirect=http%3A%2F%2Fportal.anvisa.gov.br%2Fnoticias%3Fp_p_auth%3Dd0BWYN7d%26p_p_id%3D101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3Dnormal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3D_118_INSTANCE_dKu0997DQuKh__column-1%26p_p_col_count%3D1   CMED Aumento de preço de medicamentos a partir de 1º de abril, os medicamentos com mais opções no mercado terão um aumento maior que 2,84%, tendo mais duas faixa dom 2,47% e 2,09%. Os índices são inferiores a inflação de 2017 de 2.95%.   CONITEC Há 4 consultas publicas em andamento:   Para a doença de Fabry é uma doença rara em que os indivíduosem função da falta da enzima alfa-galactosidasenão conseguem metabolizar  a gordura e este se acumula em todo organismo.   Para o tratamento da epilepsia, um distúrbio genético ou adquirido (por trauma ou outras doenças) que leva à atividade excessiva e anormal das células nervosas do cérebro, causando eventualmente episódios conhecidos por convulsões. Durante uma convulsão, o indivíduo apresenta comportamento, sintomas e sensações que não podem ser controladas por ele como movimentos descoordenados, confusão mental, e em algumas vezes, perda de consciência. Esta condição prejudica diretamente … Ler mais

Tratamento experimental freia esclerose múltipla

POR SÉRGIO MATSUURA Terapia com células-tronco é esperança no controle da doença RIO – A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica debilitante, sem cura, que exige tratamento medicamentoso por toda a vida, mas uma terapia experimental com células-tronco pode mudar esse quadro. Uma equipe internacional liderada por Richard Burt, da Universidade Northwestern, em Chicago, realizou um dos primeiros estudos clínicos randomizados com uma técnica que usa transplantes dessas células em comparação com os tratamentos convencionais hoje disponíveis, e os resultados foram promissores: apenas três, de um grupo de 52 pacientes, apresentaram alguma piora em seu quadro três anos após o procedimento, contra 30 de 50 (60%) do grupo de controle. — Eu não uso a palavra cura. Isso seria prematuro — pontua Richard Burt, ressaltando que os detalhes da pesquisa não podem ser divulgados porque ela ainda não foi publicada em um periódico científico. — Nós não estamos tentando regenerar os neurônios. O que tentamos é fazer com que o sistema imunológico pare de atacar o cérebro para permitir que ele se recupere. Brasil tem 35 mil casos De acordo com o último Atlas da Esclerose Múltipla, divulgado em 2015 pela Federação Internacional de Esclerose Múltipla, existem no mundo 2,3 milhões de pessoas com a doença, sendo 35 mil casos no Brasil. Basicamente, nos pacientes com a enfermidade os linfócitos T, um tipo de célula de defesa do organismo, identificam a mielina — membrana que envolve os neurônios — como um corpo estranho, como um vírus invasor, dando início ao ataque do sistema imunológico contra o próprio cérebro. Essa ação desencadeia processos inflamatórios, gerando lesões. Com a destruição da mielina, a condução dos impulsos nervosos fica debilitada, gerando sintomas diversos que dependem do local afetado. A fadiga é um dos sinais mais comuns da doença, mas os pacientes também podem apresentar alterações na fala e deglutição, transtornos visuais, problemas de equilíbrio e coordenação motora, dores, transtornos cognitivos, emocionais e sexuais. O tratamento experimentado por Burt visa cessar o ataque do sistema imunológico às células cerebrais com uma abordagem radical: sua destruição e reconstrução. A terapia começa com a coleta de células-tronco hematopoiéticas — capazes de se diferenciar em todas as células do sangue, incluindo as de defesa do organismo — do paciente, que ficam armazenadas. Depois disso, medicamentos quimioterápicos potentes são ministrados para a remoção total do sistema imunológico da pessoa, cessando a inflamação no cérebro. Então, as células-tronco hematopoiéticas coletadas são reinjetadas no paciente, para que elas reconstruam o sistema imunológico. — Quando você para a inflamação e permite que um novo sistema imunológico seja construído, num ambiente de tolerância àquela inflamação, as células de defesa param de atacar o cérebro — explica o cientista. — Basicamente, nós damos ao paciente uma medicação para derrubar o sistema imunológico e as células-tronco o reconstroem. Não há mais tratamento após isso. E a maioria das pessoas respondeu muito bem, sem atividade da doença. Os cerca de cem pacientes do estudo foram recrutados em hospitais universitários em Chicago, nos Estados Unidos; em Sheffield, na Inglaterra; em Uppsala, na Suécia; e em São Paulo. O estudo já foi concluído, mas aguarda revisão para publicação em periódicos científicos, o que deve acontecer até o meio deste ano. Alguns dados, no entanto, já foram divulgados na semana passada, durante encontro anual da Sociedade Europeia para o Transplante de Medula Óssea, realizado em Lisboa, onde o trabalho de Burt e seus colegas foi premiado. Segundo os pesquisadores, no primeiro ano após o procedimento, nenhum dos pacientes que passaram pelo transplante de células-tronco apresentou sinais de intoxicação ou morreu. E apenas um sofreu com a piora dos sintomas, contra 39 entre os que continuaram apenas com a medicação. Após três anos, cerca de 60% dos pacientes que seguiram com o tratamento convencional apresentaram pioras em seus quadros, contra apenas 6% — três casos — entre os que realizaram o transplante. — Esses resultados preliminares de um dos primeiros ensaios clínicos bem controlados são emocionantes — comentou Bruce Bebo, vice-presidente de Pesquisa da Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla dos Estados Unidos. — Esse teste soma-se a um crescente corpo de conhecimento que está ajudando a definir os riscos e benefícios precisos do transplante de células-tronco hematopoiéticas e quem pode se beneficiar dele. Lesões não podem ser revertidas Maria Carolina de Oliveira Rodrigues, professora do Departamento de Clínica Médica da USP em Ribeirão Preto, explica que a técnica não é recomendada a todos os pacientes, pela toxicidade e agressividade da quimioterapia. Contudo, para casos mais graves ou que não respondam aos tratamentos convencionais, o transplante pode ser a solução. — Já temos muita experiência, no Brasil e no mundo, com esses transplantes de células-tronco para doenças autoimunes. Estima-se que mais de 3 mil transplantes desse tipo já tenham sido realizados ao redor do mundo, cerca de 300 a 400 só no Brasil — aponta Maria Carolina, que fez parte da equipe de Burt no estudo. —Estamos na fase em que, para algumas doenças, como a esclerose múltipla e a esclerose sistêmica, já é possível indicar o transplante como tratamento padrão. Segundo a pesquisadora, não se trata da cura, mas do “controle da atividade da doença”. Dessa forma, é importante que os pacientes passem pelo transplante ainda nas fases iniciais da doença, enquanto há inflamação no sistema nervoso. Nas fases adiantadas, as lesões já foram formadas e não podem ser revertidas. Ao ser reiniciado, o novo sistema imunológico deixa de atacar as células e os tecidos do próprio paciente. Quando isso acontece com sucesso, o cérebro deixa de ser agredido. Não há progressão da doença, mas muitas vezes ficam as sequelas. — Os estudos mais recentes têm mostrado que pacientes transplantados nas fases mais precoces da doença têm desfechos muito melhores, com maior controle dos sintomas e menos incapacidade neurológica ao longo do tempo — destaca Maria Carolina. — Esses últimos estudos têm comparado o transplante com drogas rotineiramente usadas para o tratamento da esclerose múltipla, mostrando que o transplante é muito superior. Além disso, o transplante é realizado … Ler mais

Meio cheio ou meio vazio?

Um copo com água pela metade está meio cheio ou meio vazio? Como vemos os acontecimentos, os problemas e os contra tempos que a vida nos apresenta. Eu prefiro pensar que o copo está sempre meio cheio, que com mais de esforço, perseverança e água ele estará cheio, quem sabe até transbordará. Os problemas existem para serem resolvidos. Existem coisas que não podem ser mudadas por nós então o que fazer? Talvez tentar um caminho diferente, passando ao lado daquela situação, ou escolher outra estrada mesmo. Recalcular a rota para alcançar o resultado pretendido. Paciência, tolerância e resiliência são essenciais nesses momentos. Temos limitações e dificuldades físicas, mas em compensação temos inteligência e imaginação (copo meio cheio). Com um pouco de planejamento e força de vontade podemos alcançar nossos objetivos. Por vezes tenho muitos lugares para ir no mesmo dia, não posso dirigir, portanto, dependo do transporte público, e aí o que fazer? Penso em tudo o que preciso fazer e onde preciso ir, coloco numa lista as prioridades e começo por elas. Hoje faço uma coisa, amanhã farei outra, assim ao final da semana terei alcançado meus objetivos. Pensar e planejar, dividir não é sinal de fraqueza ou de falta de vontade, motivação, é sim uma prova de inteligência e imaginação. Os problemas físicos que enfrentamos são reais, mas não colocam um ponto final em nossas vidas. Vamos rever e refazer nosso caminho com atenção. O poeta já disse: “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Basta repensar, refazer o caminho, para alcançar o que queremos. Quando temos, ou estamos com alguma limitação precisamos pensar “fora da caixinha”, só assim conseguiremos executar as tarefas ou fazer aquilo que desejamos. Mais uma vez: o copo está meio cheio, falta pouco para enchê-lo, pode demorar um pouco mais, posso ter de pegar um caminho que seja mais longo, mas conseguirei, sou capaz. A vida pode apresentar dificuldades e obstáculos que parecem intransponíveis, mas se pensarmos melhor, refazermos nosso planejamento, refazermos a rota, chegaremos lá. É preciso coragem para enfrentar os problemas e reconhecer nossas limitações, mas não vamos perder de vista as possibilidades que temos, usando a inteligência e a imaginação. Então o que temos para hoje? Um copo meio cheio de água, esperanças, projetos, desejos… E tudo o que quisermos! Tudo é possível!!! Copo sempre meio cheio, é claro.

A idade do amor

Chovia forte quando perceberam que não eram mais os mesmos. Defrontaram-se no corredor, um saindo do quarto a caminho da sala, o outro no sentido oposto. Olhavam-se, quase sem acreditar, enquanto se sentiam arrancados bruscamente da densa trama da senda de todos os dias. Mas nada havia mudado. Por que só agora haviam percebido? Seria o amor de tantos anos o responsável pela distorção dos sentidos, a ponto de conduzi-los a um estado de alheamento perante a dureza das formas? Os vidros da janela da sala eram fustigados pelos pingos grossos e pesados da chuva. O som do crepitar das águas era a melodia ruidosa que embalava a causalidade cinzenta de mais um dia de rotina naquela casa. Mas por que, após aquele pausado encontro de olhar, carregavam, nesse dia, um ar de dignidade ofendida? Era como se ambos estivessem nus diante da verdade que os habitava. Perguntaram-se, de modo silente, e não sem pesar, se o coração suportaria tanta lucidez; questionaram-se, intimamente, se as lembranças os havia enganado, ou, se fora o tempo, em sua falta de escrúpulos, o escultor de cada ruga na pele envelhecida do outro. Presumiram então, com a ingenuidade das idades avançadas, que a vista os traía; mas já eram tantos médicos… mais um? Não… melhor adaptar a visão e seguir em frente; afinal, a realidade depositara-se sem pedir licença, como um pensamento que não se pensa, fazendo sombra aos dias mortos fincados nas horas de existência já superadas; mas nessa idade é assim, não há espaço para suavidades; as verdades acontecem, e as ilusões desaparecem. Mas concluíram, os dois, a um só tempo, que não mais suportariam a convivência; para ele, bastava o mau-humor dela, nada mais seria tolerado; para ela, a surdez dele era um fardo; e agora isso? Não! Não seriam obrigados, àquela altura da vida, a viver na resignação silenciosa de quem tudo tolera; e foi nesse momento, no etéreo instante desse pensamento, que ambos revelaram um vago ar de contentamento que por uma nesga não virou um sorriso; mas as bocas logo se fecharam na seriedade do instante. Não teriam coragem para um rompimento no fastígio da velhice; além do mais, a família e os filhos não aceitariam tal rebeldia; os velhos já haviam perdido o direito a qualquer forma de ruptura. Amedrontaram-se, é verdade, com a extensão da coisa. Já haviam atravessado tantas barreiras; mas eram mais fluídas; essa parecia tão rígida quanto o aço, tão irreal quanto a própria morte. Verdade seja dita: o mundo nunca possuiu e nem possuirá plano estético algum; e até há um modo de viver, mais profundo, que prescinde de beleza. Mas ali não era o caso. A vida naquela casa, após a saída dos filhos, quando sobejou o casal, baseava-se em uma superficialidade medrosa e insalubre, mera refém do avançar das horas. E por isso a vergonha dos dois; uma vergonha só comparada àquela de quem acaba de acordar de um desmaio. Mas a vida é assim, uma condenação perpétua, irrevogável, um eterno morrer, enquanto vivemos, tentando, sem o despudor de nossa incapacidade de compreensão, alcançar o tempo que nos rodeia, aspirando a uma paz que não pode ser nossa, a uma verdade que se encontra no que não poderemos compreender. Esforçaram-se, é verdade; franziram os cenhos, os dois; pareciam duas páginas que foram viradas juntas, de algum livro que se encaminhava para o final; e compreenderam, de modo suave, que os acidentes do tempo, sem nenhuma solenidade pretensiosa, e sob a narcose da rotina, apenas obedecem à natureza. As coisas são assim, uma verdade amarga, sorvida a conta-gotas, para não doer, e para permitir que encontremos, em um lago azul e em um pedaço de céu, uma vida que possa ser organizada pela esperança. E foi assim, sem exagero nas tintas, e libertos de toda sorte de entulho mental, que entenderam que o amor também envelhece; e que o amor também cai, como tudo, no abismo interminável do tempo; mas também perceberam, num átimo, que, por terem mergulhado, nesse abismo, juntos e de mãos dadas, construíram uma história; nem mais bonita ou mais feia que as demais, mas a história dos dois, um mero ondular de água, produzido pela brisa suave do vento, em meio à vastidão infinita do oceano e do mundo.

Duas considerações

Consideração um -projeto conscientizaCAO Minha amiga tem um projeto de conscientizaCAO. Assim mesmo, com letra maiúscula mesmo , de CÃO. Vou detalhar depois a essência dele. A ideia é mais profunda mesmo. Não adianta sentir pena dos pobres animais, dizer que ama de paixão, que simpatiza. É preciso conhecer para abraçar uma causa. Fiquei pensando, por que o nome conscientizaCAO? Por que projeto? Projeto porque penso sempre em construção, sempre em aperfeiçoamento, porque se têm planos e diretivas para ele. Conscientização  é o ato de tornar consciente, ou seja, informar alguém ou receber uma informação a respeito de determinado assunto, por exemplo. A conscientização consiste na ação de tomar conhecimento de algo, sendo que a partir de então, hábitos e atitudes poderão ser alterados para que possam se ajustar à nova realidade conhecida. Entre alguns dos principais sinônimos de conscientização estão: informação, percepção, alcance, compreensão, descortino, antevisão e mentalização. Tão importante é a conscientização, para conseguirmos os objetivos; mas quão inglório o processo. Quanta luta, no caso dela pela proteção  do animalzinho e castração, quanta luta para alcançar a mente e coração das pessoas. Luta que passa pela informação, reflexão e ação do conscientizado. Conscientizar é possibilitar a escolha, é informar, dispor para meditar, num estado de entendimento. Conscientizar é formar. Conscientizar é prever. Já pensou que toda pessoa pode fazer isso? Até nós, os quebradinhos.   Consideração dois – a surpresa Às vezes , na vida surgem surpresas, fatos que não esperamos; fatos  que aparecem para nossa alegria ou tristeza. Penso o seguinte: não adianta ficar matutando, ruminando em pensamentos sobre o que aconteceu, aquelas perguntas, o que fiz de errado Na maioria das vezes, enchemo- nos de preocupação e gastrite. A resposta, está no desfoque da situação, nosso foco está falhando. E além do que só podemos compreender uma situação, sobre nossa condição humana limitada; por isso, às vezes não nos compete descobrir razões, mas apenas saber lidar com a situação.   Vamos sair de nossa história de vidinha comodista. Conscientizar-se no trânsito, conscientização sobre os animais, sobre o ambiente, sobre a doença. Não seja tão quebradinho, alguma cidadania podemos exercer, e se a vida vier de assalto, lute para conscientizar e afastar essas situações surpresa. A vida prega peças, mas sem elas, que graça teria?   “Conhecer não é demonstrar nem explicar, é aceder à visão” Antoine  de Saint-Exupéry

Clipping Advocacy – 2ª quinzena março

Querido leitor!   MAS O QUE É ADVOCACY? Antes de contar sobre o nosso trabalho de “Advocacy” gostaria de falar um pouco sobre o que é “isso” assim acredito que vocês leitores possam compartilhar ideias para o nosso trabalho e desta forma acredito que possamos criar uma rede para trabalharmos juntos. Advocacy é uma palavra do inglês que não tem tradução em português, assim como outras palavras, por exemplo, Croissant, aquele pãozinho gostoso! A proposta deste trabalho de Advocacy é conversar com o governo de uma forma direta e ética para defender os interesses dos pacientes com esclerose múltipla, por isso estamos sempre acompanhando o que sai na mídia, no Ministério da Saúde, na CONITEC, no judiciário e nas publicações cientificas importantes. Advocacy é parte de um processo que envolve a busca de mudanças – mudança de uma situação que se considera injusta ou inadequada; mudança de uma política; mudança de uma condição. O Advocacy pela Esclerose Múltipla, é uma ação política, no sentido de buscar interferir sobre determinados procedimentos – políticas públicas – relacionados com a atenção à saúde na perspectiva do acesso ao diagnóstico precoce, ao tratamento adequado e oportuno e ao seguimento de reabilitação neurológica. Isto implica também interferir sobre legislação que garante direitos ao acesso universal e equitativo a esta atenção e sobre a definição e monitoramento dos orçamentos públicos necessários e aplicados para assegurar tal assistência. Como toda a ação política, seu sucesso depende da obtenção de apoios, da articulação de coalizões e do trabalho em rede na busca de objetivos coletivamente acordados. Assim nos preparamos para conversas sobre os assuntos críticos para os pacientes como, por exemplo, a falta de medicamentos para os pacientes com esclerose múltipla. Falando nisto, você já respondeu a nossa enquete sobre a falta de medicamento? Se já, pedimos que nos mantenha atualizados, se não, esta é uma excelente oportunidade para se juntar à nossa rede! Desta forma, se você está sem medicamento, envie um e-mail para nós, estagio.juridico@abem.org.br, no e-mail nos informe seu nome completo, CPF, cidade onde reside, local da sua dispensação, qual é o seu medicamento e a quanto tempo está atrasado o fornecimento. Com estes dados vamos conseguir gerar evidências para buscar um plano de transformação desta gestão, evidentemente ineficiente.   NOVIDADADES – IEEPO 2018 Durante os dias 13, 14 e 15 de Março deste ano, representei a ABEM no 10º Encontro Internacional para Troca de Experiências entre Associações de Pacientes, IEEPO 2018 – na cidade de Atenas, na Grécia. O encontro reuniu associações de pacientes de 55 países. O encontro foi muito rico e nós tivemos a oportunidade de contar um pouco da nossa história, como estamos conduzindo nosso plano de Advocacy e como cuidamos dos nossos assistidos aqui no Brasil. Trocamos experiências em Advocacy, Mídia Digital, Gestão, Capitação de Recursos, Coleta de Dados, Inovações em Tratamentos Medicamentosos. Certamente iremos implementar muitas novidades no decorrer deste ano. Vamos aqui contar pra vocês as novidades deste mês de março nas áreas que são importantes para o nosso projeto de Advocacy aqui na ABEM. Também lamentamos a morte de Stephen Hawking um dos maiores físicos de todos os tempos portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA), sua vida e obra são uma inspiração a todos e principalmente a pessoas em condições especiais. Sempre esperamos ouvir opiniões e contribuições no final deste clipping ou pelo e-mail:estagio.juridico@abem.org.br Obrigada Sumaya Afif Jurídico Institucional | Advocacy   NOTÍCIAS   TABAGISMO E A E.M. Foi publicada em 15 de março uma meta-analise sobre a incapacidade causada pela esclerose múltipla e o tabagismo. Essa meta-analise é o estudo de todas as publicações cientificas em inglês sobre o assunto ou que mencionam a questão do tabagismo mais esclerose múltipla. No total 56 artigos foram selecionados e nesses estudos o tabagismo foi significativamente associado ao aumento do EDSS que é uma escala de avaliaçao da incapacidade expandida causada pela esclerose multipla (EDSS) ou múltiplas escore de severidade da esclerose (MSSS). E o estudo desses artigos concluiram que o consumo de tabagismo foi significativamente associado ao aumento da EDSS. Assim habitos saudaveis e nao fumar nos deixam mais fortes para enfrentear essa doença. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29542102   MEDICAMENTOS DOENÇAS RARAS Aparentemente foi resolvida questão de compra de medicamentos para as doenças raras e os 152 pacientes que estavam sem a medicação vão começar a recebê-la. (http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42836-em-resposta-ao-mpf-ministerio-da-saude-informa-que-garantiu-tratamento-para-152-pacientes-com-doencas-raras)   ANVISA Um outro assunto importante se trata da ANVISA que discutiu no dia 28/02 a questão de intercambiabilidade dos biosimilares, pois ainda não há um posicionamento da ANVISA sobre o assunto, assim não podemos afirmar que são, e o eventual uso deste tipo de medicamento deve ser acompanhado de perto pelo médico. Diferente de um medicamento genérico que é intercambiável. goo.gl/39Gge8     CONITEC Foi publicado o PCDT (Protocolo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas) para a Diabetes Mellitus Tipo 1 – DM1. Neste PCDT está incluído a insulina de ação rápida que desde fevereiro de 2017 já tinha sido incorporada pela CONITE. https://goo.gl/qNw9vx

Haja paciência

Recentemente adotei um filhote de cachorro. Combinei com a minha irmã que dividiríamos as tarefas: como por enquanto só eu trabalho, pago e compro o que é necessário e ela limpa e cuida de outras coisas. Vocês não imaginam nossa alegria em finalmente realizar esse sonho. O nome a gente já tinha escolhido faz tempo: Rodolfo. Pegamos ele de uma conhecida da minha mãe e foi só alegria até chegar em casa. Com o passar dos dias o entusiasmo deu lugar às responsabilidades. Veterinário, ração, acessórios, antipulga, vermífugo, vacinas… Haja dinheiro pra tudo isso. Sem contar o fato dele aprontar todas: comer o que não deve, entrar nos quartos, fazer sujeira. Até ele aprender onde fica o banheirinho dele… Apesar do estresse e dos momentos de confusão, a vinda do Rodolfo pra minha casa trouxe muita alegria e nos tem ensinado sobre paciência e compreensão. Entender que ele é só um filhote, relevar algumas bagunças, saber que levará um tempo até ele aprender tudo e não se desesperar se algo der errado. Se não der pra arrumar agora, arrumo depois. Estou combatendo o perfeccionismo na marra. Agora, uma certeza que tenho é a de que não quero ter filhos. DÁ MUITO TRABALHO!

PERCURSO

Tantos locais para conhecer, tanta coisa a fazer, mas como chegar, com ir até o local? Pois é, antes não precisava pensar como percorrer o caminho e chegar até o destino. Pegava o carro ou pegava o transporte coletivo (ônibus, trem ou metrô) e simplesmente só me preocupava com o que deveria e queria fazer. Tinha um propósito, um objetivo, o caminho a ser percorrido e de que forma, isso não era importante, era apenas uma atividade meio para alcançar o objetivo. Despois da Esclerose Múltipla essa etapa tem de ser planejada. Atualmente uso um andador com assento e rodinhas, não posso dirigir, então e percurso tem de ser percorrido a pé ou de transporte coletivo. E aí? Como fazer? A chave para resolver estas questões é o planejamento. Quantas coisas posso fazer no dia? Está quente? Chovendo? Abafado? O clima influencia no planejamento, afinal parte do percurso sempre é percorrido a pé. Chovendo não consigo segurar o guarda-chuvas e o andador ao mesmo tempo. Aí tenho que esperar a chuva passar. Sempre quando tenho algum compromisso penso nessas questões, como posso me virar sozinha, como fazer o que tenho que fazer sozinha? Se tiver um auxílio, uma carona estou no lucro, procuro manter minha autonomia -, procurando fazer o que preciso sozinha, sem contar com a ajuda de terceiros, sejam familiares ou até mesmo transporte individual, como o táxi. A Esclerose Múltipla causou algumas sequelas e por conta disso preciso me adaptar para conseguir fazer o que desejo. É importante me sentir capaz, isso traz uma satisfação imensa. Não estou falando de coisas muito complicadas, tarefas simples como comparecer ao INSS, ir ao banco, ir ao shopping, todas essas coisas, quando consigo, executá-las fico feliz, me sinto plena e capaz. Mesmo se depois precisar de uma cadeira de rodas, pretendo continuar fazendo estas atividades. Coisas simples, porém que preservam minha individualidade e independência. Importante sempre mantermos a mente aberta e encarar os problemas e tentar vencê-los. Vale lembrar aquela historinha da água, existe uma pedra no caminho dela e para superar esse obstáculo ela simplesmente a contorna, mostrando que se não podemos retirar o obstáculo, podemos com certeza, traçar uma nova rota, mudar um pouco o caminho, para conseguir alcançar o objetivo. Estou viva e posso fazer muitas coisas, apesar de algumas limitações. Penso que devemos circular pelas ruas, pelos transportes públicos, pois só assim seremos vistos, observados, e só dessa maneira faremos com que as pessoas notem as nossas dificuldades e possam pensar em como podemos ser ajudados. Cabe às autoridades públicas pensar nas questões de acessibilidade, mas temos que nos mostrar para que elas e a sociedade como um todo entenda e veja o que é preciso ser feito para que todos, efetivamente, possam circular com autonomia e liberdade. Na Faculdade de Direito ouvi uma frase, que confesso, só consegui compreendê-la plenamente agora com as limitações que tenho. A frase é a seguinte: “precisamos tratar diferentes aqueles que são diferentes para que esses tenham acesso às mesmas coisas que os demais”. Caminhos, aparelhos e objetos diferentes, modificados e adaptados são fundamentais para que possamos estar sempre livres e plenos. A liberdade é um bem preciosíssimo que deve ser preservado sempre e para todos. Respeito é sem dúvida a válvula propulsora para que isso ocorra. O que todos precisamos é de respeito e de tratamento digno para que nossa existência não seja em vão e passe despercebida aos olhos dos outros. Pesemos nisso…