A importância das conexões na EM

Ter Esclerose Múltipla é como ter um cachorro, em termos de incentivar conversas, que não seriam travadas.

Por exemplo: quando temos um cachorrinho e saímos para passear, seja feio ou bonitinho, as pessoas param , admiram ou odeiam, mas eles arrancam palavras. – “Que gracinha ou sai de perto de mim com essa fera”.

Nesses termos, ter EM é parecido com ter um bibelô diferente. 

Não que eu esteja dizendo, o cachorro é um objeto , por isso a propriedade de ter. Ou que ter EM e igual a ter qualquer objeto.

Ter EM  , me proporcionou ter uma conexão com as pessoas; diferente do que eu tinha. Uma conexão  diversa com o mundo ; boa ou ruim ainda não sei.

Antes eu era muito tímida, posso dizer que a doença me tornou “cara de pau”.

Penso muito mas na minha pessoa e nos meus conterrâneos  da doença.

É como se um sentimento de pertencimento me abocanhasse. Os que têm, e, do outro lado, os outros. Repartimos o grupo dos que têm agruras, dificuldades, soluções e alegrias..

Ser um pouco diferente, um pouco quebradinho- fiel à nossa sra da cadeira de rodas, ou da muleta, ou a Nossa Senhora mesmo inspira-me a continuar a lutar. Mesmo que as coisas não estejam boas para as pessoas, o nosso pertencimento nos faz mais fortes.

Conexão com outras pessoas,  civilizatória,  com o ser cidadão.

Conexão que devemos ter  com nossos direitos e nossos deveres.

No fundo , no fundo, não importa, ter a EM ou não. Sempre teremos quem está no grupo ou não. O importante seremos NÓS, não EU.

Conexões com a comunidade ABEM, fazendo contato com as estórias de vida, conexão com o EU cidadão, nas lutas pela inclusão, pelos medicamentos, pareceres da CONITEC.

Conexão com o mundo que não conhece nada sobre a doença.

Conexão com o mundo que não tem obrigação de saber.

Conexão com a vida, sempre e tão humana.

A EM é só uma condição, não é  SER, mas não se engane, nossa conexão é  com a  condição humana.