Sim, eu tenho Esclerose Múltipla (PARTE 1) – Blog do Chico

Posso contar o antes, como uma vida normal, com sentimentos normais, mas alguma coisa sempre me dizia que um dia poderia mostrar mais alguma coisa ao mundo, um legado. Não sabia demonstrar como, pois meus desafios até então eram considerados de uma vida padrão pelo que fazia, era gerente comercial de uma empresa, tinha uma namorada bonita, viajava a trabalho, jogava futebol, fazia esportes em geral. Foi então que depois de passar um ano gerenciando uma filial da empresa em Curitiba na qual trabalhava por muitos anos e me dedicava inteiramente, fui jogado realmente ao desafio da minha vida que culminaram aos fatos que aconteceram depois.

Fui obrigado a retornar para São Paulo após uma traição profissional, meu pai havia operado o coração na época em Curitiba e me lembro até hoje como foi difícil, dos comentários muito degradantes de um ex-parceiro de trabalho. Quando retornei a São Paulo, o meu avô que era um ídolo para mim morreu em uma operação, meu namoro de algum tempo já estava diferente, existiam motivos até então obscuros que me foram revelados após anos.  Então voltei ao meu emprego em São Paulo sem nenhum questionamento, talvez apenas pelo meu passado produtivo, ou seja, um caos.

O primeiro sintoma então começou nessa fase, em um jogo de futebol. Jogava pela seleção da empresa e quando fui bater um tiro de meta, minha perna retraiu e senti uma fadiga enorme. Sempre joguei bem, mas não entendia aquela fraqueza e aí começaram as formigações do lado esquerdo, sem parar. Fazia shiatzu e nada, frequentava o consultório do Dr Osmar de Oliveira e um médico da sua equipe achou que era nervo pinçado e me recomendou injeções.

Um dia de domingo após duas semanas do início e alguns tropeços, decidi e fui ao hospital. Graças a intervenção de um médico geral no hospital São Luís da Santo Amaro, fiz um teste de equilíbrio. Ele ficou assustado com o que viu e me disse: “daqui você não sai até descobrirmos o que acontece com você”. E por lá fiquei. Foram longos 17 dias sem saber o que aconteceria. Fiquei no andar que dava acesso ao berçário e em meus passeios matinais tentava acertar os nomes dos recém-nascidos, vi também pessoas fazerem sua passagem.

O que me chamou atenção nesse período que passei no hospital é que vemos os verdadeiros amigos que aparecem de onde menos eu podia esperar. Indo ao hospital, família reunida ou ao contrário, pessoas que eu acreditava serem parceiras dizendo que eu não mais serviria para nada, nem para ter um filho, amigos que até então acreditava nem telefonaram, um medico me dizendo que minha vida não poderia ser mais a mesma em todos os sentidos e uma cadeira de rodas poderia vir a ser uma realidade em anos. Eu chamo essa fase de “triagem” com muito bom humor.

Eu tinha apenas 35 anos e tinha outros planos.  Então após o diagnóstico recebi alta e assim começaram as injeções de interferon (avonex) uma por semana, mas eu não conseguia aceitar que ia acabar assim. Recebi uma grande ajuda de meus tios que me receberam muito bem na casa deles por um mês me dando dignidade e então procurei outro médico por recomendação de meu primo um médico cardiologista, que me disse em sua consulta: “viva, você vai superar, mas não me cortou as injeções. Sentia uma melhora mas toda semana tomando os medicamentos, era pesado. Senti na pele todas as possíveis reações do ser humano convicto que somos aberrações, quando ficamos doentes e temos um diagnóstico de Esclerose múltipla. Meu gerente nessa época que até então tinha ajudado por anos em trabalhos com muito bom humor, pediu para me mandar embora pois eu estava doente e acreditava que eu não renderia, mas houveram  pessoas a meu favor. Na verdade, no fim daquele ano eu mesmo pedi demissão, pois sabia que ali meu tempo havia se acabado, deveria ter feito isso com todo o resto, mas acredito que tudo tem seu tempo, como se provou no futuro.

Eu tenho plena convicção de que todos os movimentos sejam eles bons ou ruins irão nos revelar em um breve futuro, o caminho a seguir e os motivos que nos levaram a isso…

GOOD VIBES!

CONTINUA…

 

Francisco Roberto Loria Filho

 

 

 

 

 

 

 

Meu nome é Francisco Roberto Loria Filho, mas podem me chamar de Chico, Chicão ou Fran, foram esses os apelidos que fui ganhando pela vida. Tenho 49 anos é sou paciente de esclerose múltipla há 13 anos.  Pratico muitos esportes,  principalmente os de aventura sendo a Escalada e o Montanhismo o mais merecedor  do meu amor e da minha dedicação,  que me fez superar muitos desafios, a ter inúmeras conquistas.

A esclerose múltipla  me ajudou a criar  a Moves and  Vibes  que tem como missão levar a todos  conhecerem seus melhores movimentos e ações, sejam eles  pelo esporte, pela dança, pela música ou qualquer outra atividade que inspire.

Fiz faculdade de direito e trabalho em área comercial. Atualmente faço uma nova faculdade, de Educação Física para ampliar meus conhecimentos em treinamentos.

Sou um viajante de desertos sempre em busca de conhecer outros viajantes, que meus textos e histórias tragam a vocês,  a coragem e energia para atravessá-los , pois todas as coisas estão a caminho de algum lugar.  Sejam bem vindos. GOOD VIBES.