Eles não receberam explicações da falta pela Farmácia de Alto Custo.
Mulher alega que irá entrar com uma ação para conseguir o medicamento.
Um remédio usado por pessoas portadoras de esclerose múltipla está em falta na Farmácia de Alto Custo de Campinas (SP) desde a semana passada. O medicamento é garantido pelo estado e necessário para o tratamento da doença, que é degenerativa e não tem cura. Enquanto as prateleiras continuam vazias, as cerca de 60 pessoas que dependem do tratamento ainda não receberam explicações sobre o problema. O Rebif (Betainterferona) custa entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.
“Não tem explicação nenhuma. Eu até tentei falar com a pessoa responsável pela Farmácia de Alto Custo, mas eu não tenho acesso. (…) [Vou] entrar com uma ação contra o estado”, reclama a técnica em saúde bucal, Lígia Moraes, que foi diagnosticada com a doença há três anos e precisa tomar injeções três vezes por semana.
A auxiliar administrativa Débora Contatto afirma que já é a sexta vez que fica sem o medicamento. “Em algumas vezes, a gente conseguia uma previsão assim: ‘na próxima semana chega’, mas dessa vez não tem previsão de entrega (…). É um direito do cidadão conseguir essa medicação e é um dever do estado fornecer isso”, lamenta Débora, que diz não ter condições de comprar o remédio.
Doença é imprevisível
O médico neurologista Luís Eduardo Belini explica que a doença age nas próprias células de defesa do organismo, atacam o sistema nervoso e provocam surtos, que tem como consequência paralisias, dormências, perda da fala e outras sequelas. Por conta disso, o tratamento não pode ser interrompido.
“É imprevisível. Pode ser que o paciente tenha um surto com alguns dias sem o remédio e pode ser que fique meses sem surto. Como é uma doença imprevisível, a gente tem que estar sempre mantendo o uso da medicação”, explica.
Atraso na entrega
A Secretaria de Saúde do estado afirmou que recebe o medicamento do Ministério da Saúde e que ocorreu um atraso e que a situação deve ser normalizada na próxima semana. O Ministério da Saúde, por sua vez, ainda não se pronunciou sobre o caso.