Que frase feia de se dizer! Mas, como ela já faz parte do nosso cotidiano.
O fato de não estarmos aí, não ligarmos para o que está acontecendo, pessoas ou coisas é fruto de um descaso nosso com a vida.
É claro que há situações em que temos necessidade de parar de nos importarmos porque nossos circuitos dão um” tilte”. É fisiológico, e químico , o cansaço e esgotamento.
Entretanto ,quero falar de outra situação: que não estar nem aí, é uma escolha consciente, arquitetada.
Não estar nem aí, faz parte de um desanimo generalizado que estou observando na espécie humana.
As coisas mais extraordinárias tornaram-se naturais, sejam elas boas ou ruins.
Não nos emocionamos com as crianças enjauladas, com a guerra na Síria ou na África; com o homem que morreu de frio, ou com o desespero do doente sem atendimento ou remédio. Essa insensibilidade é protetiva? Estamos indiferentes para não nos ferirmos mais?
E quando sentimos? Roubam milhões na nossa cara, mas só somos capazes de indignação. Não fazemos algo para mudar.
O que falta a nós? Somos tão bobos incapazes de ações?
A torneira está pingando, mas somos incapazes de fecha-la, deixando esvair precioso líquido.
Esse sentimento de não estar nem aí nos paralisa.
Seja pela proteção de não sentir, seja por nossa escolha parte do desânimo coletivo, que assola nossa pátria.
Ser patriota está na moda? Correndo atrás de uma bola, torcendo para um gol é ser patriota? Quando torcemos num esporte, estamos sendo patriotas?
Torcer é bom, aviva sentimentos adormecidos.
Mas seremos capazes de ser patriotas, numa escolha em outubro, nas próximas eleições?
Seremos capazes de pensar um mundo diferente se somos tão indiferentes a ele? Não podemos sentir o poder da canção , do abraço e do sorriso.
Não estamos nem aí, por descaso, por não conseguirmos suportar a situação, por que?
De fato e não estamos nem aí…
Como diz o autor Érico Veríssimo : O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença…