Eis a questão. E depois do diagnóstico de Esclerose Múltipla e depois da aposentadoria por invalidez, o que fazer? O que posso fazer? Essas questões estão me atormentando atualmente. É verdade que já escrevi um livro, que fiz cursos voltados para área de estética, mas ainda não encontrei uma atividade de me complete, que me preencha.
Estou escrevendo um novo livro e iniciando outros projetos nesse sentido, porém ainda falta alguma coisa… Sinto falta de ter compromissos e obrigações de trabalho cotidianamente…
Quero ser útil. Essa é a questão. Como ser e como fazer? Penso, avalio, estou tentando e procurando.
Com essa atividade de escrever quero conseguir essa satisfação, é bastante insipiente ainda, amador, o desafio é como tornar isso uma atividade, um ativismo.
Vivemos numa sociedade preconceituosa e bastante conservadora. Quando alguém com algum tipo de limitação se lança a fazer algo, os olhares são: será que consegue? Ou olha lá coitadinho? Está tentando, né?
Estou disposta a mostrar que posso e que vou fazer o que quiser, o que puder. Existe um dito popular que diz se você fizer o possível será ótimo e incrível, porém, se ficar o que parece impossível e intangível, isso será absolutamente extraordinário.
Estou buscando o extraordinário, quero mais, preciso fazer mais. Sinto que posso e mais que isso, necessito.
Nenhum de nós quer ficar como massa de manobra ou “vaquinha de presépio’, concordando com tudo o que está acontecendo a sua volta e com a opinião de todos.
Não aceito ser tratada como sub-cidadã, como uma pessoa de segunda linha, que está à margem da sociedade.
Precisei resolver um problema no banco esta semana, estava com o meu andador, pois preciso dele para me locomover, e qual não foi a minha surpresa quando o funcionário foi até mim na porta perguntando o que precisaria fazer na agência, ao que respondi: preciso pagar uma taxa e ele pediu que lhe entregasse o boleto e o dinheiro para o pagando, assim não precisaria entrar na agência. Fiquei indignada com essa postura, mas ao mesmo tempo percebi que esse é o consenso global e que todos olham como uma benevolência, uma boa ação.
Não precisamos de caridade e sim de respeito e dignidade, por esta razão ainda busco meu lugar ao sol…