QUANDO UM DESERTO SE TORNA MAIS QUE UM DESERTO

Como se tornar um movimentador, como se movimentar quando parece que tudo que você fez anteriormente, conquistou ou descobriu, parece ter sido deixado para trás. Sim estou dizendo de tudo que escolhemos, de tudo que surgiu a sua base, as suas histórias.

Não estou falando sobre saudades, desse tempo ou outro sentimento que invada meus pensamentos, estou querendo falar de tudo àquilo que foi um exemplo positivo ou negativo, exemplos que me transformaram no que sou hoje, honra, caráter, princípios, respeito, dúvidas, não quero falar dos erros, mas sim das experiências.  Falar; sim eu já passei por aqui, já estive nesse mesmo momento, já senti essa provação essa angustia, já senti essa paz de saber, de sair de uma situação adversa ou receber isso como um presente para toda uma vida.

Sim, chega o momento de finalizar uma fase tão extensa, de um deserto de tantas idas e vindas, de tantas subidas e descidas, de fazer esquecer aquilo que fez parte de uma forma como se não tivesse continuidade sobre isso, já foi escrito, o ciclo já foi fechado, em algum lugar ficou aquela sensação de ter sido reservado para sempre em meus pensamentos o que fiz, por amor, por dedicação, por paz de espírito, por um reconhecimento. Sejam eles considerados atos heroicos pela minha linha de vida ou apenas uma consequência do que desejei, sim, eles acontecem por nossos movimentos, eu tenho certeza que eles interessam mais a um grande e imenso círculo de atitudes de muitas outras pessoas em volta disso do que a minha necessidade própria, apenas de meu interesse.

Nossos desertos interiores são os mais imensos, pois não sabemos como dividi-los sem expressar tristeza, decepção, angustia dúvidas ou ingratidão. Se mudarmos esses adjetivos para alegria, compaixão, comprometimento, esperança, reconhecimento e porque não fé, dentro de nossa capacidade de superar esse obstáculo, nossa capacidade de nunca deixar de acreditar, se você esta lendo isso é porque já superou muita coisa independente do seu ciclo de vida que ainda está por aqui, o que importa se você tem a juventude ou a maturidade em seus traços estampados em sua face, o que vale é sim o que seus pensamentos e sentimentos se transformam no seu dia-a-dia.

Lembro-me de uma passagem que tive na minha primeira vez no Aconcagua a maior montanha das Américas.  Foi uma experiência realmente de superação até chegarmos a Plaza de Mulas nosso acampamento base a 4300 mts. Existe uma subida no trajeto com um aclive de 200mts chamado Costa Brava,  para chegar aos 4000mts, mas antes existe  Playa Ancha um setor de 10km de caminhada que é uma paisagem desértica. descritível apenas com imagens . Já cansado e lutando contra a ESCLEROSE que me acometia pelo calor e eu trabalhando o corpo e andando sozinho, estava entre os mais rápidos e os mais lentos, me deu uma proximidade do vazio, de solidão, mas feliz em ver tudo aquilo a minha volta. Vi meus amigos subindo o Edu Tonetti nosso guia de apoio na frente, eu parei e paralisei. E disse comigo mesmo, ACABOU.  O fracasso por incrível que pareça se transforma em desculpa e pensei: “Bom eu tentei!” Mas na verdade não tinha tentado, estava apenas me deixando levar pela apatia e pela dor, respirei  fundo  e perguntei para mim mesmo : – Você vai subir ou quer que eu te empurre?

Continua …