O futuro da batalha contra o Alzheimer, a esclerose múltipla e o câncer

Novo equipamento possibilita investigação mais focada e métodos inovadores de pesquisa e diagnóstico

A expectativa de vida do ser humano aumentou significativamente nos últimos anos e despertou um novo interesse em pesquisadores e profissionais da saúde: como levar qualidade de vida para esses anos extras? Uma das maneiras de investigar essa possibilidade são as pesquisas sobre doenças contemporâneas, como o Alzheimer, a Esclerose Múltipla, a Injúria Traumática Cerebral e o Câncer. Esse é o foco da parceria entre a GE, a Universidade de São Paulo e o Hospital das Clínicas.

“A Universidade tem a obrigação de promover o desenvolvimento de novos conhecimentos, mas a indústria é quem tem a expertise para aplicar isso no mercado. O foco de uma parceira público-privada como essa é juntar a sinergia de forças que cada um tem para beneficiar pacientes no futuro. Temos o compromisso de entregar resultados, trabalhos e novos conhecimentos que permitam agregar alternativas mais eficientes de tratamento e diagnóstico”, explica um dos  coordenadores deste grande projeto, Dr. Carlos Alberto Buchpiguel.

De acordo com Dr. Buchpiguel, a iniciativa público-privada é uma maneira de incrementar o número e a qualidade  das pesquisas aplicadas a sociedade  realizadas na universidade, além dos incentivos obtidos através de bolsas acadêmicas, por exemplo. Sem esse incentivo, explica, grandes pensadores de diversas áreas da medicina deixariam o Brasil e levariam descobertas e estudos de ponta para país com mais estrutura e tradição na área de pesquisa.

A escolha das doenças a serem investigadas se deu por sua prevalência na população brasileira e pela praticidade do equipamento PET/MR, que na realidade compõe a união da tomografia por emissão de pósitrons (PET) e da ressonância magnética (MR, em inglês), possibilitando permite que dois exames de grande abrangência e alta complexidade sejam feitos de uma única vez e em tempo único, possibilitanto dados híbridos cruzados de forma precisa e integrada, o que reduz o tempo gasto pelos pacientes que se voluntariam para o estudo.

A expectativa dos especialistas é que as informações obtidas por meio dos exames revolucionem a medicina diagnóstica por oferecerem detalhes morfológicos e moleculares de maneira única e completa. A parceira entre o Hospital das Clínicas e a GE trouxe ao Brasil o primeiro equipamento desta natureza em um ambiente universitário, com foco único em pesquisas e no avanço da medicina.

Serão realizadas quatro pesquisas, a partir de 2016, utilizando o PET/MR. “São estudos desafiadores, porque são assuntos controversos e geram um conhecimento extremamente importante não só para o Brasil, mas para toda a literatura médica”, explica. O Alzheimer é a doença do século, de acordo com o especialista, a Esclerose Múltipla, que é a doença que mais debilita jovens a nível mundial, a Injúria Traumática Cerebral tornou-se destaque devido aos problemas enfrentados pelos jogadores de futebol americano e o câncer de retoainda desafia oncologistas e cirurgiões, apesar dos enormes avanços ocorridos neste campo da medicina nos últimos anos. Conheça os estudos:

Jogadores e boxeadores

Nesse estudo inovador e realizado pela primeira vez no Brasil, profissionais saudáveis e sem nenhuma alteração cerebral serão voluntários nessa pesquisa que pretende encontrar indícios cerebrais da TBI (Injúria Traumática Cerebral, em tradução livre), que se dá pela repetição de pancadas ou impactos na região craniana, antes que os problemas se manifestem de forma clássica, como a perda de memória, problemas de raciocínio ou motores. “Nós vamos utilizar PET e RM, empregando uma série de sequências em ressonância magnética que mostram as conexões cerebrais para entender quantos desses profissionais que estão assintomáticos já desenvolvem algum tipo de alteração causada por traumas cranianos repetidos”, explica.

Esclerose múltipla
A doença degenerativa que mais atinge a população adulta jovem, e cuja prevalência cresceu aproximadamente três vezes entre a década de 1990 e 2000, de acordo com estudos da USP, ganhará uma nova possibilidade que pode antecipar a relação do paciente com o tratamento. “É uma doença inflamatória que destrói a camada de gordura que reveste os neurônios, chamada mielina. Uma das formas de fazer o diagnóstico é com a ressonância: ela detecta com muita precisão as lesões que acometem  o paciente, e que possibilitam explicar o desenvolvimento de sinais e sintomas, como a paralisia. O grupo de pesquisa da USP irá  sintetizar marcadores de neuroinflamação, que são uma novidade no Brasil, e checar se essas informações obtidas do cérebro se correlacionam com as lesões identificadas na ressonância magnética. O objetivo é detectar com maior precisão como estas lesões respondem ao tratamento e como o grau de inflamação se associa com o grau de desmielinização das placas identificadas no exame de ressonância magnética”, diz o médico.

Alzheimer

Um estudo aponta que em 2050 o valor gasto, em escala mundial, para o tratamento da doença pode ultrapassar a marca de 1 trilhão de dólares. Dr. Buchpiguel explica como se dará o estudo: “O Alzheimer é uma demência que ocorre usualmente na população acima de 60 anos de idade e é neurodegenerativa, sendo considerado até a presente data uma doença irreversível. Utilizando um marcador de assinatura patológica, por meio da PET/MR será possível identificar se o paciente já apresenta as alterações cerebrais que antes só poderiam ser visualizadas com uma biópsia do cérebro, tudo isso em um fase ainda bastante inicial da doença”. Além disso, ele gerará novas informações sobre a ligação entre cortes populacionais e abrirá oportunidades de desenvolvimento de novas drogas para tratar, retardar ou porque não, reverter a doença.

Câncer de reto

“Por meio da ressonância é possível observar que o paciente com Câncer de Reto tem um tumor já muito avançado localmente e que se infiltrou nos vasos localizados ao redor do reto. Esses pacientes têm mais propensão a ter metástase. E o PET não é utilizado como exame de rotina nesses pacientes no estadiamento pré-tratamento cirúrgico. Utilizando o PET/MR nossos pesquisadores irão testar se utilizando RM conjuntamente com a PET poder-se-á identificar com mais eficácia quais pacientes dever realizar o estadiamento primário com esse tipo de tecnologia e quais não devem realizar esse tipo de exame, considerando a prevalência de achados encontrados na investigação primária destes pacientes”, comenta o médico.

 

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/noticia/2016/05/o-futuro-da-batalha-contra-o-alzheimer-esclerose-multipla-e-cancer.html