O diálogo

Oi pessoal, tudo bem com vocês?
Sou Rafaella Rizzo, paciente da Abem, e estou estreando como nova escritora do blog.
Queria começar com tudo e confesso que levei um tempo para escolher um tema bem legal para escrever esse primeiro texto. Pensei em falar sobre algo voltado para saúde ou a esclerose, mas acho que todos nós estamos meio de saco cheio de só falar na doença, tratamentos, remédios, etc.

Sou jornalista e acredito que o melhor dessa oportunidade de falar com vocês é contar experiências, coisas vividas na pele, que podem acrescentar algo a vocês e a mim também. Então decidi falar sobre uma coisa  que todos nós  consideramos importante, mas, vamos ser sinceros, nem sempre aplicamos como deveríamos: o diálogo.

Muitas vezes subestimamos o valor de uma boa conversa. Muitos conflitos seriam evitados e resolvidos se as pessoas soubessem expressar suas ideias e ouvir a outra parte. Mas na hora do “pega pra capar” fazemos tudo errado: interrompemos, queremos ganhar no grito, em vez de ouvir e entender o que o outro quer dizer ficamos pensando numa boa resposta para ganhar a discussão. Aí nada se resolve, mais uma briga aconteceu, os corações estão magoados e cada um ainda pensa estar certo. Mas na verdade, ambos estão errados.

Vou contar um caso que aconteceu comigo. Certa vez tive um desentendimento com uma colega de trabalho. Eu sempre tive a sensação de que o nosso “santo não batia”, mas nunca havíamos trocado muitas ideias. Até que certo dia ela criticou algo que eu disse, eu não gostei da forma que ela falou comigo e começamos a discutir. Não foi uma briga, mas foi o suficiente para deixar um clima super chato na redação.

Isso aconteceu numa segunda (é a segunda-feira sendo segunda-feira) e eu fiquei mega chateada, pensando um monte de abobrinha, sobre ela, sobre mim, sobre o ocorrido…
Decidi falar com a minha chefe. Contei toda situação e ela me ouviu atentamente. Quando terminei ela simplesmente diz: “Rafa, vocês têm que se resolver. É uma questão pessoal, vocês precisam conversar e se acertar”.

Simples, né? Só que não!

Nessa hora o orgulho quer falar mais alto e, apesar de saber que esse era o certo a fazer, meu “eu” não queria aceitar. A terça-feira chegou e eu ainda estava brava. Preferi dar mais um tempo até os ânimos esfriarem (os meus, pelo menos). Só na quarta-feira é que decidi não esperar mais e resolver logo a situação.

Chamei a colega pra conversar. A única sala vaga era a da minha chefe. Nos sentamos e eu comecei o papo me desculpando pela forma que falei no outro dia. Também disse o que me chateou e a partir daí começamos a nos acertar. Falei com calma, mas sincera. Ouvi e entendi o que ela tinha a dizer. No fim, terminamos nos abraçando. Não somos melhores amigas, mas resolvemos o conflito de forma madura e eficiente.

Às vezes temos mais paciência para resolver problemas no emprego do que em casa, na família. Claro, em um podemos perder o ganha pão, mas no outro não damos tanta importância. É, os valores se inverteram.

É se levássemos esses passos simples para resolver as tensões nos nossos relacionamentos? É simples:

– Não tente resolver nada na hora da raiva. Nessa hora o ser humano tem dificuldade de usar a inteligência e só se guia pelos sentimentos. Espere os ânimos esfriarem;

– Manter a calma e um nível de voz equilibrado;

– Ouvir atentamente  (nada de interromper ou ficar pensando na melhor resposta só pra querer ter razão);

– Humildade para pedir desculpa primeiro (mesmo que você esteja certo (a)).

Acredito que esse possa ser um bom começo para lidar melhor com os conflitos e ser mais feliz. Afinal, isso é melhor do que “ter razão”.