A depressão é muito comum na EM?

A resposta a essa pergunta depende, em parte, do que você quer dizer com “depressão”. AS pessoas tendem a usar esse termo para descrever sentimos diferentes. Todo mundo se sente aborrecido, desmoralizado e na “fossa” de tempos em tempos. Quando nos sentimos assim, dizem que estamos “deprimidos”. Contudo, tecnicamente, estamos simplesmente passando por um aborrecimento psicológico generalizado, parte da vida.

Se esse estado de tristeza e aborrecimento generalizado for constante e continuar anos a fio, trata-se de disforia crônica (ou distúrbio distímico), e, provavelmente irá exigir tratamento profissional. Uma terceira forma de “depressão” é a tristeza real, que aparece como resultado da perda de alguém ou alguma coisa importante para nós. A EM pode acarretar perdas significativas na vida das pessoas, inclusive a perda de algumas capacidades, expectativa para o futuro e emprego. Como resultado, a maioria dos pacientes de EM passa por um processo de tristeza e luto, que pode repetir-se muitas vezes durante o curso da doença, quando ocorrem novas perdas.

A forma mais séria de depressão é o “episódio depressivo grave”, caracterizado por uma tristeza severa e incessante, acompanhada de uma variedade de outros sintomas, como a baixa autoestima, distúrbios de sono, alterações no apetite, sentimento de impotência e, algumas vezes, pensamentos suicidas. Algumas pessoas tem episódios depressivos graves recorrentes e outras parecem alternar episódios de depressão grave e períodos de bom humor pouco comuns ou de “alta” (episódios maníacos). A alternância de episódios de depressão e euforia é conhecida como “distúrbio afetivo bipolar”(anteriormente designada como maníaco-depressivo).

Há amplas provas de que as pessoas com EM têm maior risco de ter depressão, em todas as formas, do que a população em real. Estima-se que, em qualquer época, uma em sete pessoa com EM está sofrendo uma depressão grave.  Aproximadamente 50% delas  terá um episódio de depressão grave durante o curso da doença, enquanto a ocorrência na população geral é 5-15%. O distúrbio bipolar é menos comum do que a depressão grave isolada, ocorrendo em cerca de 15% das pessoas com EM.

Há grande controvérsia em relação à frequência estimada da depressão severa na EM. O diagnostico de depressão é altamente técnico requer a existência de um conjunto especifico de sintomas em um período de tempo igualmente especifico. Além disso, muitos dos sintomas da depressão podem ser facilmente confundidos com os sintomas e efeitos da EM. Por exemplo, os sintomas da depressão incluem fadiga, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e sensação de inutilidade. Esses sintomas são, muitas vezes, parte do quadro da EM também. Portanto, pode ser muito difícil diagnosticar um episodio de depressão grave em um portador de EM.

Tendo em mente os fatos acima, é importante lembrar que a EM é uma doença psicologicamente desafiadora, e seus pacientes correm risco maior de ter uma variedade de complicações emocionais do que a população geral. As pessoas que lidam com EM, tanto aquelas que a tem quanto as envolvidas com alguém que a tem, precisam estar alertas à necessidade potencial de ajuda, principalmente de ajuda profissional especializada.

Resposta retirada do livro “Perguntas e Respostas” – Rosalind C. Kalb