Contar ou não?

Minha leitura do editorial da Folha de São Paulo, de 15 de julho, intitulado “Tremores de Merkel” me inspirou a escrever algumas palavras. É fato que Angela Merkel , chanceler da Alemanha, tenha tremido na cerimônia de boas-vindas ao presidente da Ucrânia. Tremeu também em outras cerimônias oficiais e embora tenha repetido muitas vezes que não há motivo para preocupação, colocou uma “pulga atrás da orelha” do mundo.

Um ponto que me chamou a atenção foi a questão: há limite dos direitos à privacidade médica? Por sua posição política, a declaração de um diagnóstico é necessária ou faz parte de uma curiosidade mórbida geral ?

Fazendo uma analogia com quebradinhos em geral, portadores de qualquer doença, guardando as devidas proporções; acho que todos nós tivemos o dilema: contar ou não contar sobre a doença.

Contar nos dá algum suporte operacional e emocional, uma sensação esquisita de pertencimento a um grupo, “os quebradinhos”. Permite que obtenhamos ajuda: no oferecimento de um lugar para sentar, uma cadeira de rodas… Permite também que surja um sentimento de dó, pena,  em outrem, com  relação aos quebradinhos. Isso é ruim? Pode ser.  Surge também o preconceito de inaptidão e vulnerabilidade.

Somos vítimas? Acho que de nosso preconceito.

Contar ou não é uma decisão pessoal. É humana a sensação de pertencimento a um grupo de semelhantes, assim diz a história, somos mais fortes.

Podemos como eu disse sofrer preconceito, vale a pena lembrar, você tem que decidir entre pertencer ou alimentar um preconceito.E essa decisão não é preto no branco; matizes de cinza são a regra.

Você decide contar ou não.