Barulho e silêncio

Espero que você me apresente silêncio, de palavras não dormidas.

Posso escutar os suspiros do silêncio exasperado. O silêncio está tornando-se cada vez mais raro.

Há um incessante barulho de informações desencontradas…

Ahhh, esse barulho dos circuitos integrados de um celular, do computador , dos gritos das pessoas!

Estamos sucumbindo ao ruído de mensagens sem aviso: o mundo está em guerra, a violência assola a cidade maravilhosa e a não maravilhosa, o acidente choca, o fogo fere, desabriga.

Tudo ao mesmo tempo num turbilhão.

A seca que não dá frutos, a enchente que derruba, o ar seco e poluído que intoxica.

É um barulho terrível: das rodas de uma cadeira de rodas

Onde posso te encontrar  amigo silêncio?

A doença mata e contamina, o mundo complica-se e a música do silêncio; já não escuto mais.

Todas as vozes lamuriosas falam ao mesmo tempo: notícias antigas, notícias imediatas , notícias distantes e próximas.

Um amigo morreu, uma conhecida ganhou neném, faz tempo éramos nós e o silencio.

Transito, o sinal de mensagem no celular, o habito continuo de verificar.

O barulho está estampado no nosso interior, respira a vida apressada.

O barulho da vida corrida, da vida sem paz, sem medida.

O barulho de nossos passos na roda vida…

Quando a vida é só silencio inexato em nosso intimo, verdadeiro deserto solitário.

Há corridas por todo lado, mas o que permanece é a busca incansável ao silêncio.

Silencio- paz, profundo tic –tac do tempo