Carta – Fundadora da ABEM

“É para mim uma grande honra e enorme prazer prefaciar esta obra, pois falar de esclerose múltipla é falar da ABEM, é dizer do muito que Associação representa para todos nós, portadores da doença. Permito-me iniciar pelo fato circunstancial que foi determinante no surgimento da nossa entidade.

Em 1984, no Teatro Ruth Escobar, era encenada a peça “Dueto para um só”, de Tom Kempinki, por Martha Overbeck e Othon Bastos. A história, verídica, baseava-se justamente na vida de uma talentosa violoncelista, Jacqueline Du Pré, a qual, no auge de sua carreira, acometida pela doença, é obrigada a abdicar do que mais amava: a música e o seu violoncelo.

Foi quando se deu o “encontro das bengalas”! Após o espetáculo, um dos que andavam com “elas” aproximou-se de mim e após uma conversa, chegou-se à conclusão de que alguma coisa precisava ser feita. Os que usam bengalas ou cadeiras de roda precisam de qualidade de vida. Decidimos, então, Renato Basile e eu, funda a ABEM.

O que parecia apenas ser um singelo desejo momentâneo transformou-se em grata realidade. Nestes anos a ABEM alcançou, pelo esforço e denodo de muitos, as metas que de incio nos impusemos: o BEM do portador de esclerose múltipla.

Espero que o mesmo seja uma ferramenta apropriada para que todos nós, portadores, familiares, médicos, estudiosos, cientistas e a sociedade em geral, possam alcançar nosso desiderato maior, qual seja identificar as causas da esclerose múltipla, proporcionado aos portadores um alento e uma esperança mais forte”.

Ana Maria Almeida Amarante Levy, 1992