Superando a EM – Parte 2

O lado da esposa…

Conheci o Andi em 2006 na Austrália, onde tivemos um curto relacionamento, mas sempre mantivemos  contato. Retornei ao Brasil no final de 2007 e em 2009 recebi sua vista. Começamos a namorar à distância. Ele sempre vinha me visitar no Brasil. No final de 2010, estávamos com amigos na praia. Andi tinha bebido todas e não andava direito, achamos que era efeito do álcool. No dia seguinte caminhamos na praia e ele precisou de ajuda na volta, pois não sentia as pernas. Fiquei preocupada, mas ele havia me dito que estava fazendo exames e iria me falar só depois quando retornasse à Suiça. Logo depois veio o Carnaval e meus amigos foram viajar, mas preferi ficar em SP para acompanhar de longe e pela Internet, os exames que iriam ser feitos. Inclusive o exame do liquor.

Me lembro que não tinha a mínima idéia do que era esse exame e fiquei brava com ele, pois ele não se conectou logo depois do exame. Ele não podia se movimentar direito.

Em Março quando o Andi me contou sobre o diagnóstico pela internet, fiquei em choque, chorei sem saber o porque e depois comecei a procurar na internet o que realmente era a EM. Encontrei várias informações diferentes e ficava cada vez mais confusa. Até que achei a página da ABEM na internet e procurei por mais informações. Me lembro que nesta época, o Andi me perguntava: Você acha que eu sou considerado uma pessoa com deficiência física? Será que vou conseguir seguir com os planos que eu fiz pro meu futuro? Por que não consigo mais andar de snowboard? E toda vez que o respondia, ele ficava um pouco agressivo com as minhas respostas. Eu só respondia que tudo ia melhorar ou dar certo e que poderia ser pior. Mas não tinha a menor idéia do que ele estava sentindo. Ele me dizia que minhas respostas eram standard.

Com o tempo tudo foi realmente se ajustando e ele passou a ter uma atitude mais positiva. Em Londres, ele tentou esconder os sintomas para não estragar a viagem. E sempre que andávamos por muito tempo ele nunca queria desistir. Tivemos inúmeras conversas sinceras e discussões. Em uma delas entramos em acordo de que eu não iria mais tratá lo como uma pessoa doente, sempre perguntando se está tudo bem e em troca ele iria tentar obedecer seu corpo e limitações avisando quando deveríamos parar para descançar. Na realidade, quem pede parar parar sou eu, pois não tenho tanta energia como ele.

Acredito que a chave principal do nosso relacionamento é a sinceridade e o coração aberto para expressar as nossas emoções. Uma vez ele me disse que eu não tinha a mínima idéia de como ele se sente, mas ele também não tinha idéia de como eu me sentia sem saber o que ele sentia e não poder fazer nada. A EM não era uma doença que afetava exclusivamente ele, mas sim todos ao seu redor.

A ABEM me deu vários exemplos de força, alegria e sabedoria. Cada pessoa com quem eu convivi, me ensinou muito. E por tabela ajudou o Andi também, pois sempre falava de todos os exemplos de garra que eu conheci.

Hoje em dia, estamos casados e eu o admiro cada vez mais. Sua resistência fisica e psicológica melhoraram muito. Um cara incrível, sempre com atitude positiva e que eu tive a sorte e conhecer e de estar ao lado acompanhando todas as etapas da vida…Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza.