Superando a EM – Parte 1

Tudo começou na minha adolescência, quando tive problemas na visão (embaçamento em um dos olhos). Nesta época eu não dei muita atenção, em pouco tempo ela ficou normal e eu não tive mais nenhum problema até 2010.

Em Dezembro de 2010, na festa de confraternização de Natal da empresa onde trabalhava, minhas pernas deixaram de funcionar como deveriam. Não sabia se era por causa do vinho que bebi, mas perdi a sensibilidade e ao retornar para minha casa tive dificuldade em subir a escada, não conseguia mais andar direito. Caí e tive que engatinhar até o meu quarto.

No dia seguinte, eu me senti melhor, as pernas funcionaram melhor e a ressaca passou rápido. Por isso decidi jogar Squash com meu amigos. Infelizmente, depois de cinco minutos de esporte não consegui mais andar direito (de novo!). Procurei por aconselhamento médico. Fiz inúmeros exames e nada. Eu era realmente saudável, mas sabia que minhas pernas não estavam do jeito que deveriam ser. Fui encaminhado para um neurologista (que ainda é o meu). Ele fez tambem diversos exames incluindo um eletroencefalograma. Depois disso, fui informado sobre a possibilidade de ser EM, fizemos o exame de liquor para garantir as suspeitas. O resultado foi bem claro – eu tenho EM e tive um surto! E o pior, recebi esta informação um dia antes do meu 24° aniversário.

Nos dias seguintes eu refleti muito, passei muito tempo a pensar sobre o motivo pelo qual eu tenho essa doença e consequentemente minha autoestima despencou, minha autoconfiança estava afetando tambem o relacionamento com minha namorada. De qualquer jeito, comecei usar o Interferon Beta – três injeções por semana – e aprendi aceitar um pouco mais minha condição. Comecei a fazer mais esporte para perder peso e fortalecer os músculos.

No primeiro mês, o remédio era terrível. Eu tive dores de cabeça e náusea, mas com o tempo meu corpo se acostumou e tive cada vez menos problemas. O segundo surto veio mais ou menos um ano depois do primeiro, também em Dezembro durante minhas férias em Londres. Eu consegui enxergar menos e menos até quase ficar cego em um olho. Fiz tratamento com cortisona, que funcionou bem, mas me deixou bem elétrico. Mais um ano se passou até o terceiro surto. De novo, tive bastante problemas para andar – o que significou cortisona de novo!

Mesmo usando esse medicamento para tratar a EM, eu ainda tinha mais ou menos um surto por ano. Por isso meu neurologista sugeriu a mudança de medicamento para ver se a minha condição melhorava. Atualmente utilizo o Gylenia e desde então, estou há mais de 4 anos sem um outro surto. Sei que isso não é garantia de que os problemas acabaram, mas levo a minha vida desfrutando das pequenas coisas. Também procuro tentar chegar aos meus limites físicos no esporte. Vou a academia  três vezes por semana, faço musculação e condiionamento físico, além de jogar Squash, andar de Snowboard e tocar o saxofone que treina meus dedos.

Acredito que por causa da EM, nunca mais vou sentir minhas pernas e dedos da mão direita como antes, mas já aceitei esta condição e me acostumei. Sei que a EM faz parte da minha vida, mas que ela nunca irá me dominar. Eu sou mais forte.

 

 

Andreas Oetiker